JÔ E A OPORTUNIDADE PERDIDA
(*) Humberto Gouvêa Figueiredo (Coronel Figueiredo)
O último domingo, dia 17/9, poderia ter sido um dia histórico para o futebol brasileiro, para o esporte no Brasil e, porque não dizer, para o próprio País.
O time que lidera o campeonato, mas que no segundo turno não repete o mesmo desempenho, o Esporte Clube Corinthians Paulista, mais uma vez não fazia uma boa partida e apenas empatava com o clube carioca do Vasco da Gama, jogando em casa, no Estádio sobre o qual recai fortes indícios de superfaturamento e de corrupção para a sua construção.
O jogo seguia morno, quando no segundo tempo, num lance de contra ataque corinthiano, um cruzamento é realizado ao principal atacante do time, o centroavante Jô, que se joga ao encontro da bola e, com o braço direito a empurra para dentro do gol.
O lance ilegal não foi apontado nem pelo Juiz principal da partida, nem pelo quarto árbitro que estava a cerca de 3 metros do lance e muito menos pelo "bandeirinha" que acompanhava a jogada na lateral do campo.
Também não o foi pelo autor do lance irregular: Jô preferiu o silêncio e saiu comemorando na direção da torcida como se nada de anormal tivesse ocorrido.
A partida terminou 1 a 0 para o Corinthians e interrompeu a sequência de maus resultados da equipe até então.
Este episódio não é exceção entre tantos erros que já houve e não foram apontados pela arbitragem no futebol brasileiro e mundial...
Também está muito longe de ser a primeira vez que um jogador comete uma infração e se omite em apontar o seu erro, que poderia resultar na anulação do lance.
O histórico gol de mão de Diego Maradona na Copa de 1986, no México, um dos maiores erros cometidos pela arbitragem é ainda comemorado por muitos (argentinos ou não!!!) como um "lance de gênio", esquecendo-se que foi uma fraude que contribuiu para um Título Mundial.
Mas os tantos erros de árbitros já havidos no passado, não diminuem o tamanho do equívoco e da oportunidade que Jô perdeu para dar a sua contribuição para a nossa sociedade, tão contaminada por condutas erradas, ludibriosas e criminosas.
Há tempos atrás, o mesmo jogador, Jô, havia sido beneficiado num jogo contra a equipe do São Paulo, tendo sido injustamente advertido com um cartão amarelo pelo árbitro por ter supostamente pisado no goleiro da equipe adversária, quando de fato o "pisão" teria sido dado pelo jogador são paulino, Rodrigo Caio, que, naquela ocasião, honestamente assumiu isso: o cartão que suspenderia Jô da outra partida foi cancelado, ele pode jogar o segundo jogo da final e, inclusive, fez o gol decisivo do campeonato.
A conduta de Rodrigo Caio foi comentada positivamente por muitos mas, infelizmente, reprovada por um número expressivo de pessoas (a maioria delas torcedoras do São Paulo).
Mas voltando a falar de Jô, ele se define como um "homem de Deus", alguém que se reencontrou depois de muitas "cabeçadas" que deu na vida: mas a analisar-se pela sua postura no último domingo, pode-se concluir que ele está muito longe disto ainda...
Talvez tenha lhe passado pela cabeça a pressão e a incompreensão que poderiam ter consigo os mais de quarenta mil torcedores corinthianos que estavam no Itaquerão...talvez tenha lhe passado pela mente que a ausência de vitórias nos últimos jogos devia ser superada...talvez até tenha ele imaginado que aquele gol lhe desse mais prestígio e o ajudasse a buscar a artilharia do campeonato e quem sabe melhores condições na renovação do seu contrato...
Ele só não pensou na contribuição que traria para a sociedade se tivesse assumido a ilegalidade e praticado um ato de honestidade!
Jô se esqueceu, ou talvez não tenha aprendido, que o EXEMPLO é a mais eficaz forma de transmissão de conhecimento.
Não refletiu que por em prática no campo de futebol aquilo que certamente ouve e assiste nos cultos religiosos que participa poderia ter ajudado a escrever uma página bonita na história do Brasil.
A vitória do Corinthians teve pouco relevo: comentou-se mais da irregularidade do lance, da injustiça contra o Vasco da Gama e da dúvida quanto ao caráter do atleta...
Fala-se que "gentileza gera gentileza", mas o episódio em questão indicou que para Jô, esta não é uma verdade absoluta.
E assim, continuamos a ser o "País do Jeitinho"....até quando?
(*) é coronel da Polícia Militar e comandante da Escola Superior de Soldados
CEO Trajano Consultoria
6yNÃO VOU COMENTAR !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Gestor e Consultor Parking
6yParabéns. Excelente texto
Excluído do mercado de trabalho
6ySomente, falta de caráter, simples assim!!!
EQA - Consultoria & Gestão de Negócios e ESG - Partner
6yJô nada fez além de mostrar a postura de muitos brasileiros, seja aquele que que ultrapassa pelo acostamento, estaciona em vagas para deficientes, critica os políticos, mas adorariam participar dessa boquinha, fura a fila no cinema, não dá passagem para pedestres mesmo na faixa exclusiva e por aí vai. Jô não errou, apenas se omitiu e traiu seu próprio discurso de far play. E como dizia Fellini; E la nave va...