Brasileiros conheceram a fundo a produção de cana-de-açúcar na Austrália
25-10-2016

Em setembro, um grupo de brasileiros fez uma viagem técnica à Austrália para conhecer um pouco do setor sucroenergético do país. Sob a orientação do engenheiro agrônomo José Renato Donadon, o grupo foi ao estado de Queensland, onde se encontra a maior área de produção canavieira australiana, que é dividida em quatro regiões produtoras.

A região do Norte ou Herbert produz uma média de 11 milhões de toneladas. Logo abaixo se encontram as regiões de Burdekin, com média de 8 milhões de toneladas, região Central, com 9 milhões de toneladas, e região Sul do estado, com 4 milhões. A produção total de Queensland está por volta de 32 milhões de toneladas.

O estado de New South Wales apresenta um a pequena produção de cana - por volta de 3 milhões de toneladas. A safra 2016 na região de Burdekin deve terminar em dezembro se as condições do clima não mudarem devido à chuva, que pode afetar a colheita local.

Segundo o agricultor Robert Strano – que recepcionou e acompanhou o grupo de brasileiros -, no ano de 2010, por exemplo, devido à alta intensidade de chuvas, a produção de açúcar foi afetada acentuadamente. “Mas também os produtores deixaram de colher, repassando mais de 30% da área de cana para o ano seguinte”, disse.

Donadon explica que a área total de cana na Austrália é de 370 mil hectares, sendo a produção total das regiões produtoras de cana por volta de 35 milhões de toneladas. Estão cadastrados 4.000 fornecedores de cana para as 24 usinas instaladas no país, que formam 8 empresas fabricantes de açúcar e etanol para fins industriais.

O valor aproximado gerado pela exportação da produção é de 1,5 bilhões de dólares. Inclusive, o grupo de brasileiros visitou o porto de MACkay, segundo maior para exportação de açúcar da Austrália, com capacidade de movimentação na casa de 1 milhão de toneladas de açúcar bruto.

O porto também recebe o melaço das usinas, que é exportado para Malásia, onde é usado para trato dos animais (confinamento de gado). O preço do melaço para o mercado interno está por volta de US$ 120 australianos por tonelada. O carregamento de açúcar por hora nos navios é de aproximadamente 2.000 toneladas, com o sistema automático que leva o produto por esteira. Apenas 23 funcionários trabalham no porto, porque suas operações são automatizadas.

FAMÍLIA STRANO
A família de Robert Strano começou em cana-de-açúcar em 1927, por meio de seu avô Rosário Strano. Hoje Robert é a terceira geração de fornecedores de cana na região Burdekin. A primeira colheita foi em 1928, com a produção de 300 toneladas em área total de 10 hectares, que foram abertos pela família.

Donadon relata que, com o passar dos anos, eles conseguiram a produção total de 2.500 toneladas em 40 hectares. Nesta época somente trabalhava seu avô, Rosario Strano, um imigrante da Sicília, Itália. Mais tarde, seu filho, Concetto Strano, ajudou seu pai a melhorar as condições de produção da fazenda. Deixaram de utilizar a tração animal e introduziram equipamentos agrícolas com maior tecnologia, como tratores agrícolas, infraestrutura para irrigação e práticas de controle de plantas invasoras, chegando a mais de 3.200 toneladas nos mesmos 40 hectares.

O tempo passou, novos investimentos ocorreram. Atualmente são cultivados pela família Strano 300 hectares de cana-de-açúcar, com a previsão de 50.000 toneladas produzidas na propriedade. As áreas de produção de cana são 100% irrigadas através da água retirada de poços perfurados nos talhões ou através dos canais de irrigação. A profundidade dos poços está em torno de 7 a 10 metros e apenas é necessário solicitar a licença de uso da água no distrito local para utilizar. O custo é pago anualmente pela licença de uso e todo o custo de implantação dos postos é do próprio fazendeiro.

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