Blog do Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Atual Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. É o Reitor da UniRegistral. Palestrante e conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

Criticar é fácil

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Indiscutível o direito à liberdade de expressão, aí contida a crítica. Esta é saudável para fazer com que o criticado reflita, assuma suas responsabilidades, reconheça erros ou equívocos de percurso. Auxilia a lapidação da humildade, algo tão difícil para os egos convictos de sua superioridade.

Mas a crítica não pode ser leviana. Ela deve provir de quem, além de conhecer o assunto, está fazendo algo para melhorar as coisas. Depois de se envolver para o encaminhamento da solução, ao encontrar óbices, legítimo criticar e expor a impossibilidade de melhorar o panorama. A crítica gratuita, criticar por criticar, nada constrói.

Melhor seria que o crítico adotasse estratégias para melhor conhecer e poder intervir. Mobilizar recursos, gerar conhecimento, engajar pessoas para promover políticas públicas que estimulem ações em escala. Processos de intervenção e apoio são sempre bem recebidos. O importante é haver interação construtiva. Produzir conhecimento, promover relacionamentos, influenciar e monitorar políticas públicas, planejar, oferecer-se a gerir setores, tudo isso é saudável.

É preciso reconhecer que há prioridades e estas precisam ser discutidas. Discussão significa diálogo. Falar mas também ouvir. Argumentar e contra-argumentar. Nunca partir para a ignorância. Isso significa se servir da violência, que a nada leva e a tudo destrói. Leis físicas existem desde que o mundo é mundo e mesmo antes dele.

Toda ação provoca uma reação igual e contrária. Pode haver excesso de ambos os lados. Mas é urgente que a voz daquilo que teimamos em chamar “razão” seja ouvida nesta hora de exacerbação do dissenso. Em boa hora surge uma reflexão em torno ao mito do “homem cordial”, noção atribuída a Sérgio Buarque de Holanda e que nunca foi aquilo que passou a habitar a utopia ingênua dos tupiniquins.

Nunca fomos cordiais. Que o digam os acontecimentos lamentáveis e reiterados neste “País dividido por uma intolerância política e intelectual que não sabe senão transformar o interlocutor em cúmplice ou em inimigo”, como observou João Cezar de Castro Rocha, autor de “O Exílio do Homem Cordial”.

Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 23/10/2016
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.

Autor: Renato Nalini

Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. Atual Reitor da UniRegistral. Palestrante e Conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.

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