• André Jorge de Oliveira
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Patrick Bateman, de 'Psicopata Americano': homem de negócios e assassino em série (Foto: Reprodução)

Patrick Bateman, de 'Psicopata Americano': homem de negócios e assassino em série (Foto: Reprodução)

Uma estudante de psicologia da Universidade de Huddersfield, na Inglaterra, conduziu uma pesquisa que revelou a existência de uma maior porcentagem de psicopatas entre profissionais que ocupam elevados cargos de chefia (3%) do que no restante da sociedade (1%). Carolyn Bate descobriu que pessoas com altos níveis de inteligência adquirem a habilidade de mascarar os traços do transtorno através da manipulação dos testes aplicados por recrutadores para revelar suas verdadeiras personalidades. “Aqueles que estão no topo dos negócios frequentemente são charmosos e inteligentes, mas com déficits emocionais”, diz a pesquisadora.

PESSOAS MAIS INTELIGENTES CONSEGUEM MAQUIAR SUAS REAÇÕES EMOCIONAIS E ESCONDER QUE SÃO PSICOPATAS

Qualquer semelhança com o filme Psicopata Americano não é mera coincidência. Lançado em 2000, o longa critica esta realidade por meio da história de Patrick Bateman, um bem-sucedido homem de negócios que se preocupa em manter uma aparência impecável tanto do corpo quanto do cartão de visitas. Culto e bem-apessoado, frequenta restaurantes badalados com seus colegas de Wall Street e faz parte da elite financeira de Nova Iorque. Por ser extremamente inteligente, consegue esconder com maestria o sanguinário assassino em série que na realidade é, não levantando qualquer suspeita. Trama parecida assistimos também no recente O Lobo de Wall Street.

Já bastante explorada no cinema, a tendência agora foi comprovada na vida real. Para certificar a validade da teoria, Carolyn recrutou 50 voluntários e aplicou confidencialmente testes padrão de QI e de classificação de tendências de psicopatia. Na próxima etapa, acoplou eletrodos nos dedos dos participantes para monitorar a reação deles quando submetidos a fotos como de crianças chorando e de desastres naturais – imagens que normalmente chocariam pessoas normais. Já um psicopata Fator 1 demonstraria pouca ou nenhuma reação emocional, enquanto um Fator 2 se mostraria entusiasmado com as cenas.

A pesquisadora constatou que somente quem tinha QI mais baixo demonstrou entusiasmo, e com isso concluiu que aqueles mais inteligentes eram capazes de dissimular suas respostas emocionais, passando uma imagem diferente de si próprio aos recrutadores das empresas.  O estudo foi publicado no periódico científico The Journal of Forensic Psychiatry & Psychology, algo pouco comum entre alunos de graduação.

Segundo Carolyn, existem diversos tipos de psicopatas e nem todos eles são assassinos em série. De qualquer forma, traços típicos da psicopatia como o poder manipulativo e a falta de empatia são frequentemente encontrados entre os tomadores de decisão. “Talvez os negócios precisem de pessoas que tenham as mesmas características que os psicopatas, como a falta de escrúpulos. Mas eu suspeito que alguma forma de blindagem seja necessária, principalmente para que as empresas estejam conscientes do tipo de pessoas que estão contratando”, diz.

Confira o trailer de 'Psicopata Americano':