@Durvate

Irmandade Druídica Galaica

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Bom dia, ha algum tipo de "rezo" ou bem-vinda que lhe devamos dar a um menino que acava de nascer? Algum ritual específico galaico que conheçamos? Sim, vamos ser pais :)

Olá! Parabéns! :)
Antes de mais nada as nossas desculpas pela demora em respondermos esta pergunta. Por algum motivo não foi recebida a notificação automática e passou-se algum tempo.
Bom...
Os ritos de "boas-vindas" (assim como os posteriores ritos que marcam um passo de idade) podem variar (por vezes depende de o/a Durvate que possa oficiá-lo), mas normalmente procura-se um entorno natural de significância para os pais onde o mais importante é estabelecer um vínculo entre a criança, os pais, a Natureza e os ancestrais.
Assim, se um/a Durvate não pode estar presente, os pais deverão primeiro "chamar à paz" aos quatro pontos cardinais e procederem, depois, a pronunciar algumas palavras onde ratifiquem o seu compromisso de responsabilidade e protecção, e que incluam os elementos antes nomeados.
Também não é estranho dar à criança um outro nome (alcunha) não-oficial que faça referência a algum elemento da Druidaria, embora isto seja totalmente opcional.
Para mais informações personalizadas contactem sempre a IDG em idg@durvate.org

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Tenho entendido que os druidas eram os "líderes" ou "chefes" (a falta de palavras melhores), mas também ouvi que só andavam "de passo", não fixados a um grupo, viajando em pares...

É certo que os antergos Druidas e Druidesas eram figuras de autoridade em muitos campos, como na filosofia, medicina, direito, etc (e religião, claro). Destacavam claramente sobre o resto da população a nível intelectual e talvez isso mais que nada era o que lhes permitia receberem esse título. Pelo que é sabido seguramente ostentavam um poder político de facto sobre os reis e príncipes celtas, algo compreensível pois eram as figuras de referência do saber, "eruditos" e "conselheiros", cuja voz tinha peso, e actuavam também como diplomatas entre tribos e reinos na resolução de conflitos.
Assim, era comum que na sua formação e trabalho peregrinaram e se deslocaram com mais frequência que nenhum outro membro das suas comunidades. Certo é que se deviam ao seu clã, mas a troca de informação e esse relacionamento entre toda a Céltia era algo absolutamente fulcral (e constatável).
Não temos informações, aliás, de se sempre viajavam em companhia ou não, ou em que número. Achamos que dependeria da situação e circunstâncias.

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Há algum livro ou obra escrita que recolha a mitologia galaica que recomendedes especialmente? Ou algum livro para a mitologia céltica? Desde que era novo estudeis mais os mitos nórdicos. Sei que as mitologias europeias são muito semelhantes entre elas e mesmo sincréticas, mas queria concretar aquí.

Olá! Deixa-nos comentar primeiro a segunda parte da tua mensagem ;) É certo, muitas crenças nativas europeias apresentam semelhanças, e no caso da Europa Atlântica a mitologia nórdica – ainda que diferente à céltica – tem elementos em comum com a nossa, embora não acreditamos que se produza um “sincretismo”.
Sobre leituras que tratem com a mitologia galaica talvez botamos em falta uma grande obra que a “resuma” de forma didáctica, mas é possível fazer-se uma boa ideia – desde um ponto de vista académico - lendo as obras de Blanca G. Fernández-Albalat (quase impossíveis já de comprar, mas disponíveis em algumas bibliotecas públicas e universitárias) ou Rosa Brañas. É também muito recomendável, e uma leitura mais ligeira sobre a nossa mitologia tradicional, o 'Dicionário dos seres míticos galegos' (livro algo caro mas de edição ilustrada cuidada; ainda se pode encontrar em boas livrarias).
Podes ver os detalhes destas obras e algumas mais na nossa web: http://recursos.durvate.org
No referente a mitologia céltica em geral (não exclusivamente galaica), há duas obras "clássicas" que nunca está de mais revisar: o 'Dieux et Héros des Celtes' ou 'Celtic Gods and Heroes' de Marie-Louise Sjoestedt (edição original francesa de 1940 e 1949 na primeira edição inglesa, mas ainda reeditado até o ano 2000, que é a edição que se pode comprar), e o 'Celtic Mythology' de Proinsias MacCana. O problema é se não podes ler em inglês porque, cremos, não foram traduzidas a outros idiomas... O segundo pode ser especialmente complicado de encontrar, mas o primeiro é relativamente fácil (e barato) em internet, afortunadamente.

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Falando das estações do ano... Não era que os celtas só tinham inverno e verão? Porquê celebrar o "Equinócio de Primavera" e similares?

A pergunta tem muita lógica. Pois é, existia uma grande divisão anual em duas metades, mas esta era principalmente simbólica, entre a "época escura" (Giamos, que começa com o Magusto) e a "época luminosa" (Samos, que começa com os Maios). Portanto, não se podem considerar estações propriamente ditas, pois era bem sabido que a mudança de clima e luz começava antes destes momentos, mas era aí quando se faziam totalmente patentes (entre outras cousas).
Há indícios de que numa primeira época havia três estações no sentido meteorológico, acoplando o Outono dentro do Inverno, mas em verdade o modelo que se impus foi o de quatro estações. Ora bem, as estações célticas cobriam épocas diferentes do ano às que estamos afeitos/as agora, e estavam associadas às grandes celebrações religiosas. Assim, o Inverno começa com o Magusto (Samhain; em Novembro), a primavera com o Entroido (Imbolc; em Fevereiro), etc. Estas eram as quatro celebrações principais do ano, e as que realmente marcavam o ritmo da vida, no religioso e no civil.
Porém, com o seu amplo conhecimento de astronomia, sabiam perfeitamente dos equinócios e solstícios, e embora sendo celebrações secundárias também eram tidas em conta e incorporadas à "roda do ano". Assim, não é estranho que esta data do 20 de Março fosse a "meia primavera" (pois realmente já começara em Fevereiro com o Entroido, ou que a Festa dos Lumes (24 Junho) fora o "meio verão", etc.
O problema que nós encontramos com isto tudo é que, sabendo quais são as principais e quais as secundárias, podemos ter problemas com a terminologia, pois é impossível saber como se chamava, por exemplo, este equinócio da "primavera"... Sabemos outros nomes, mas neste caso é só conjectura, e antes de inventarmos uma falsidade preferimos usar algo que seja reconhecível para todos/as, como é o nome "primavera".
Seja dito, isso sim, que estamos cada vez mais inclinados a usar os termos de "meia-primavera" e similares. A investigação e aprendizagem conjunta na nossa cultura e religião continua, e isso também é maravilhoso :)

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Olá. Na última entrada do blogue falades das Nove Virtudes. Gostaria realmente de saber quais são essas noves virtudes para a Irmandade e uma breve explicação, se puidera ser, sobre cada uma. Sou ciente de que pode ser muito, mas gostaria muito de saber mais. Um abraço.

Olá! Achamos que a filosofia e ética da Druidaria baseia-se em três eixos principais: responsabilidade, honra e compromisso. Daí derivam os 9 Compromissos e, como complemento, as 9 Virtudes.
É tudo bastante simples de compreender pois evocam princípios básicos de como uma pessoa deveria se guiar para encontrar o seu próprio caminho assim como a melhor forma de se relacionar com outros/as. Se enumeramos os 9 Compromissos, ou aspectos nos que o indivíduo deve pôr-se "mãos à obra", na sua execução e defesa, temos:
Compromisso com a Natureza – Compromisso com a Humanidade – Compromisso com a Paz – Compromisso com as Raízes – Compromisso com a Liberdade – Compromisso com a Independência – Compromisso com a Espiritualidade – Compromisso com o Conhecimento – Compromisso com a Verdade.
Se os Compromissos é onde um deve se envolver, as Virtudes são as formas ou as ferramentas de "como" fazer isto:
- Honorabilidade: Algo fulcral, claro, pois pouco é mais importante na cultura celta que a honra. A tua palavra é o que vales; o que dizes, o que fazes, é como és visto/a, a tua integridade.
- Justiça: Tentar sempre ser uma pessoa justa e equânime, e actuar em consequência mesmo se isso pudera ir contra dos teus interesses.
- Lealdade: Às ideias, às pessoas. Se tomas partido, cumpre a tua parte até o fim. Não é questão de "seguidismo cego", mas de não trair nada e ninguém por uma circunstância passageira ou interesseira.
- Valentia: Muita vezes é difícil perguntar a pergunta certa, ir ao sítio indicado, fazer o que deve ser feito... O valor, a força, para levar isto tudo a cabo pode ser complicada de encontrar, mas há que lutar contra o medo que turva o nosso pensamento e acção.
- Generosidade: Oferece, dá, partilha sem perguntar, e outros/as farão o mesmo contigo criando uma rede de abundância.
- Hospitalidade: Fundamental na cultura celta, até o ponto de o Deus da Morte (Berobreo) acolher-te na sua casa de braços abertos e sorriso no rosto, pois é também o Deus da Hospitalidade! Trata os teus hóspedes o melhor que poidas e oferece o melhor que tenhas (nada mais galego que isso! ;) ).
- Humildade: Que não falsa humildade. Tens que ser consciente do que és e do que não és. Aproveita o que sabes, o que podes, contribui, mas reconhece os teus limites a admite quando não sabes ou podes.
- Sabedoria: Escuta, estuda, aprende, adquire experiência. Analisa, sente, compara. Nunca é suficiente. A verdadeira sabedoria não chega de repente e sempre é possível fazer melhor as cousas.
- Eloquência: Que há de bom em ser uma grande pessoa se não podes contribuir ao teu Clã? Que egoísmo guardar o saber e não partilhar com os teus? Mas para isso tens que ser quem de articular um discurso, ser didáctico/a, elegante, persuasivo/a se tens razão. Deixarias uma má ideia ou injustiça triunfar porque alguém é capaz de a expressar melhor?
Aguardamos ter podido ajudar.
+info: http://durvate.wordpress.com/druidismo/ :)

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Bom dia! Há algum tipo de guia ou ajuda para levar a cabo algum tipo de ritual ou ofrenda?

Olá! Normalmente fazemos indicações do significado das datas relevantes e possíveis oferendas, e até algum texto que pode ser usado em rituais, nos nossos artigos (www.durvate.org). Realmente não dispomos de um "livro" ou "manual" ao respeito.
Se tens algum tipo de pergunta concreta sobre algum ritual podes contactar-nos em idg@durvate.org, pois informações específicas de culto são habitualmente transmitidas em privado (como fazemos com os/as nossos/as Caminhantes). Ficaremos gratos/as de resolver qualquer dúvida.

Olá! Parabéns pola iniciativa. Eu, sem saber ainda se há algo escrito ao respeito porque há pouco que conheço à irmandade, gostaria de saber qual é a vossa visão global sobre a morte e o rito funerario. Entendo que se crê na reencarnação e em que há que vivir com honradez e paixão mas há que temer?

Obrigad*s nós pelas perguntas!
A nossa visão da morte é que, em consonância com o resto da Druidaria, esta não supõe um fim, mas uma continuação. De facto, pode ser vista como uma realidade mais abrangente, enquanto esta vida é um espelho, parte só dessa realidade mais completa. Atenção, o que vivemos é bem real e importante, mas não é tudo, embora é o que há que fazer agora.
Também, como em muitas tradições druídicas e muito presente na cultura popular galaica, acreditamos que a alma pode transmigrar em liberdade dum ente físico a outro. Falamos disto na nossa web de perguntas frequentes - http://faq.durvate.org - assim como das diferenças com o que habitualmente se diz sobre a reencarnação por influência oriental, que é diferente à visão druídica, onde por exemplo não se acredita no "karma".
Em resumo, tudo isto entra a formar parte desses aspectos da Natureza que ficam num espaço mais escuro, não por sobrenaturais (não acreditamos nesse conceito), senão simplesmente fora do nosso alcance directo, e que completam as peças do enormemente complexo universo no que vivemos, sempre em estado de fluir permanente.
Temer? O medo à morte é perfeitamente normal, mas como crentes podemos dizer que podemos sentir apreensão do momento mesmo da morte e as possíveis circunstâncias que nos levem a ela, não do depois, onde ficaremos nas boas mãos de Berobreo. E mesmo assim, um pode se preparar para esse intre de trânsito, tanto desde um ponto de vista religioso como estritamente psicológico.
Sobre o rito funerário este é importante para muitas pessoas, pois marca um passo onde há que fazer o difícil esforço de encarar a lógica tristura do momento no deleite das bondades de quem já marchou. Na nossa tradição, e para quem quiser, existe o velório do corpo mediante o rito religioso do "Avelhão", seguido de cremação, "festa funerária" e cremação de cinzas. Acreditamos que este ciclo completo pode ajudar à pessoa na sua viagem.

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Havia realmente Druidas e Druidesas na Galiza?

Sim.
– Primeiro por lógica geográfica: O território galaico nunca foi uma excepção no seu entorno sócio-cultural Atlântico-Europeu, com o que leva interagindo e tendo uma relação directa desde o período Megalítico. Porém, a cultura céltica e a sua religião, elemento coesionador fulcral, também não foram estranhos. Dentro dessas expressões de espiritualidade aparecem já os Druidas e Druidesas, figuras de saber e poder pan-Célticas.
– Segundo pela existência nos âmbitos religioso, espiritual, filosófico, comportamental (psicológico), cultural, etnográfico, folclórico e lendário galaico de elementos claramente célticos (isto é, em consonância directa com outros territórios célticos), chamados normalmente de “pré-romanos” como eufemismo.
– Terceiro pela existência de epigrafia documentando o conhecimento e presença de tais figuras, nomeadamente na Gallaecia Bracarensis. Por exemplo, inscrições mostrando a evolução do termo proto-Céltico:
druwid- “sacerdote, druida” (cf. Matasovic)
durwid- (metátese de /r/ em contacto com /u/ ou /w/, cf. Matasovic s. v. *tawr-)
durbid- (cf. PIE *tawr- > PClt *tarw- > OIr. tarb “touro”; esta última evolução dá-se também na inscrição
a MARTI TARBUCELI, de Braga, AE 1983, 562).
E posteriormente a forma galaica durbed- [de aí posteriormente Durvate] surgida seguramente a partir dum étimo dru-weyd-
Algumas inscrições conhecidas são:
D(IS) M(ANIBUS) S(ACRUM) / POS(UIT) IULI/A QUTI FI/LIO IULIO / FAUSTO {A} / AN(N)OR(UM) XXXIII / ET DURBE/DI(A)E NEP/TI SU(A)E CA/RISSIM{E}/IS MEIS (Vigo: HEp-15, 00307)
CELEA / CLOUTI / DEO D/URBED/ICO EX V/OTO A(NIMO) [L(IBENS?)] (Guimarães: AE 1984, 00458)
LADRONU[S] / DOVAI BRA[CA]/RUS CASTEL[LO] / DURBEDE(NSE) [H]IC / SITUS ES[T] / AN(N)O/RU[M] XXX(?) / [S(IT) T(IBI)] T(ERRA) L(EVIS) (AE 1984, 458)
Onde DURBEDIE é um antropónimo feminino, é dizer, Druidesa (Druwidyā), DURBEDE um lugar nalgures perto de Braga (druwidī), e DEO DURBEDICO um epíteto “ao deus dos druidas” ou “ao deus druídico” (Druwid-ik-).
– Quarto pela constância em período histórico de, alo menos, dous Druidas devidamente “convertidos” em Bispos:
Primeiramente Prisciliano (S. IV), assassinado pelas suas “tendências pagãs” já que defendia, entre outras cousas, a igualdade entre mulheres e homens, a abolição da escravidão, o direito ao casamento de membros do clero, a utilização da dança e música nas liturgias, o animismo, o contacto com a natureza e celebração de liturgias nela, o emanacionismo, etc. Mas a influência Priscilianista perdurou por muito, e a sua figura é vivamente lembrada até época actual.
Em segundo lugar Mailoc (S.VI), líder espiritual e político da colónia britã estabelecida no norte da Galiza por emigrantes célticos que abandonaram a Ilha de Bretanha (actual Grã-Bretanha) e Armórica (actual Bretanha continental), fugindo das invasões germânicas. O seu legado e o da sua Comunidade ainda perdura nessas zonas do País.

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Por que “Galaica” e não “Galega”?

Quando se fala de adscrição territorial as formas “galega” ou “galego” são associadas frequentemente só ao território actual da denominada “comunidade autónoma de Galicia” [sic]. Mas tradicionalmente o termo galaico – principalmente dentro do campo dos estudos célticos – abrange bem à antiga Gallaecia céltica como mesmo ao Reino Galego medieval, que ultrapassam com muito os limites actuais da tal comunidade autónoma.
Para a IDG, então, o termo galaico transcende esses limites administrativos, e fai referência a territórios não-oficialmente “galegos” mas que partilham connosco língua, cultura, história e, de forma sobranceira baixo o nosso prisma, uma espiritualidade comum. Assim, o campo de acção da IDG é a actual Galiza, Norte de Portugal (com extensão matizada além Douro até o Mondego) e zonas limítrofes orientais da Galiza onde seja solicitada voluntariamente a presença ou atenção da IDG.
É por isto, por exemplo, que na tradução ao inglês ‘galaico’ vire "pan-Galician" (pan-Galego).

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Que representa o logótipo da IDG?

O nosso logótipo representa a união entre um símbolo Druídico moderno reconhecido por todos e todas os e as crentes da Druidaria no mundo, e um símbolo céltico também muito conhecido, mas desta vez na sua variante galega. O primeiro é o Awen, os três “pauzinhos” (em verdade raios) verdes. O segundo é o tríscele ou xabúcia azul.
Awen significa inspiração em galês (como Imbás em irlandês), e é o nome desse símbolo – criado no S.XVIII – representando três raios de luz que caem de acima. O número três é de grande importância na Druidaria pois toda realidade é percebida em tríades, sejam deidades, os três passos do Sol (alvorada, meio-dia e sol-pôr), os três Reinos clássicos (Terra, Água e Céu), os três componentes do ser humano (corpo, mente e espírito), as três estações clássicas (primavera, verão e inverno), as três etapas da vida (nascimento e infância, maturidade e plenitude, velhice e morte), etc.
O tríscele ou xabúcia é um símbolo sagrado comum em muitas culturas arredor do mundo desde a mais remota antiguidade. No caso galego também encerra o significado da tríade antes nomeado, com atenção aos três passos do Sol, que caminha pelo Céu: morre e renasce sem fim, de Oeste a Este, do mundo dos mortos ao dos vivos, e volta a começar (de aí o sentido de giro no que é representado). O tríscele na Galiza tem sempre um papel protector, benéfico, de ajuda e guia mesmo no trânsito ao Além (sentido de giro de Este a Oeste nesse caso).
As cores verde e azul foram escolhidas por representarem Terra (verde), Água e Céu (azul), onde os mesmos raios viram verdes na sua descida nessa complementaridade e comunicação entre todos os elementos. São, aliás, as cores da psique céltica tradicional, associadas à protecção, boa sorte e bons agoiros, fartura, beleza e esperança.

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Existe algum livro ou escritos sagrados?

Não. Na Druidaria não existem livros sagrados, nem escrituras reveladas, nem ordens gravadas na pedra. O que prima na Druidaria – como em geral na cultura céltica – é o pluralismo, embora tendo uma série de princípios filosóficos, éticos e crenças comuns. Os livros sagrados levariam a Druidaria a uma excessiva rigidez e detalhe à letra. Os escritos, como esta página, são vistos unicamente como vias de comunicação e transmissão de certos conhecimentos. Como curiosidade dizer que toda a tradição druídica antiga era eminentemente de carácter oral.

Como é que se organiza a Druidaria? Há alguma instituição central? Há um líder mundial?

A Druidaria é organizada normalmente em Ordens, Irmandades, Arvoredos (Groves) e Grupos de Reunião (Gorseddau), sendo independentes tanto em hierarquia como em tradição druídica, embora mantendo sempre uns mínimos comuns, e adoitam estar centrados cada um na sua realidade e condições objectivas. Por exemplo, a visão neste respeito da IDG vem explicada >aqui<.
Podem existir Arvoredos ou grupos dependentes duma outra Ordem ou Irmandade. Tais grupos seguem a estrutura e normas impostas pela Ordem Nai.
Não existe portanto uma “Igreja Druídica” unificada, nem uma Arqui-Druida Suprema. Não existe um líder de todos os Druidas e Druidesas. As distintas organizações soem escolher um chefe de grupo, muitas vezes por motivos administrativos, mas não existe a figura dum líder carismático e infalível ao que mostrar submissão. Ora bem, isto não impede que ouçamos com especial atenção e honremos as figuras dos chefes de cada grupo druídico, ou que aceitemos determinados Druidas e Druidesas como relevantes, sábios, cujas mensagens nos cheguem e ajudem mais, ou reconheçamos a sua valia na direcção do grupo.

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Por que a organização e hierarquias?

Para não nos fragmentarmos e perdermos no decorrer da história. As sociedades célticas antigas viviam de acordo com a sua realidade, no seu tempo e lugar, o que lhes permitia aos Druidas e Druidesas de então actuar, estruturar os ensinamentos e transmitir a tradição de determinada maneira. Mas no dia de hoje é precisa uma organização fluida adaptada à sociedade na que estamos inseridos/as para nos pôr em contacto umas com as outras e caminharmos juntos/as. A Druidaria precisa dessa organização interna para poder ter recursos e possibilidade de compreender melhor as suas próprias origens e planificar o seu futuro, sem que isto leve à construção duma estrutura rígida e inflexível.
A hierarquia interna da IDG expressa o grau de compromisso com a Irmandade em termos de tempo, empenho e conhecimentos. A hierarquia reflecte, aliás, a visão que tem o Clã da IDG e do seu dinamismo. A hierarquia não se trata duma questão de “obediência cega”, mas sim de reconhecimento por aqueles e aquelas com experiência e devoção, aqueles e aquelas a quem se lhes confia o funcionamento administrativo e ajuda e guia no desenvolvimento pessoal.

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Cobra-se por algo? Não sera isto um negócio ou um “tira-dinheiros”?

Não, em absoluto.
A IDG não é só uma organização sem fins lucrativos, senão que consideramos que a espiritualidade e a religião não devem ser nunca usadas para esse tipo de cousas. Temos falado publicamente sobre estes temas muitas vezes.
Igualmente, a IDG defende a laicidade do Estado e dos poderes públicos a todos os níveis e em toda parte. Por isto, a IDG nunca procurou, procura ou procurará ajudas, subvenções ou privilégios económicos públicos, igual que rejeita que outras entidades religiosas tenham tais privilégios. A prática religiosa pode estar organizada e oficializada, mas cada organização deve contar só com os seus próprios recursos. Acreditamos que tudo o demais é política interesseira e ingerência que só leva a lugares escuros, intransigentes e perigosos, a uma distorção da realidade e continuação de sinistras relações de poder. Nós termamos do nosso.
Assim, para podermos fazer frente aos gastos que sim temos (material de culto, custos de internet, viagens, obra social, planos de futuro que requerem certo investimento, pago a artistas, etc) disponibilizamos a venda de algum material – escrupulosamente seleccionado – assim como aceitamos doações. Mas isto é algo totalmente livre e até anónimo, à vontade de quem quiser dar e como quiser dar.
Porém, a IDG não pede nenhum tipo de quotas dos seus e das suas Caminhantes, pois isto significaria que a pertença formal à nossa Irmandade estaria condicionada a um determinado pagamento regular, algo totalmente contrário à nossa forma de entender a espiritualidade e que criaria (quer sim quer não) uma relação económico-contratual. Os serviços ao Clã são também totalmente gratuitos.

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Pode a IDG fazer um rito para mim? Posso talvez casar numa “cerimónia celta”?

A IDG tem entre os seus princípios básicos assistir aos e às crentes, o que inclui oferecer ritos, ajudando à melhora pessoal e espiritual. Ora bem, isto é feito sob um prisma estritamente religioso para crentes sinceros e sérios. Portanto, a IDG poderá satisfazer as petições de celebrações ou cerimónias (ritos de passo, união de mãos, etc) se for logisticamente possível e uma vez comprovado o compromisso e seriedade da gente.
A IDG não realizará ritos religiosos para ou como parte de eventos meramente lúdicos ou com fins crematísticos, ou para simples pessoas “curiosas”. Tem-se mesmo publicado algo sobre esta “cultura do espectáculo” que desde a IDG criticamos.

Como posso formar parte da IDG? ser um/a Caminhante “oficial”?

A IDG é uma associação religiosa fortemente vencelhada à sua Terra. Por este motivo, considera-se como algo lógico ter algum tipo de relação com a Galiza (ou por extensão a Galécia), seja familiar, vivencial, pessoal, emocional, etc. Para crentes sem este tipo de conexão a IDG pode estender as suas simpatias, mas recomendaria a procura dum grupo mais próximo, um Clã onde realmente possa pôr em prática as suas crenças de forma plena.
Dada essa primeira condição, o/a candidata deverá ratificar a sua conformidade com os Estatutos e Regulamento Interno da IDG e completar um questionário ou entrevista pessoal, depois da qual entrará num período de prova. Nesse tempo a pessoa valorará se é que se sente confortável no seio da IDG e, também, dará para ver se essa pessoa em verdade acredita nos preceitos da IDG, respeita a sua organização e partilha as suas visões e objectivos.
Obviamente, não é preciso ser Caminhante para ser simplesmente crente da Druidaria. Um/a Caminhante da IDG é uma pessoa que vai um passo além, adquirindo um decidido compromisso pessoal e prático – mãos à obra – na ajuda diária à IDG, alguém que quer mesmo aprender a senda espiritual da Druidaria Galaica representada pela IDG, talvez face um eventual sacerdócio.
Os e as crentes druídicos em geral não têm que dar o seu nome para nada nem se alistarem em rem. A IDG tentará sempre estender os seus serviços e ajuda igualmente.

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Sendo uma religião autóctone europeia e fortemente vencelhada a um antigo povo europeu, está a Druidaria reservada só para determinadas etnias ou nações? ou para pessoas de determinados lugares ou que falem determinadas línguas?

Não. A crença druídica não está fechada a nenhum grupo nem pessoa por causa de origem, língua, sexo, etnia, etc. A filosofia e sentimento religioso transcendem as circunstâncias esporádicas do indivíduo. Os laços entre crentes druídicos baseia-se na aceitação duma determinada ética, visão da Natureza e forma de viver a religião. Ajuda enormemente, isso sim, conhecer as origens e história da religião professada, e dos povos que a criaram e mantiveram viva, para poder perceber melhor a comunhão entre Terra, Ser Humano e Druidaria.
Ora bem, cada um/a deve encontrar o grupo druídico com o que melhor sintoniza, pois cada um oferece certas peculiaridades. A IDG considera, por exemplo, que o seu caminho é válido para as/os suas/seus membros e entende que tem significado pleno na Galiza, o qual não implica que outros caminhos não poidam ser igualmente válidos para diversos indivíduos ou colectivos. De igual maneira, entende-se como uma visão desde e para a Galiza, nem melhor nem pior, mas que simplesmente afunde as suas raizeiras numa espiritualidade já bem familiar para galegas e galegos.

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Ser crente da Druidaria implica mudar as minhas relações com as outras pessoas? Devo-me relacionar só com outros/as crentes?

Não, em absoluto, não tens porque mudar nada. A Druidaria não implica isolamento ou deixar a tua vida anterior e a tua gente. De facto, ninguém che deve dizer com quem podes estar ou não, quem é a tua amiga ou não, como lidas com a tua família ou não. Isso é sempre cousa tua. É mais, a Druidaria implica-se no mundo no que vive, quer melhorá-lo, é uma religião com sentido de serviço aos demais. A Druidaria não promove, por exemplo, o ascetismo e a reclusão afastada do mundo; no caso de alguém quiser – no uso da sua liberdade – retirar-se para viver a sua particular Druidaria ou uma determinada experiência, isto seria sempre um facto pontual e temporário. Praticar as crenças druídicas não implica a exclusividade nas relações com as pessoas que poidam ser crentes ou não.

Defende a Druidaria uma volta à antiguidade? É contrária à ciência e ao progresso?

Não. A Druidaria de hoje está formada por gente de hoje. Os Druidas e Druidesas do S.XXI vão de carro, ouvem música rock e mesmo usam Internet (!). A nossa tradição ensina muitas lições que vêm de antergo e a Druidaria como religião está baseada em ensinamentos milenares; eis um grande prémio e sorte, o podermos aceder a toda esta sabedoria acumulada. Mas a Druidaria não ficou parada no tempo, nem pretende uma volta a um passado romântico ideal, que também nunca foi tal. A Druidaria evoluiu em muitos aspectos assim como evoluímos os e as crentes druídicas. O que não fai a Druidaria a respeito do passado é esquecer o muito e bom que tem esse passado para ensinar, a honra que devemos aos nossos devanceiros e devanceiras como criadoras e transmissoras do saber, e o que dos erros desse passado também podemos aprender.
A Druidaria considera a ciência, de facto, como imprescindível para um melhor entendimento da história e da Natureza e, em consequência, para um melhor conhecimento da própria Druidaria. Quanto mais preciso e definitivo o saber científico mais precisa e acertada a nossa percepção da realidade e, portanto, melhor entenderemos os processos que relacionam o Ser Humano com o resto do Cosmos que reverenciamos. Lembremos que na raiz da própria palavra Druida situa-se o saber/conhecimento, e a ciência é uma ferramenta fundamental para atingi-lo.

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A reencarnação não era cousa de Budistas e Hindus?

Não só. Os/as antigos/as celtas acreditavam firmemente na reencarnação, entendida como a transmigração da alma dum ente físico a outro (algo muito presente na cultura popular galega), até o ponto de deixarem dívidas e contratos para arranjarem “na próxima vida”. Isso também fazia delas/es destemidas/os guerreiras/os. Contudo, não todos os/as crentes druídicos/as actuais acreditam na reencarnação, ou não sem matizes.
Por descontado, na IDG não cremos no conceito “oriental” da reencarnação tão de moda nos nossos dias e assumido quase que sem mais por todo/a aquel/a que diz acreditar nela. Não achamos que as vicissitudes da nossa vida actual se desenvolvam consequentemente à Lei Kármica, é dizer, não cremos que as cousas sucedam como consequência duma outra vida nem pago duma suposta culpa, nem tampouco como oposição vital (isto é, ir mudando de estilos de vida em cada reencarnação para experimentar todas as experiências vitais), nem que a reencarnação noutro ser não-humano suponha uma “regressão”. A perspectiva druídica da reencarnação baseia-se num processo de aprendizagem, mas também de liberdade de escolha, mesmo para reencarnar.

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Que relação há entre Druidaria e magia? Há algo de “esotérico” em tudo isto?

Na Druidaria há uma parte de iniciação, de ordenação de aqueles e aquelas que queiram aceder ao sacerdócio. Desde esse ponto de vista um leigo pode perceber este aparente secretismo como “esotérico”, mas não deixa de ser uma parte que simplesmente não é pública. Os próprios ritos podem resultar rechamantes a alguém que nunca tenha visto ou participado em cerimónias druídicas, mas isso aconteceria com qualquer outra religião ou culto desconhecido.
Por outra parte, a magia é entendida como a capacidade de provocar mudanças nas nossas vidas para nos ajudarem a atingir os nossos objectivos, reforçando a nossa auto-estima e potenciando as nossas capacidades. O rito mágico é parte do que para outras religiões pode ser a oração ou a meditação: uma maneira de formalizar a intencionalidade de ser e fazer, de canalizar a conexão espiritual com o Cosmos. Isto não é algo sobrenatural, longe disso, é uma forma de tentar atopar nuns rituais e práticas aceitados e conhecidos por todos e todas uma sistematização da vontade de apreender mais da realidade, da Natureza, duma forma íntima.

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Onde é que se celebram os cultos? Posso assistir a alguma “igreja” druídica?

As actividades druídicas não precisam necessariamente de templos ou construções similares pois são realizadas em contornos naturais. Procura-se abeiro ajeitado em caso de condições atmosféricas adversas e, ainda assim, tenta-se que haja sempre elementos naturais presentes.
É certo que existiam por toda Europa templos druídicos, mas estes eram mais lugares de reunião no estilo do indicado anteriormente: locais para facilitarem a juntança do Clã em caso de o exterior ser impraticável. Havia, de facto, grande diversidade nas formas e tamanhos, sendo os galaicos especialmente simples e modestos.

Qual é a diferença entre adorar e reverenciar a Natureza?

A Druidaria é panteísta (e monista) e portanto percebe a Natureza, o Cosmos, como um Todo, onde nada é sobrenatural nem estranho, como muito desconhecido a dia de hoje e mesmo isso pode mudar no tempo. E por suposto onde tudo está interrelacionado.
Uma forma de explicar então essa diferença entre adorar e reverenciar é dizer que sendo nós parte dum Todo esse Todo não pode existir sem nós, por minúsculos que nos poidamos considerar às vezes, pois o Todo estaria logo carente duma parte, muito pequena na grande escala, talvez, mas absolutamente necessária para a total completude. Aí surge o abraio do indivíduo – a hierofania se se prefere – quando abre os olhos a essa Natureza maravilhosa perante nossa, esse sentimento inefável de conexão e pertença, do mais geral até o mais pequeno, essa certidão espiritual ao saber que todo forma parte dum mesmo processo que há marcar o nosso Caminho. Aparece aí então um sensação de reverência, de satisfação ao compreender em parte (na nossa parte) essa Natureza, de recolocar-mo-nos nela. E não temos medo nem vergonha então de proclamar quão bela é e o orgulho de formarmos parte dela: reverenciamos-la. Orgulhamos-nos, sim, positivamente. Sentimos à vez paz e energia, acougo e poder. Aí fai-se presente o Imbás ou Awen (inspiração) druídico.
Pois, imaginemos a roda dum carro: forma parte desse carro, mas seria absurdo da roda “adorar” o resto do carro. Mas sim pode gabar, reconhecer, o bem que funciona esse carro, a cor linda que tem, o seguro que é quanto pouco consome, a importância que têm o um para o outro, pois sem o carro a roda não seria grande cousa, e sem a roda o carro não poderia circular. Deste jeito, nós reverenciamos a Natureza, respeitamos-la e protegemos-la, mesmo gabamos-nos dela, mas se somos parte intrínseca dela seria ridículo “adorar” uma parte de nós mesmos, não sim? Mas nada de mau em dar-mo-nos umas palavras de fôlegos! e partilharmos com a Comunidade as alegrias e formosura da vida.

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Não é o politeísmo uma volta atrás face o monoteísmo?

Existe a ideia infundada no mundo ocidental de que o politeísmo é uma fase “primitiva” e intermédia na evolução religiosa, proveniente do ainda mais “rústico” animismo, e que só pode acabar por culminar no “evoluído” monoteísmo, que à sua vez sempre conta com um ente criador supremo e externo ao resto do Cosmos. Isto acompanha-se frequentemente com o perverso axioma que equipara a evolução do pensamento religioso com o grau de evolução ou progresso cultural da sociedade a tratar.
Esta visão linear da religião é, sem embargo, falsa, e em absoluto partilhada noutras culturas, sistemas de crenças ou religiões. Por exemplo, a religião oficial do Japão é o Xintoísmo, claramente animista, religião que os nipónicos não definem como tal senão como “espiritualidade”; eis um simples exemplo de como podem mudar os critérios e formas de ver as cousas.
A forma linear de perceber a espiritualidade e religião no mundo ocidental está fortemente influenciada por uns determinados cultos e crenças dominantes, mesmo supremacistas, sem mais reflexão nas camadas populares sobre questões místicas ou religiosas, como a possibilidade deste politeísmo ser a expressão de diversos aspectos da Natureza, por citar somente um ponto de interesse. Isto chega a influir mesmo nos chamados ateus, categoria claramente ocidental na acepção corrente, que muitas vezes surgem como reacção à pressão e abafo monoteísta, não a uma falta de espiritualidade ou, por exemplo, sentimento de conexão panteísta.

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Acredita-se na Druidaria no Inferno, pecado, culpa, castigo divino…?

Não. A Druidaria acredita na responsabilidade dos nossos actos. Não há castigos nem recompensas, e por tanto aí reside a liberdade do ser humano: fazer ao sentir que tem que ser feito, não esperando nada em troques. É fácil ser bom quando se tem medo dum possível castigo ou se anseia um possível prémio. Mas um/a crente fai o que tem que fazer porque assim o sente na sua responsabilidade, esse é o seu compromisso com o Clã, a sua palavra e acções são a sua honra.
A Druidaria não acredita na relação directa e automática entre acção negativa e castigo, mas sim na retribuição, isto é, em desfazer o possível mal feito por um/a mesmo/a, restaurar a ordem, repor a harmonia. Não há pior castigo que a desonra, é dizer, fazer o que não se deve.

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