Política

No Twitter, Dilma é a mais popular; Campos tem picos, e Aécio titubeia

Redes sociais formarão uma guerra de informação, segundo especialistas
Escândalos. Ao analisar postagens que citam Dilma, Petrobras aparece com destaque Foto: Divulgação
Escândalos. Ao analisar postagens que citam Dilma, Petrobras aparece com destaque Foto: Divulgação

RIO- Num país em que 80 milhões de pessoas se comunicam pelo Facebook, e 20 milhões estão conectadas ao Twitter, as eleições presidenciais tendem a passar — como um verdadeiro furacão — pelas redes sociais. E é nesses espaços que especialistas em comunicação digital já veem o despontar da chama “infowar”, ou guerra de informação, eleitoral. Entre as muitas ferramentas à disposição da militância, estão robôs capazes de “bombardear” inimigos quando necessário e de “propagar informações favoráveis” à exaustão na internet. O desafio é saber usá-los.

Atendendo a um pedido do GLOBO, o Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo, monitorou as expressões “Dilma Rousseff”, “Eduardo Campos” e “Aécio Neves” no Twitter entre os dias 1 e 16 deste mês. Em seguida, analisou qualitativamente o resultado.

A presidente Dilma, pré-candidata do PT à reeleição, teve 163.712 citações no período observado, quase sete vezes mais do que Campos, pré-candidato do PSB, e quase 9 vezes mais do que o tucano Aécio Neves. Mas o volume de referências a Dilma não se traduz em sucesso para ela, alertam os especialistas do Labic. Nos últimos dias, o noticiário negativo da Petrobras “está colado” na presidente e afetou sobremaneira sua militância virtual.

— É obvio que o fato de Dilma ser presidente gera mais tráfego em torno do nome dela, mas há controvérsias que ela tem que enfrentar também. Entre os dias analisados, houve dois fatos negativos: o debate sobre a CPI da Petrobras e a pesquisa Datafolha (que registrou queda de sua popularidade). Isso atraiu uma rede oposicionista que não perdeu a oportunidade de viralizar notícias sobre esses dois assuntos atrelando ao nome da presidente. O que vimos foi uma mega ocupação da imagem da presidente. Do outro lado, a rede de defesa dela parece ter regredido. No período, se encolheu — explica o professor e especialista em visualização de dados em redes sociais, Fábio Malini, debruçado sobre uns dez gráficos.

A expressão “Eduardo Campos” teve, por sua vez, dois picos de popularidade no período analisado: um no dia 9, quando deixou o governo de Pernambuco, e outro no dia 14, quando anunciou a ex-senadora Marina Silva como sua vice.

— Vimos, no entanto, que entre as 13h e as 13h05 do dia 9, um exército de robôs composto por cerca de 2 mil perfis recém-criados no Twitter retuitou 11.108 vezes 3 ou 4 tweets posts da conta @eduardocampos40. Essa ação tem por objetivo gerar tráfego na rede e tentar transformar determinadas palavras em assuntos do momento — conta Malini.

A ideia de que robôs sejam capazes de influenciar no fluxo de informações virtuais assusta desconhecidos e desavisados, mas o coordenador do Labic explica que se trata de um sistema simples, já fartamente usado pela publicidade.

— Esses robôs seguem a mesma lógica da política de rua. A campanha tradicional leva um monte de gente para bater palma para um candidato num auditório. No mundo virtual, são esses robôs. Criam-se perfis virtuais e programas que ordenam que eles republiquem postagens feitas por uma determinada conta num determinado horário.

A campanha de Eduardo Campos se defendeu nas redes, alegando ter sido alvo de um ataque virtual. Mas o professor questiona a posição:

— Para que esses robôs funcionem bem, é preciso que quem programa a republicação saiba exatamente quando a conta original postará algo interessante. Fora isso, a quem interessaria dar popularidade a ele?

Na análise feita pelo Labic, o tucano Aécio Neves apareceu como o pré-candidato menos popular, com 19.133 citações em 16 dias. E esse cenário reflete o que se ouve nos bastidores de sua pré-candidatura. Hoje, a equipe que cuida da comunicação de Aécio acredita que entra na batalha virtual em desvantagem. Para os analistas de mídias sociais do tucano, o PT está melhor estruturado para defender seu ponto de vista nas redes. Mas, até o fim de maio, o PSDB fará encontros e tentará formar.

Por enquanto, a preocupação é se defendem. Na última semana, a equipe de Aécio informou ao Google que vídeos do canal oficial do pré-candidato no YouTube estariam sendo “curtidos” por robôs e não pela militância tucana. Aécio se antecipou, assim, aos que, segundo ele, estariam planejando acusá-lo bombar artificialmente suas inserções. Para os especialistas, é o primeiro sinal de que também já existe contra-campanha no jogo eleitoral e virtual — de 2014.

(Colaborou Thiago Herdy)