sábado, 27 de abril de 2024
Publicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
Educação

sexta-feira, 20 de março de 2015

Cresce participação de jovens na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia

Número de projetos científicos elaborados por jovens talentos selecionados saltou de 93, em 2003, para 332 em 2015

Apesar da baixa qualidade da educação brasileira, é cada vez maior a participação de jovens nas áreas de ciências. A avaliação é de Roseli de Deus Lopes, organizadora da 13ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizado nesta semana – de 17 a 20 de março – nas dependências da Universidade de São Paulo (USP), onde é apresentada a mostra final de projetos científicos desenvolvidos por jovens talentos.

Destinado a estudantes do 8° ou 9° ano dos ensinos fundamental, médio ou técnico, o evento é realizado anualmente pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP (EPUSP).

Na visão de Roseli, pesquisadora de tecnologias aplicadas à educação do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da EPUSP, a Febrace é um termômetro que avalia o interesse de jovens pelas áreas das ciências e o andamento “na ponta” da educação básica do Brasil. É também, segundo observa, um indutor do interesse de alunos e de professores pela ciência, diante da visibilidade alcançada pelos trabalhados científicos apresentados pelos participantes.

Destacando o avanço de jovens estudantes nas atividades da Febrace, Roseli disse que na primeira edição do evento, em 2003, foram selecionados 93 projetos científicos de estudantes pertencentes a 13 unidades da Federação. O número dobrou em uma década, praticamente.

Na edição de 2015 foram selecionados 332 projetos científicos desenvolvidos por estudantes de 26 Unidades Federativas. Ou seja, quase todos os Estados passaram a ser representados na Febrace, embora em algumas regiões, como Rondônia, a participação de alunos ainda é pequena, conforme observou Roseli, também secretária regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em São Paulo. Para cada Estado há um limite de participação de alunos.

Segundo a pesquisadora, os projetos científicos podem ser desenvolvidos individualmente ou em grupos de até três estudantes, no máximo, sob a orientação de um professor maior de 21 anos.

Conforme dados da Febrace, os alunos com os melhores trabalhos ganham troféus, medalhas, bolsas e estágios. No total, são 200 prêmios, aproximadamente. T

ambém concorrem a uma das nove vagas para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel ISEF), a se realizar em maio, na cidade de Pittsburgh (EUA).

Impacto na ponta

Na avaliação de Roseli, a ideia da feira é melhorar a educação “na ponta”. “A feira acaba sendo um termômetro para saber o que acontece em sala de aula”, opina.
De acordo com a pesquisadora, a Febrace conseguiu colocar em algumas escolas a cultura da produção da pesquisa científica. Ela também nota melhora considerável nos textos e na apresentação oral dos alunos.

“O aluno é provocado a escrever suas ideias, porque precisa encaminhar um relatório de seu trabalho para avaliação”, disse.

Na visão de Roseli, alguns dos alunos da educação básica estão mais preparados, diante das exigências. Aliás, disse, algumas escolas começaram a adotar, como atividade em sala de aula, a comunicação oral para apresentação em feiras.

Roseli chamou a atenção para qualidade de alguns projetos científicos selecionados e disse que os autores são pequenos cientistas. Alguns dos projetos, por exemplo, propõem soluções para melhorar aproveitamento de recursos naturais, como água e energia.

Áreas do conhecimento

A coordenadora da 13ª Febrace vê, ainda, interesse dos alunos por todas as áreas do conhecimento. Roseli aproveitou para informar que algumas das propostas da Febrace são difundir a palavra engenharia no repertório dos alunos, ainda, na educação básica e mostrar a diferença entre pesquisa científica e tecnológica.

Para atrair mais o interesse de alunos pelas áreas da ciência foi criada uma rede de feiras que podem ser realizadas em escolas, em municípios e em Estados. Hoje a Febrace possui 100 feiras afiliadas, pelas quais alunos podem conseguir credenciais ou patrocínios para participar da seleção final dos projetos científicos em São Paulo, tradicionalmente realizada no mês de março.

Curso online

Segundo Roseli, o curso online chamado APICE – plataforma de aprendizagem interativa em ciências e engenharia – é uma importante ferramenta para orientar os alunos no desenvolvimento de projetos de iniciação científica. “O curso mostra o que é preciso fazer para realizar uma pesquisa científica ou tecnológica”, exemplifica.

Por enquanto, existem duas opções na plataforma online. Uma ensina como fazer a metodologia da pesquisa e orienta em projetos de iniciação científica. A outra ensina a organizar e realizar feiras de ciências e engenharia.

Na prática, são cursos que se destinam a gestores, professores e estudantes do ensino fundamental, médio e técnico interessados em ciências. Os conteúdos e materiais didáticos são gratuitos e disponíveis pela Internet, conforme informações da Febrace – com o apoio institucional do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da Educação (MEC), CNPq, CAPES e UNESCO, e o patrocínio da Intel do Brasil, Instituto Votorantim e Petrobras.

Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência