17/09/2014 07h00 - Atualizado em 17/09/2014 07h00

DF registrou dois casos da febre chikungunya, diz governo

Pacientes adoeceram em junho, em viagens a Haiti e República Dominicana.
Nesta terça, Ministério da Saúde confirmou contágio interno no Amapá.

Mateus RodriguesDo G1 DF

Vírus chikungunya é transmitido por mosquitos Aedes aegypty (no alto) e Aedes albopictus (Foto: Douglas Aby Saber/Fotoarena-AFP Photo/EID Mediterranee)Vírus chikungunya é transmitido por mosquitos
Aedes aegypti (no alto) e Aedes albopictus
(Foto: Douglas Aby Saber/Fotoarena-AFP
Photo/EID Mediterranee)

O Distrito Federal já registrou dois casos de febre chikungunya, doença viral com sintomas parecidos com a dengue e transmitida pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti. Segundo a Secretaria de Saúde, os casos foram confirmados em junho e os pacientes já foram medicados, não oferecendo mais risco de transmissão.

Os dois moradores do DF contraíram o vírus em viagens para o Haiti e para a República Dominicana, diz a pasta. Nenhuma caso de contágio ocorreu na capital federal.

Nesta terça-feira (16), o Ministério da Saúde confirmou os primeiros dois casos de transmissão do vírus chikungunya dentro do Brasil. Pai e filha foram contaminados em Oiapoque, no extremo norte do Amapá. Os casos de contaminação "importada" já chegam a 37, incluindo os dois registrados no DF.

Por nota, a Secretaria de Saúde informou ao G1 que as medidas de prevenção adotadas pelo governo "são as mesmas já realizadas no combate à dengue, onde são realizadas vistorias nas residências com visitas dos agentes comunitários, orientações, entre outras ações de manejo".

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, o governo prepara uma série de medidas de conscientização para evitar a disseminação da doença. "Vamos reativar a iniciativa do Dia D de Mobilização, ainda em 2014, para que as famílias consigam evitar, dentro de casa, os focos de mosquito", citou.

Outra medida citada pelo secretário é a expansão do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), índice que mede a presença do mosquito que transmite a dengue e o chikungunya. Segundo ele, o mapeamento é feito em cerca de 1,8 mil municípios, mas o ministério quer ultrapassar a marca de 2 mil municípios agora em outubro.

Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (Foto: Mateus Rodrigues/G1)Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde
do Ministério da Saúde (Foto: Mateus Rodrigues/G1)

"O índice sai em novembro, e dá aos prefeitos a informação detalhada por bairro, por região. Isso dá aos municípios cerca de dois meses para se preparar, antes que comece a transmissão. É o período para mutirão de limpeza, para a visita casa a casa", disse.

A doença chegou às Américas em dezembro de 2013, com um surto de infecção nas Antilhas. Até então, a transmissão do vírus era restrita a países da África e da Ásia, com casos isolados em outras partes do mundo.

Segundo o especialista em saúde do Banco Mundial, Fernando Lavadenz, a epidemia nas Américas preocupa pelo ineditismo. "Não há um histórico de anticorpos para o chikungunya, não há resistência natural à doença, fazendo com que a taxa de ataque do mosquito seja muito alta", afirmou, em entrevista publicada no site do órgão no mês passado.

Entenda a doença
A infecção é causada pelo vírus chikungunya (CHIKV) e provoca sintomas similares aos da dengue, porém com dores mais fortes, sobretudo nas articulações. No idioma maconde, do sudeste africano, a palavra chikungunya significa "aquele que se deita", em referência à prostração que acomete os pacientes por conta da dor e da febre.

Dores de cabeça e musculares também são comuns, além de manchas vermelhas na pele e febre repentina e intensa, acima de 39°C.

Apesar dos sintomas mais graves, o vírus tem baixa letalidade. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a OMS.

Em cerca de 30% dos casos, o paciente infectado não chega a desenvolver sintomas. O vírus afeta pessoas de qualquer idade ou sexo, mas os quadros tendem a ser mais graves em crianças e idosos.

Não existem subtipos identificados para o vírus, até o momento. Isso significa que, uma vez infectado, o paciente se torna imune ao chikungunya. O histórico de dengue do paciente não interfere na contaminação pelo vírus chikungunya, e vice-versa.

Sintomar da febre chikungunya (Foto: Reprodução/TV Globo)Sintomas da febre chikungunya
(Foto: Reprodução/TV Globo)

Transmissão
O vírus chikungunya é transmitido pelos mesmos mosquitos vetores da dengue. O Aedes aegypti é mais comum nas áreas urbanas, enquanto o Aedes albopictus predomina nas regiões rurais.

A vigilância e o controle da doença no Brasil começaram em 2010, quando foram identificados os três primeiros casos no país – todos “importados” da Indonésia e da Índia. Segundo o Ministério da Saúde, não há nenhum caso de transmissão dentro do Brasil.

Assim como a dengue, o vírus chikungunya não pode ser transmitido diretamente entre seres humanos. É preciso que o mosquito pique uma pessoa infectada, ainda durante a manifestação dos sintomas, e em seguida pique uma pessoa saudável.

Diagnóstico
A confirmação de infecção pelo vírus chikungunya requer exame de laboratório, que pode ser feito na rede pública de saúde. Vacinas contra o vírus ainda estão em fase de testes nos Estados Unidos, e não estão disponíveis no Brasil.

O Ministério da Saúde recomenda que os pacientes que apresentarem sintomas similares compareçam imediatamente a uma unidade de saúde. Casos não identificados com rapidez podem favorecer a transmissão do vírus em território nacional.

Tratamento
Assim como as demais doenças virais, não existe tratamento específico para o organismo invasor. As medicações apenas aliviam os sintomas de dor e febre. Os sintomas duram, em média, de 10 a 15 dias. Em alguns casos, as dores articulares podem permanecer por meses ou até anos.

Recomenda-se repouso absoluto e ingestão de líquidos em abundância. A automedicação é perigosa, porque pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro da doença.

Prevenção
Como ainda não existe vacina contra o vírus, o melhor método de prevenção está no combate à proliferação dos mosquitos transmissores. As recomendações são as mesmas já conhecidas para o combate à dengue: evitar água parada em baldes, vasos de plantas, ralos e outros recipientes.

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