A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) suspendeu o calendário letivo do 2º semestre de 2015 para os alunos da graduação, presencial e a distância. A decisão foi tomada durante reunião do Conselho Superior da instituição na tarde desta terça-feira (28), no Museu de Artes Murilo Mendes (Mamm). Cerca de 17 mil alunos estão na graduação atualmente, segundo a universidade.
Em nota oficial divulgada nesta noite, a UFJF informou que a suspensão atinge todos os campi de Juiz de Fora e de Governador Valadares. E entre os motivos da atitude estão o corte orçamentário e a greve dos funcionários técnico-administrativos da instituição.
As aulas estavam previstas para começar na próxima segunda-feira (3) e apenas os alunos da pós-graduação e do Colégio de Aplicação João XXIII não serão afetados pela suspensão.
O grupo que estava reunido é composto pelo reitor, vice-reitor, pró-reitores, todos os diretores das Unidades Acadêmicas e representantes dos alunos, dos professores e dos servidores técnico-administrativos. Os mesmos já tinham conversado na tarde da última segunda-feira (27), em reunião que ultrapassou o tempo limite previsto pelo regimento e precisou continuar nesta terça-feira.
De acordo com o diretor de Comunicação da UFJF, Rodrigo Barbosa, o corte no orçamento para o 2º semestre da universidade e a greve dos funcionários técnico-administrativos, que já dura 61 dias, foram os principais fatores para a tomada de decisão.
“O Conselho decidiu pela suspensão do calendário, adiando o início das aulas que estavam previstas para o próximo dia 3 de agosto. A decisão foi tomada em função de alguns fatores, como a greve dos servidores técnico-administrativos da UFJF. Não tem sido possível fazer a matrícula dos calouros. Fizemos um registro de matrículas online, mas para efetivar eles precisam ir até a universidade e levar os documentos que comprovam escolaridade, cotas. Não teria como fazer um calendário sem isso. Também foi analisado o calendário orçamentário. O reitor disse que está esse assunto ainda está em análise”, explicou.
(Foto: Stefânia Sangi/ Divulgação)
Discussões orçamentárias
O reitor da UFJF, Júlio Chebli, afirmou que as questões orçamentárias também estão em discussão.
“Nós sabemos que houve um grande corte em todas as universidades e a UFJF não está fora disso. É o momento de buscarmos os recursos que a universidade precisa para manter as atividades normalmente. E obviamente, se não houver uma suplementação de verba na universidade, não teríamos como terminar o ano se começássemos agora”, comentou.
Chebli ainda disse que está discutindo com o Ministério da Educação (MEC) a necessidade de verbas para a UFJF. “Todos os reitores estão em negociação permanente com o MEC, levando as demandas reais, com números reais, tabelas reais, mostrando a grande expansão que as diversas universidades tiveram nos últimos anos e que o custeio aumentou muito. Por isso, existe essa necessidade de suplementação”, finalizou.
Próximos passos
A partir de agora acontecerão reuniões periódicas para avaliações desse cenário. "Havendo uma resolução as aulas podem começar a qualquer momento. Precisamos apenas do prazo para convocar os novos alunos e montarmos um semestre desperiodizado”, reforçou o diretor de Comunicação da UFJF.
A próxima reunião do Conselho Universitário será no dia 17 de agosto.
Greve dos técnico-administrativos
A greve dos servidores da UFJF completou dois meses nesta terça-feira (28). Serviços na biblioteca, restaurante, transporte e laboratórios de pesquisa estão paralisados durante todo este período.
No campus, apenas serviços administrativos da reitoria, como o de pagamentos funciona. O Restaurante Universitário que fica no Centro e o Mamm continuam fechados.
O G1 procurou o coordenador dos técnicos-administrativos para falar sobre o assunto. Por telefone ele informou que haverá uma nova assembleia nesta quarta-feira. “Nós vamos nos reunir no pátio do Mamm a partir das 9h, mas já temos nossa posição. A greve não vai parar agora. O governo ainda está intransigente conosco e não aceitou a nossa proposta. Nós não concordamos com ao reajuste que eles ofereceram e estamos aguardando uma contraproposta deles”, disse Paulo Dimas, do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino de Juiz de Fora (Sintufejuf).