Edição do dia 24/10/2014

25/10/2014 00h30 - Atualizado em 27/10/2014 22h17

Álbum ‘Kind of Blue’, de Miles Davis, foi marco definitivo na história do jazz

Nelson Motta

A história do jazz pode ser dividida em antes e depois do disco "Kind of Blue" que, em tradução livre, quer dizer "uma espécie de melancolia". O álbum foi criado há 55 anos por Miles Davis, personagem da coluna do Nelson Motta.

"O som do céu", esse era o título da resenha do New York Times sobre o lançamento do álbum "Kind of Blue", de Miles Davis, há 55 anos, que era não só uma obra-prima revolucionária de um gênio, mas se tornaria o disco de jazz mais vendido da história.

Tudo começou em 1959 quando Miles conheceu as novas teorias louquíssimas de música modal e fez uma música baseada nelas que chamou apropriadamente de "Milestones", que em inglês siginifica ao mesmo tempo “os tons do Miles” e “ marco fundador”.

Entusiasmado com o resultado, Miles chamou um fabuloso "dream team" do jazz para gravar "Kind of Blue" em Nova York: o pianista Bill Evans, o baixista Paul Chambers, o baterista Jimmy Cobb e os saxofonistas Cannonball Adderley e ninguém menos que o gênio John Coltrane. Deu no que deu.

Apesar do seu estilo radical e sua alta complexidade, o disco não só foi recebido entusiasticamente pela crítica como se tornou um grande sucesso popular, vendendo mais de um milhão de discos e ficando um ano no topo do hit parade de jazz, onde continua até hoje.

Gravado sem ensaios em um estúdio de apenas três canais, com menos recursos técnicos que qualquer adolescente tem hoje em casa, "Kind of Blue" tem uma qualidade sonora insuperável e, mais ainda, se ouvido em vinil.

"Kind of Blue" seria apenas uma das radicais inovações que o genio de Miles Davis introduziu no jazz e que o levaria a fusões revolucionárias com o hard rock em "Bitches Brew" e com o acid jazz e o hip hop, em 1992, com "Doo Bop".

Além de lindíssimo, "Kind of Blue" é um dos discos mais influentes de todos os tempos, que mudou radicalmente os rumos da história do jazz e abriu novos caminhos para o rock e até para a música clássica. E ainda hoje soa novo e revolucionário.