Para chegar a esta conclusão, os investigadores apresentam a Teoria da Idiotice Masculina, com base na análise de 20 anos de dados dos prémios Darwin, prémios atribuídos anualmente (desde 1994), em tom de ironia, às mortes mais absurdas ou que deixam os intervenientes inférteis.

“Com a época festiva a chegar, quisemos continuar os estudos de campo observacionais e vamos fazer um estudo experimental num ambiente semi-naturalista de uma festa de Natal”, explicou Dennis Lendrem, da Universidade de Newcastle, que quis aprofundar a teoria para lá das “anedotas”.

Lendrem, em conjunto com John Isaacs, director do Instituto de Medicina Celular da mesma universidade, analisaram todos os “premiados” entre os anos 1995 e 2014 e diferenciaram-nos por sexo. De um total de 332 casos, 282 foram protagonizados por homens (88,7%), apenas 36 (11,3%) por mulheres; 14 envolveram tanto homens como mulheres (e por isso não foram considerados válidos para o estudo).

Entre os galardoados com o prémio Darwin está, por exemplo um homem terrorista que abriu a sua própria “carta-bomba” depois de esta ter sido devolvida por falta de selos; um homem que deu um tiro na própria cabeça para demonstrar a um amigo que a arma era real e funcionava; ou dois homens, no Quénia, que tentaram tirar uma selfie com um elefante selvagem.

“De acordo com a Teoria da Idiotice Masculina muitas das diferenças nos comportamentos arriscados, admissões nas urgências e mortalidade podem ser explicadas pelo facto de os homens serem idiotas e de os idiotas fazerem coisas estúpidas. Há dados anedóticos que confirmam a teoria, mas até agora ainda não tinha havido uma análise sistemática dos comportamentos idiotas e arriscados tomados por ambos os sexos”, explica Lendrem, referindo ainda que muitos destes comportamentos são adoptados para impressionar amigos ou como ritual de passagem à idade adulta.

No entanto, os autores do estudo admitem que esta investigação tem limitações, uma vez que as mulheres podem ter mais propensão para nomear os homens para os prémios Darwin, o que dificulta a análise de todos os comportamentos "verdadeiramente idiotas e arriscados".

O estudo foi publicado na edição de Natal do British Medical Journal, que nesta quadra aceita estudos “diferentes” ou “fora da caixa”, embora refira que “os padrões de qualidade” e as “revisões” mantêm-se.