01/07/2015 08h22 - Atualizado em 01/07/2015 12h44

Grécia confirma que apresentou nova proposta aos seus credores

Grécia não pagou parcela de € 1,6 bilhão de dívida que venceu na véspera.
Primeiro-ministro grego se mostra aberto a algumas concessões.

Do G1, em São Paulo

Em meio à crise para pagamento de dívidas, o governo grego confirmou nesta quarta-feira (1º) que enviou na véspera aos credores "uma nova proposta [de acordo] com uma série de modificações" em relação à que foi apresentada. Para ajudar a Grécia, os credores exigem várias medidas de austeridade. O documento, que foi obtido pelo jornal britânico "Financial Times", rejeitou aumento do imposto cobrado em hotéis, mas concordou com reduções de gastos e com reformas.

"A nova proposta do governo grego pede um novo acordo que defina as questões de financiamento, com o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), para que a dívida seja viável e favoreça uma perspectiva de crescimento", afirma em um comunicado uma fonte do governo. O objetivo, destaca, é "chegar a um acordo reciprocamente benéfico".

Pensionistas gregos se espremem em filas para sacar parte de seus benefícios  (Foto: Reuters)Pensionistas gregos se espremem em filas para sacar parte de seus benefícios (Foto: Reuters)

A Grécia não pagou a parcela de € 1,6 bilhão de sua dívida que venceu às 19h (horário de Brasília) desta terça-feira (30) e entrou em moratória (atraso). A informação foi confirmada pelo FMI, credor do pagamento, poucos minutos depois do vencimento do prazo. O país é a primeira economia avançada a ficar em atraso com o órgão.

A nova proposta de acordo enviada nesta terça estava acompanhada de uma carta do primeiro-ministro Alexis Tsipras à União Europeia, ao Banco Central Europeu (BCE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na texto ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao presidente do BCE, Mario Draghi, e à diretora gerente do FMI, Christine Lagarde, Tsipras detalha as propostas gregas, explicando que o IVA (imposto) deve permanecer em 13% para os hotéis, e não 23%, como desejam os credores.

 

Também afirma que seguirá em vigor a redução do IVA nas ilhas gregas, um dos pontos de divergência nas negociações entre Atenas e os credores.

Atenas propõe ainda a aplicação a partir de setembro da reforma do setor trabalhista, com o retorno das convenções coletivas, suprimidas como parte das medidas de austeridade dos últimos anos.

O primeiro-ministro se mostra, no entanto, aberto a algumas concessões, como a redução dos gastos militares em € 400 milhões, e não em € 200 milhões, como desejava a princípio.

Também está disposto a adotar uma reforma previdenciária a partir de outubro de 2015.

Zona do euro resista
A Eurozona "pode resistir" aos efeitos da crise grega graças aos passos dados nos últimos anos, que a tornaram mais forte, afirmou nesta quarta-feira o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.

"Aconteça o que acontecer com a Grécia, estou convencido de que a união monetária e econômica será capaz de resistir" às consequências, afirmou em uma coletiva de imprensa em Bruxelas.

RESUMO DO CASO:
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do FMI e do resto da Europa
- Nesta terça-feira (30), venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. O país depende de recursos da Europa para conseguir fazer o pagamento.
- Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e pensões para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu nesta terça-feira
- Nesta terça, o governo grego apresentou uma nova proposta de ajuda ao Eurogrupo
- No final de semana, o primeiro-ministro grego convocou um referendo para domingo (5 de julho). Os gregos serão consultados se concordam com as condições europeias para o empréstimo.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos ficarão fechados nesta semana para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- Se a Grécia não pagar o FMI, entrará em "default" (situação de calote), o que pode resultar na saída do país da zona do euro.
- A saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da Zona do Euro.
- Se o calote realmente acontecer, a Grécia deve ser suspensa do Eurogrupo e do conselho do BC europeu.
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na região. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.

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