Economia Negócios

Vale sobe forte, mas ainda assim Ibovespa fecha em queda de 0,22%

Já o dólar comercial caiu 0,17%, cotado a R$ 2,2230 na venda

SÃO PAULO - Mesmo com o forte avanço da Vale, ajudada por dados positivos vindos da China, a Bolsa brasileira não conseguiu se manter em terreno positivo e fechou em queda. O Ibovespa, principal índice do mercado local, fechou em queda de 0,22%, aos 57.695 pontos. No mercado de câmbio, o dólar comercial também fechou em queda, a R$ 2,2230 na venda, recuo de 0,17% nesta segunda-feira.

— O mercado acabou realizando um pouco nesta segunda-feira. Isso é natural porque o Ibovespa está um pouco esticado, subiu muito nas últimas semanas, então ocorre essa realização de lucros — explicou Luciano Rostagno, estrategista do banco Mizuho.

A queda só não é maior devido à Vale, que subiu empurrada pelo anúncio de que os lucros industriais na China apresentaram elevação de 11,4% no primeiro semestre. O aquecimento da economia chinesa tende a beneficiar os mercados emergentes e as empresas produtoras de commodities. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da mineradora subiram 1,41% e os ordinários (com direito a voto) registraram alta de 1,35%.

Adriano Moreno, analista da Futura Invest, também concorda que, apesar da China, o pregão foi para realização de lucros.

— Se espera que uma nova pesquisa eleitoral, ainda nessa semana, possa dar uma movimentação mais firma na Bolsa. Já nos Estados Unidos, eles possuem gordura para queimar, por isso a queda neste pregão — afirmou Moreno.

Os investidores também repercutiram a nova pesquisa Focus, em que o Banco Central consolida as projeções econômicas do mercado financeiro. Pela nona vez consecutiva, foi apontada uma queda na expectativa de crescimento do PIB em 2014. No entanto, o efeito dessa notícia foi limitado porque o crescimento menor da atividade econômica já está na conta dos analistas.

No exterior, os índices fecharam em direções opostas, sendo que a principal notícia, além do temor em relação à situação entre Rússia e Ucrânia, foi o anúncio de que as vendas de casas pendentes do setor imobiliário dos Estados Unidos recuaram 1,1% - o esperado era uma queda de 0,8%. Na Europa, o índice DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 0,48% e o FTSE, da Bolsa de Londres, caiu 0,05%. Nos Estados Unidos, Dow Jones teve alta de 0,13% e Nasdaq caiu 0,10%.

— A Bolsa está em compasso de espera. Aguardando a ata do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), o PIB e a taxa de desemprego dos Estados Unidos. Além de uma nova pesquisa eleitora do Ibope, que deve sair a partir de quarta-feira — explicou Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

À espera de indicadores mais consistentes sobre a economia americana e uma nova pesquisa eleitora no Brasil, o volume financeiro também foi baixo, de apenas R$ 4,97 bilhões durante todo o pregão - a média do mês passado ficou acima de R$ 6 bilhões. Nesse cenário, a realização de lucros fica claro quando se olha as ações da Petrobras. Os papéis preferenciais da estatal operaram em queda de 1,65% e os ordinários recuaram 1,45%.

Entre as altas, destaque para a Gol, que anunciou nesta segunda-feira os dados operacionais de junho e da JBS, que fechou a compra das operações da americana Tyson Foods no México e no Brasil por US$ 575 milhões. Os dois papéis subiram, respectivamente, 5,37% - a maior alta do pregão - e 1,64%.

DÓLAR PERDE VALOR

No mercado de câmbio, o dólar comercial apresentou leve desvalorização diante o real. A moeda americana fechou cotada a R$ 2,2210 na compra e a R$ 2,2230 na venda, queda de 0,17%.

Para André Leite, gestor da Tag Investimentos, os movimentos de alta para a moeda americana não se concretizam ou são limitados devido aos leilões diários de contratos de swap (que equivalem a uma venda de moeda) feitos pelo Banco Central. Com isso, a moeda tem se mantido em torno de R$ 2,20 e R$ 2,25.

— A cotação do dólar definitivamente não reflete os fundamentos da economia, mas está nesse patamar por conta dos leilões. O ideal é que estivesse mais valorizado, entre R$ 2,40 e R$ 2,50 — afirmou, explicando que o BC está preocupado em manter o câmbio controlado para evitar maior pressão sobre os preços.