25/08/2016 11h26 - Atualizado em 25/08/2016 14h50

Bate-boca entre senadores faz Lewandowski interromper julgamento

Gleisi disse que metade do Senado ‘não tem moral’ para julgar petista.
Manifestação da parlamentar irritou senadores favoráveis ao impeachment.

Gustavo Garcia e Laís LisDo G1, em Brasília

Senadores se desentenderam e bateram boca no final da manhã desta quinta-feira (25), no primeiro dia de julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff no processo de impeachment, após a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmar que "metade do Senado" não tem moral para julgar a petista (assista ao vídeo acima).

Senadores favoráveis ao impeachment se irritaram com a declaração de Gleisi e teve início um bate-boca generalizado fora dos microfones da sessão.

bate boca senado gleisi (Foto: Agência Senado)
bate-boca caiado (Foto: Agência Senado)
bate-boca Lindberg (Foto: Agência Senado)
bate-boca caiado lindberg (Foto: Reprodução/TV Senado)

O primeiro a responder à declaração de Gleisi foi o líder do DEM, Ronaldo Caiado. Em tom irônico, o parlamentar goiano interrompou a senadora petista e afirmou que ele e os outros parlamentares da Casa não eram “assaltantes de aposentados”, referindo-se à prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido de Gleisi, que foi preso sob acusação de envolvimento em um esquema de corrupção que teria desviado R$ 100 milhões dos funcionários públicos federais que fizeram empréstimo consignados.

 

Gleisi, então, também alfinetou o líder do DEM. "É [assaltante] de trabalhador escravo", rebateu a petista, fazendo referência ao fato de Caiado ser produtor rural em Goiás.

Um dos mais combativos aliados de Dilma, Lindbergh Farias entrou na discussão e acusou Caiado de ter ligação com o contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.

Acusado de comandar uma quadrilha que explora jogos de azar em Goiás, Cachoeira foi preso em junho pela Operação Saqueador, da Polícia Federal (PF), sob suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos.

“Sua ligação é com o Carlinhos Cachoeira”, gritou Lindbergh, no momento em que o senador do DEM ironizava o marido de Gleisi.

“Demóstenes [Torres, senador cassado por suspeita de envolvimento com Carlinhos Cachoeira] sabe da sua vida”, continuou o senador petista.

"Tem que fazer antidoping. Fica aqui cheirando, não", provocou Caiado.

Integrante da bancada do PT, a senadora Fátima Bezerra (RN) também entrou no bate-boca e afirmou que líder do DEM não podia “falar mal do PT”.

Para conter os senadores, o presidente do Supremo decidiu interromper a sessão por cerca de cinco minutos.

Quando a sessão foi retomada, Gleisi concluiu sua fala e ressaltou que, na opinião dela, os senadores não tinham moral para julgar a presidente afastada.

 

Sessão
A sessão do julgamento final de Dilma Rousseff começou às 9h32 desta quinta-feira, com atraso de 32 minutos com relação ao que estava previsto.

SAIBA COMO SERÁ CADA ETAPA DO JULGAMENTO DE DILMA

No início. Lewandowski fez uma leitura sobre o papel de juízes que os senadores deverão desempenhar e listou as regras da sessão.

Em seguida, Lewandowski abriu espaço para as chamadas "questões de ordem" – questionamentos de senadores sobre procedimentos do julgamento e etapas do processo. As discussões em torno das questões de ordem devem ocupar as primeiras horas da sessão e fazem parte da estratégia dos aliados da presidente afastada de alongar os trabalhos.

Uma das questões de ordem, apresentada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), olicitando a suspensão do processo com o argumento de que as contas de 2015 do governo Dilma – que embasam a denúncia – ainda não foram analisadas pelo Congresso Nacional.

Lewandowski negou, após uma longa discussão no plenário, o pedido de Grazziotin. O magistrado já havia rejeitado questionamento semelhante de aliados de Dilma em fases anteriores do processo.

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