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Especulação sobre pesquisa faz Bolsa ter maior alta em um mês

Petrobras avança mais de 5% e Ibovespa volta a superar os 57 mil pontos; dólar caiu 0,57%, cotado a R$ 2,4160

SÃO PAULO - A Bolsa brasileira subiu forte com as especulações de que uma nova pesquisa eleitoral irá mostrar o aumento da vantagem da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva. As ações da Petrobras, que subiram mais de 5%, e o setor bancário foram os principais responsáveis por esse movimento. O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa local, voltou aos 57 mil pontos ao terminar o pregão aos 57.212 pontos, alta de 2,23%, a maior desde o dia 25 de agosto. Na semana, no entando, o indicador acumula queda de 1%. Já o dólar comercial tem queda de 0,57%, a R$ 2,4160, mas alta de 1,8% no acumulado da semana.

Além da pesquisa, ganhou força na hora final do pregão, quando a Bolsa já apresentava forte alta, um rumor de que a revista “Veja” mostraria no final de semana uma reportagem com denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras.

O estrategista-chefe do banco Mizuho Bank, Luciano Rostagno, explicou que esse movimento está fortemente atrelado às expectativas em relação ao cenário político.

— A Bolsa está oscilando bastante nas últimas semanas basicamente só em virtude das pesquisas eleitorais. Isso é facilmente percebido quando se olha as estatais, que têm seus preços diretamente afetados por esse movimento — disse.

Segundo Adriano Moreno, estrategista da Futura Invest, circula entre as mesas de operação das corretores especulações sobre a pesquisa Datafolha que será divulgada à noite e que podem mostrar a candidata do PSB com vantagem em relação à presidente Dilma Rousseff (PT) nas simulações de voto para o segundo turno das eleições presidenciais.

Em geral, quando há avanço dos candidatos de oposição, a Bolsa tende a subir, já que boa parte dos agentes do mercado financeiro acreditam que uma mudança de governo favoreceria a tomada de medidas que estimulem o crescimento da economia.

— Todo mundo está aguardando a pesquisa Datafolha. Se os rumores se confirmarem, a Bolsa deve entrar em uma nova tendência de alta. Do contrário, deve ter um movimento de correção, para colocar na conta uma probabilidade maior de reeleição da presidente Dilma — afirmou.

Como tem ocorrido em outros momentos em que o cenário eleitoral prevalece, as ações determinantes para a alta do Ibovespa foram aquelas do “kit eleições” (bancos e estatais). Os papéis do BB registraram alta de 3,14%. Já o Itaú, ação com maior peso individual na composição do Ibovespa, teve alta de 4,20% e o Bradesco subiu 4,40%, apesar dos dados do Banco Central sobre crédito terem mostrado uma desaceleração em agosto . As ações da Petrobras também registraram forte alta. As preferenciais (sem direito a voto) da estatal tiveram alta de 5,54% e as ordinárias (sem direito a voto) avançaram 5,31%, as maiores altas do pregão. Já no caso da Eletrobras, os papéis ordinários registraram avanço de 4,11% e os preferenciais tiveram alta de 1,44%. Já a maior queda foi registrada pelas ações preferenciais da Usiminas, com recuo de 5,82%, após mudanças na direção da empresa .

Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, do ponto de vista gráfico, a tendência para a Bolsa ainda é de alta. Segundo ele, por diversas vezes a Bolsa caiu e, quando ficou próxima aos 56 mil pontos, voltou a subir. O setor externo também colabora para o movimento de compras.

— Ainda temos os dados do PIB nos Estados Unidos, a revisão veio dentro do esperado, de um crescimento de 4,6% no segundo trimestre, e isso é favorável para a Bolsa. No curto prazo não deve ter aumento dos juros americanos, o que é positivo para a evolução das bolsas em países emergentes — explicou.

No exterior, a tendência é de alta. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 0,20%. Já o CAC 40, da Bolsa de Paris, subiu 0,98%, e o FTSE 100, de Londres, fechou em alta de 0,13%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 1,02% e o Nasdaq, 0,97%.

CÂMBIO EM ALTA

O cenário externo passou a pesar menos e o dólar comercial fechou em queda. A moeda americana fechou em queda de 0,57% diante o real, cotado a R$ 2,4140 na compra e a R$ 2,4160 na venda - na máxima, chegou a R$ 2,4450. A reversão teve início ao final da manhã, após o Banco Central (BC) concluir a rolagem de 15 mil contratos de swap (que equivalem a uma venda de moeda) que vencem em outubro. Até a terça-feira, a rolagem era de apenas 6 mil contratos, mas a autoridade elevou para 15 mil na tentativa de frear a alta da cotação do dólar.

Em relação ao movimento no mercado de câmbio, os especialistas dizem que, embora o cenário político tenha o seu peso, o ambiente internacional também conta muito. Por essa razão, Rostagno, do Mizuho Bank, explica que a tendência é de alta para o dólar, mesmo que pontualmente possa ocorrer uma apreciação do real. Essa tendência é justificada pela expectativa em relação ao aumento de juros nos Estados Unidos.

— A tendência primária para o dólar é de alta .O dólar depende mais do cenário externo, embora as pesquisas amplificar o movimento, seja para cima ou para baixo - afirmou.

Na avaliação de Guilherme França Esquelbek, economista da Correparti Corretora de Câmbio, o real se descolou das demais moedas nesta sexta-feira. Segundo dados compilados pela Bloomberg, em uma cesta das 16 moedas consideradas mais importantes, como euro e libra, o real é a única que se aprecia diante o dólar nesta sexta-feira. "As especulações sobre o cenário eleitoral seguem a todo vapor e hoje tem o resultado da pesquisa Datafolha, o que aumenta a volatilidade no mercado doméstico de câmbio", afirmou, em relatório, explicando que a depender das repercussões sobre o PIB e sem novas intervenções do Banco Central, o dólar pode atingir R$ 2,45.