segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A estória de um encontro inesperado

Sempre me disseram para que tu não conheças os teus ídolos. Sempre fui ensinado para não ter grandes expectativas, ter-as por baixo. Acredito nessa parte pelo simples facto de poderes ter uma boa surpresa. É o "copo meio cheio" do otimista. E gosto de ver as coisas com o copo meio cheio.

O meu fim de semana foi cheio. Houve o Leiria Sobre Rodas, um evento do qual assisto desde a sua primeira edição, e havia expectativas porque convidaram o Ari Vatanen, campeão do mundo de ralis em 1981, com o Ford Escort, e que maravilhou toda a gente com carros como o Peugeot 205 de Grupo B. E o pretexto era ótimo: este ano comemora-se os 50 anos do Rali de Portugal, um dos clássicos do automobilismo. 

E lá apareceram grandes máquinas. Esteve por lá o Ford RS200 do Joaquim Santos, o tal carro que causou o acidente da Lagoa Azul, que matou tres pessoas, na edição de 1986 do Rali de Portugal, e que foi um dos pregos no caixão do grupo B. O outro grande prego no caixão foi o acidente mortal do Henri Toivonen e do Sergio Cresto, e do qual andei a ler, durante o fim de semana, o comunicado da FISA que aboliu os Grupo B, na pagina da revista Turbo de junho de 1986, no meio das desgraças que foram aquele mês - não se pode esquecer do acidente mortal de Elio de Angelis, duas semanas depois...

Eu pensava que a minha grande chance tinha passado. Fui a outra apresentação na tarde de sábado, e decidi ir à noite, para ver os carros. O resto, ia-se vendo.

O domingo é sempre o dia destinado ao desfile final. Sempre tiro fotos disso e à aquela hora, estavam milhares de pessoas a ver os carros e as motas a passar. Só que por cima de nós, o tempo estava a mudar, para um cinzento ameaçador. Quando cairam os primeiros pingos de chuva, as pessoas foram-se embora, em debandada. E eu comecei a marchar para casa, mas vendo o desfile e a fotografar os carros que estavam pelo caminho. 

Depois, vi um carro da policia a escoltar um "Jeep". Decidi tirar uma foto desse jipe, ignorando o visitante ilustre. Quando vi, em cima de mim, reparei o que via, e decidi segui-lo, até que pararam, porque o desfile... tinha causado um engarrafamento. E lá estava, o único ídolo ainda vivo que poderia conhecer. E troquei algumas palavras e uma selfie. E ele disse uma coisa com razão: que nós, portugueses, somos um povo acolhedor e era por isso que nos adorava.

Tudo isto não durou mais do que um minuto. E o Vatanen era exatemente aquilo que muitos dizem dele: uma jóia de pessoa. para além de ter sido um piloto e pêras, com uma carreira muito distinta.

E sim, gostei de conhecer o meu ídolo. Volte sempre!

Post-Scriptum: a minha foto do momento é deploráveil, mas tentem tirar fotos de objetos móveis a partir de um telemóvel que poderia ficar sem energia a qualquer momento...  

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