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Contas externas têm rombo de US$ 7,9 bi em setembro, quase o triplo de 2013

Do UOL, em São Paulo

24/10/2014 11h04Atualizada em 24/10/2014 12h18

A diferença entre as transações do Brasil com outro países países ficou negativa em US$ 7,907 bilhões em setembro, de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (27). A diferença, que inclui tanto produtos quanto serviços, é chamada de conta de transações correntes. 

É o pior resultado para setembro desde 1980, quando o BC começou a reunir os dados com a atual metodologia.

O rombo é quase três vezes maior que o registrado em setembro do ano passado (US$ 2,7 bilhões) e superou o déficit previsto pelo próprio BC, que era de US$ 6,7 bilhões.

De janeiro a setembro, o saldo negativo soma US$ 62,730 bilhões, em comparação aos US$ 60,2 bilhões no mesmo período de 2013.

No acumulado em 12 meses encerrados em setembro, o resultado negativo ficou em US$ 83,6 bilhões, equivalente a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para o ano, a previsão é de conta negativa em US$ 80 bilhões, ou 3,52% do PIB. Em 2013, a conta foi deficitária em US$ 81,2 bilhões, ou 3,66% do PIB, pior resultado desde 2001.

Balanço de pagamentos como um todo está positivo

Esses resultados negativos foram registrados só numa das facetas do chamado balanço de pagamentos (as transações correntes). Se forem considerados todos os demais itens, o resultado ficou positivo em US$ 339 milhões em setembro.

Um ano antes, houve superávit de US$ 2,313 bilhões. Em 2014, o superavit é de US$ 19,988 bilhões. Em 2013, o balanço de pagamentos fechou deficitário em US$ 5,926 bilhões.

Entre os itens que fazem o balanço ficar no azul, estão os investimentos estrangeiros -em empresas ou em em aplicações financeiras.

Dinheiro do exterior

Quando o país tem déficit em conta-corrente (gasta além de sua renda), é preciso financiar o resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior.

O investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiamento, por ser de longo prazo. Existem, porém, outras formas de financiamento, como os empréstimos e os investimentos estrangeiros em ações e em títulos de renda fixa.

No mês passado, o IED chegou a US$ 4,2 bilhões e a US$ 46,2 bilhões em nove meses, contra US$ 4,7 bilhões e US$ 43,7 bilhões, em iguais períodos do ano passado, respectivamente.

Os investimentos em carteira (ações e títulos de renda fixa) somaram US$ 5,2 bilhões, no mês passado, e US$ 34,6 bilhões, nos nove meses do ano, ante US$ 6,9 bilhões e US$ 28,9 bilhões registrados em iguais períodos de 2013.

Balanço de pagamentos é diferente de balança comercial

O balanço de pagamentos não pode ser confundido com a balança comercial. O balanço inclui todas as transações do Brasil com o exterior, comerciais, de serviços ou financeiras. Ele se divide em duas partes: transações correntes e conta de capital.

As transações correntes incluem a balança comercial (exportações e importações), a balança de serviços (juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais etc), e as transferências unilaterais (dinheiro mandado por brasileiros de fora do país, por exemplo).

A conta de capital e financeira é formada por aplicações em Bolsa, investimentos estrangeiros diretos (a criação ou ampliação de uma fábrica, por exemplo) e empréstimos concedidos ao Brasil.

O resultado entre as transações correntes e a conta de capital é que mostra se o balanço de pagamentos está positivo ou negativo. Com resultado positivo, as reservas internacionais do país crescem (quantidade de dólares em poder do governo).

(Com Agência Brasil, Reuters e Valor)