RIO — A menos de um mês do início oficial do carnaval, a Marquês de Sapucaí recebeu ontem milhares de foliões ansiosos para ver Ivete Sangalo, que será homenageada pela Grande Rio. A artista levantou a plateia ao cantar "Festa", "Poeira", "Sorte grande" e "Levada louca", acompanhada da bateria da escola de Caxias, que fez seu primeiro ensaio técnico no Sambódromo. Depois, ela cantou o samba-enredo da Grande Rio com o intérprete Emerson Dias.
— É com muito amor e orgulho que eu coloco meus pés na Sapucaí e na Grande Rio. Já vivi momentos muito especiais na minha vida, mas declaro que esse é o mais especial — disse a cantora baiana.
Uma hora antes do início do ensaio da Grande Rio, marcado para começar às 21h30m, os portões do Sambódromo precisaram ser fechados por conta da lotação. Ivete chegou à Sapucaí às 18h30m e foi para o camarote da escola. Ela só entrou na Passarela às 22h. No total, três escolas passaram ontem pela Avenida. A Império da Tijuca, do Grupo de Acesso Série A, abriu a noite. Na sequência, desfilaram os componentes da Beija-Flor, que animaram as arquibancadas.
BLOCOS ARRASTAM FOLIÕES NAS RUAS
O clima de carnaval também coloriu o restante da cidade. No Aterro do Flamengo, o azul, em homenagem a Iemanjá, predominou no ensaio do grupo Tambores de Olokum, que desfila coreografias e batidas inspiradas no maracatu. Ontem foi dia também de ensaio da Orquestra Voadora, perto do Museu de Arte Moderna (MAM), e do Agytoê, no Centro.
Depois de uma manhã e um início de tarde ensolarados, o som dos Tambores de Olokum atraiu muita gente que passeava pelo Aterro ou deixava a praia. Foi assim com o promotor de vendas Renato Dias, de 53 anos. Dali, iria direto com a mulher, Elenice, para ver os ensaios na Sapucaí.
— A gente estava na praia e começou a ouvir a batucada. Então, viemos conferir. Achei o bloco interessante. É tipo axé, né? — perguntou Dias.
O clima tranquilo também atraiu muitas famílias com crianças e bebês. A bibliotecária Sabrina Menezes, de 37 anos, ouvia os tambores sentada em uma canga com o filho Rafael, de apenas 2 anos, dormindo calmamente em seu colo. Moradora do Flamengo, ela costuma levar o pequeno para brincar no Aterro e os dois acabaram ficando por ali:
— A gente veio dar uma volta, mas quando escutamos, decidimos dar uma parada. O Rafael adora esse batuque. Quando chegamos, ele ficou brincando e dançando. O pré-carnaval para as crianças é muito mais tranquilo do que o carnaval em si.
Houve também quem acompanhasse o batuque para prestigiar os filhos, que participam das oficinas e dançam no grupo. Era o caso da pesquisadora Cláudia Teixeira, de 62 anos, que estava ali para ver a filha Elisa, de 36 anos, que começou a dançar no Tambores no começo do ano passado.
— Sempre vejo os ensaios deles. Eu gosto do movimento da dança, e a percussão é fantástica. Fico toda orgulhosa, é claro — derrete-se a mãe.
Já na Praça Tiradentes, o tom predominante foi o dourado, com direito a muita purpurina. É uma das marcas do Agytoê, que se apresentou ontem no bar do Nanam, um dos redutos boêmios que despontam neste pré-carnaval.
Por lá estavam os estudantes Carolina Soares, de 25 anos, e João Tabalipa, de 22, que já viraram fiéis frequentadores das festas do lado de fora do bar.
— Aqui tem um pessoal que já vem sempre. Gosto mais de vir aqui do que brincar no carnaval — disse Carolina.
A publicitária Taíza Mendonça, de 26 anos, foi conferir o ritmo do Agytoê porque está aproveitando ao máximo o período de pré-carnaval. Afinal, nos dias da folia oficial, ela vai viajar.
— A energia do bloco é muito boa. Adoro também as danças sincronizadas. Como não vou passar o carnaval aqui, estou vivendo o pré-carnaval como se fosse carnaval — conta Taíza.
Ontem à tarde, também foi o lançamento oficial da camiseta do bloco Imprensa que Eu Gamo, nas instalações das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). A roda de samba, comandada pelo músico Tomaz Miranda, homenageou os 45 anos da faculdade.