Segundo a agência de notícias AFP, Dylan viajará para Estocolmo neste fim de semana e vai aproveitar a viagem para visitar a sede da Academia Sueca, que concede o prêmio. O artista tem três shows agendados na Suécia, dois deles em Estocolmo, nos dias 1º e 2 de abril, e outro em Lund, no dia 9 —
programados muito antes do anúncio de sua vitória
.
"A boa notícia é que a Academia Sueca e Bob Dylan decidiram se encontrar neste fim de semana", disse Sara Danius, secretária da organização. "A Academia vai entregar o certificado e a medalha do Nobel, e felicitá-lo pelo Prêmio Nobel de Literatura".
Após manter-se em silêncio sobre sua vitória, Dylan também decidiu não comparecer à cerimônia de entrega do Nobel, em 10 de dezembro de 2016, limitando-se a enviar uma pequena nota de agradecimento. O discurso chamado de "palestra Nobel" pode ser feito em qualquer formato, inclusive transmissão por vídeo ou mesmo uma canção.
Primeiro cantor e compositor a receber o prêmio,
Dylan só reagiu ao anúncio de sua vitória duas semanas depois
. O artista não apresentou explicações sobre sua ausência na cerimônia, mas enviou um discurso de agradecimento no qual dizia estar "honrado por receber um prêmio tão prestigioso".
Antes de Bob Dylan, outros premiados — como Doris Lessing, Harold Pinter ou Elfriede Jelinek — não compareceram a Estocolmo, mas realizaram a "conferência/palestra Nobel".
A canção que transformou o cantor folk Bob Dylan em um astro de rock. Mais que um sucesso pop, tornou-se o hino de uma geração que começava a se libertar das amarras da sociedade. Em 1995, 30 anos depois de ser lançada, foi gravada pelos Rolling Stones (que não têm nenhuma relação com a letra).
Tangled up in blue
Canção cubista que Dylan lançou no disco "Blood on the tracks", de 1975. O jornal "The Telegraph" a definiu certa vez como "a letra mais deslumbrante já escrita, uma narrativa abstrata de relacionamentos feita em uma mistura amorfa de primeira e terceira pessoa, juntando passado, presente e futuro".
Jokerman
De volta ao mundo secular depois de uma conversão ao Cristianismo, Bob Dylan gravou em 1983 o álbum "Infidels", com produção de Mark Knopfler, discípulo seu e guitarrista dos Dire Straits. "Jokerman" é uma das grandes canções políticas de Dylan, mirando os populistas que engambelam a população.
Love sick
Música do disco "Time out of mind" (1997), considerado a volta de Bob Dylan aos bons tempos depois de uma conturbada década de 80, "Love sick" foi escolhida pelo artista como o número a ser apresentado na festa de Grammy de 1998. Um pedaço sombrio da personalidade de Dylan, então já bem na entrada dos tempos da velhice.
Mississippi
Canção que Bob Dylan fez nas sessões de "Time out of mind", mas só gravou depois, em 2001, no disco "Love and theft". A revista "Rolling Stone" a elegeu a 17ª melhor música da década e a descreveu como "uma canção de amor que parece resumir toda a carreira de Dylan, e um clássico que está pau a pau com 'Tangled up in blue'".
Tá certo que, nos anos 2010, Bob Dylan lançou apenas um álbum de inéditas, "Tempest", em 2012. Mas esse aceno ao saudosismo (fala de um velho serviço de trens), meio rockabilly, que abriu os trabalhos do disco tem lá seu valor. "Ouça o apito do Duquesne / soando como se fosse varrer o meu mundo pra longe", canta ele.