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Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2015 consagra 'O lobo atrás da porta'

Drama de Fernando Coimbra levou sete troféus, incluindo o de melhor longa de ficção
Leandra Leal em cena de 'O lobo atrás da porta' Foto: Divulgação
Leandra Leal em cena de 'O lobo atrás da porta' Foto: Divulgação

RIO — Confirmando o favoritismo, "O lobo atrás da porta" foi o grande vencedor da 14ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na noite desta terça-feira. O premiado drama de Fernando Coimbra, sobre a investigação do desaparecimento de uma criança a partir dos depoimentos de três personagens centrais, deixou o palco do Cine Odeon com sete dos 12 troféus a que havia sido indicado: os de longa-metragem de ficção, direção, atriz (Leandra Leal), atriz coadjuvante (Thalita Carauta), roteiro original, fotografia e montagem.

— O primeiro ato de um diretor é escolher o elenco e a equipe, e eu fui muito feliz nessas escolhas — comemorou Coimbra, que recentemente dirigiu um dos episódios da série "Narcos", da Netflix.

— Fazer esse filme foi um presente. Viva o cinema independente, e que os editais sejam mais justos para que cada vez mais os atores possam trabalhar — vibrou Thalita Carauta, num dos raros discursos com tom político.

Uma das maiores surpresas da noite aconteceu na categoria de melhor ator, em que um empate fez reunir no palco Getúlio Vargas e Tim Maia. Babu Santana, que vive o Síndico no filme de Mauro Lima, parecia mais emocionado em dividir o momento com Tony Ramos do que com o prêmio em si.

— Quando comecei a fazer teatro, jamais imaginaria estar ao lado dele — disse, sendo bastante aplaudido.

A cinebiografia musical ainda levou o troféu Grande Otelo (este ano com um novo design, projetado por Ziraldo) de trilha sonora e de som, enquanto "Getúlio", campeão de indicações (eram 14, no total), acabou sendo mais reconhecido pela parte técnica, conquistando os prêmios de direção de arte e maquiagem.

"FINAL FELIZ"

Um dos discursos mais ovacionados da noite veio de Daniel Ribeiro, diretor de "Hoje eu quero voltar sozinho", premiado como melhor longa de ficção por votação popular:

— O filme conta a história de um casal gay com um final feliz. Costumo dizer que ele foi feito para o meu "eu" de 16 anos, quando eu desejava dias melhores. Portanto, ganhar um prêmio do público me deixa muito feliz. Muitas pessoas dizem que o filme lhes deu esperança. Concluímos, aqui, nosso objetivo de dizer aos jovens que estão se descobrindo que tudo pode dar certo.

"Brincante", de Walter Carvalho, foi considerado o melhor longa documentário. Carvalho aproveitou o espaço para pedir uma salva de palmas ao diretor de som Walter Goulart, morto no último domingo.

O grande homenageado do "Oscar brasileiro", no entanto, foi o cineasta Roberto Farias, hoje também presidente da Academia Brasileira de Cinema. Durante as quase duas horas de cerimônia, a entrega dos prêmios foi intercalada por encenações dos apresentadores Miguel Thiré, Saulo Rodrigues, Cristina Lago e o sobrinho de Roberto, Marcelo Faria. Os quatro atores interagiram com cenas da filmografia do diretor, que, ao final, foi chamado ao palco pelo sobrinho e pelo irmão, Reginaldo Faria.

— Quando eu era criança e não podia ir ao cinema, minha mãe assista aos filmes e depois os descrevia para mim. Quando cresci, passou a ser o contrário. Eu tinha que descrever take por take. Essa foi a minha primeira lição de cinema — disse o diretor de "O assalto ao trem pagador” (1962).

VEJA A LISTA DOS VENCEDORES

Melhor longa-metragem de ficção: "O lobo atrás da porta"

Melhor ator: Tony Ramos, por "Getúlio", e Babu Santana, por "Tim Maia" (empate)

Melhor atriz: Leandra Leal, por "O lobo atrás da porta"

Melhor ator coadjuvante: Jesuíta Barbosa, por "Praia do futuro"

Melhor atriz coadjuvante: Thalita Carauta, por "O lobo atrás da porta"

Melhor direção: Fernando Coimbra por, "O lobo atrás da porta"

Melhor roteiro original: Fernando Coimbra, por "O lobo atrás da porta"

Melhor roteiro adaptado: Jorge Furtado e Pedro Furtado, por "Boa sorte"

Melhor longa-metragem animação: "O menino e o mundo", de Alê Abreu

Melhor longa-metragem infantil: "O menino e o mundo", de Alê Abreu

Melhor longa-metragem documentário: Brincante", de Walter Carvalho

Melhor longa-metragem comédia: "Os homens são de Marte... é pra lá que eu vou"

Melhor direção de fotografia: Lula Carvalho, por "O lobo atrás da porta"

Melhor montagem documentário: Pedro Bronz, por "A Farra do Circo"

Melhor montagem ficção: Karen Akerman, por "O lobo atrás da porta"

Melhor trilha sonora: Berna Ceppas e Mauro Lima, por "Tim Maia"

Melhor trilha sonora original: André Abujamra, por "Trinta"

Melhor direção de arte: Tiago Marques, por "Getúlio"

Melhor efeito visual: Adam Rowland, por "Trash – a esperança vem do lixo"

Melhor som: George Saldanha, François Wolf e Armando Torres Jr por "Tim Maia"

Melhor figurino: Kika Lopes, por "Trinta"

Melhor maquiagem: Martín Macias Trujillo, por "Getúlio"

Melhor curta-metragem animação: "A pequena vendedora de fósforo", de Kyoko Yamashita

Melhor curta-metragem documentário: "Efeito Casimiro", de Clarice Saliby

Melhor curta-metragem ficção: "O caminhão do meu pai", de Maurício Osaki

Melhor longa-metragem estrangeiro: "Relatos selvagens"

Voto popular para longa-metragem estrangeiro: "Boyhood - Da infância à juventude"

Voto popular para longa-metragem de documentário: "Dominguinhos"

Voto popular para longa-metragem de ficção: "Hoje eu quero voltar sozinho"