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Análise: Em Guy vs The Wicked and Nefarious Land (PC), você é o Cara!

Enfrentar inimigos em uma terra nefasta só para provar que você é a pessoa mais incrível do mundo. Tudo isso em um hack ‘n slash com gráficos cartunescos.

Minha vó já dizia que, com certas pessoas, não dá para brincar de esconde-esconde, de tanto que elas se acham. Provavelmente, ela não conhecia Guy. Literalmente, Guy é o Cara. O melhor espadachim, o maior lutador, o maior herói e o maior galanteador do reino. Pelo menos, é o que ele acha e o que ele quer provar para o rei, até porque ele deseja a mão da princesa em casamento. É assim que a hilária história de Guy vs The Wicked and Nefarious Land começa. Um divertido indie, feito pelos brasileiros da Cog Monkeys e disponível no SplitPlay.

Cinco masmorras, um (único) objetivo

O jogo gira em torno da missão de Guy de enfrentar os perigos das cinco masmorras da Wicked and Nefarious Land. Todas estão dispostas em um organizado mapa-múndi e, por mais que pareçam pequenas vistas de longe, são gigantes. Cada uma delas tem várias salas com uma quantidade enorme de monstros, e cada sala pode ser completada de três formas diferentes: destruindo uma quantidade predeterminada de inimigos, sobrevivendo por um certo tempo sem morrer ou passando por uma quantidade de “waves”, com vários inimigos, bem semelhante ao gênero tower defense.


Alguns — mesmo que poucos — ambientes ainda contam com puzzles bem simples para serem resolvidos; temos como exemplo alguns baseados em Sokoban e outros em acertar uma sequência já determinada, desafio clássico da série Zelda. Além disso, é possível fazer o seu próprio percurso pela masmorra, criando caminhos diferentes que podem dar em mais salas com inimigos ou enigmas de lógica.

Uma jogabilidade digna do Cara

Guy vs The Wicked and Nefarious Land é um digno hack ‘n slash, ou, como você pode preferir, aquele jogo em que aparece muitos inimigos e você deve mandar todos dessa pra melhor. Guy tem, à sua disposição durante a aventura, três espadas, três lanças e três machados, totalizando apenas nove armas. Não que isto atrapalhe, mas você não terá muitas opções. A quantidade pequena se mostra igualmente nas magias, nas quais apenas três estão disponíveis também; entretanto, estas, por serem muito diferentes e permitirem melhora, se tornam ótimas opções. Outros equipamentos, além das armas, podem ser comprados em duas lojas disponíveis no mapa-múndi.

Para compensar, o game tem uma das jogabilidades mais fluidas que eu já vi em jogos indie. E o melhor: usando apenas mouse e teclado! Você pode usar só mouse, só teclado ou os dois juntos para movimentar o personagem e controlar sua mira. E ainda, mesmo com vários inimigos na tela, o jogo não trava, possibilitando uma experiência tranquila, na qual você só vai se estressar com os próprios inimigos. Estes e principalmente os chefes seguem um estilo muito parecido com Zelda, onde cada um possui um ponto fraco a ser descoberto e seguido.


Aliás, eu já falei que o jogo é difícil? Por mais que tenham duas dificuldades (Kid e Hard), se você não for uma pessoa com muita habilidade nas mãos, provavelmente vai tomar um tempo nas salas com um maior número de inimigos. O que salva é a belíssima e interessante forma que o pessoal da Cog Monkeys decidiu tratar da energia de Guy: em vez de uma barra de HP, é um sistema de vidas que entra em jogo. Você equipa um amuleto que te permite reviver uma certa quantidade de vezes e tem que tomar cuidado para não levar este número de golpes fatais. Uma novidade muito bem-vinda.

Como se fosse um desenho animado

A história do título já é algo bem engraçado, com um cavaleiro medieval enfrentando vários perigos não para salvar o mundo ou proteger o reino, mas apenas para mostrar que ele é o bom e levar a princesa pra casa. Some isso a várias e várias referências a filmes, jogos, desenhos e séries e você terá dado boas risadas até o fim de sua aventura com Guy.


Os gráficos não seguem um estilo convencional: são todos desenhados a mão, por pintura digital. Isso dá um toque especial ao conjunto e fica muito bonito, principalmente nas cenas do começo do jogo e antes das lutas com os chefes. Além disso, faz parecer um verdadeiro desenho animado, que combina com toda a atmosfera disposta no jogo.

Muitos extras e alguns problemas

Há também alguns extras durante o gameplay que dão uma experiência diferenciada. Existe, além de um bestiário com a informação de todos os monstros já conhecidos, a possibilidade de invocar qualquer um deles para treinamento. No caso, como não existe pontos de experiência, são apenas para que o jogador aprenda a lidar com os inimigos. Ainda na ideia de modos bônus, ao encontrar certas relíquias, é possível liberar mapas extras, com desafios não encontrados nos calabouços.

Somado a tudo isso, a versão do jogo disponível para compra no SplitPlay vem com um artbook especial do game, toda a trilha sonora e um manual completo, com todas as estratégias de jogo, no melhor estilo Super Nintendo/Mega Drive. E, claro, por ser uma produção brasileira, todos os diálogos e nomes do jogo estão em português, com exceção apenas para os menus.


Entretanto, mesmo com todos esses atributos que variam a experiência de jogo em cada sala, todos os diferentes inimigos, o game se mostra repetitivo às vezes. Tudo bem que o próprio gênero do hack ‘n slash não traz a variedade como ponto principal, mas, muitas vezes, falta um pouco de variedade. Nos cenários e nos gráficos, por exemplo, é possível encontrar certos vasos ou amontoados de ossos que se repetem em todas as salas da maioria das masmorras, e na própria jogabilidade, que muitas vezes dá vários e vários inimigos para matar sem ter um objetivo menos distante que apenas chegar ao fim do calabouço.

The Best Guy in the Land

Guy vs The Wicked and Nefarious Land é um jogo hilário e, mesmo com seus problemas, vai te divertir por várias horas. Afinal, quem não quer ajudar um cara que se acha tão orgulhoso ao ponto de não precisar de ajuda? Ele está disponível no SplitPlay por um preço bem amigável. Está pronto para ser o Cara e ganhar a mão da princesa?
Está pronto para aceitar o desafio do rei?

Prós

  • História engraçada e cheia de referências;
  • Jogabilidade fluida e com várias opções de controle;
  • Sistema de vidas (em vez de HP) é muito bem-vindo;
  • Alguns puzzles e sistemas das salas quebram um pouco a monotonia das batalhas;
  • Gráficos cartunescos dão um toque especial ao jogo;
  • Pacote com artworks, trilha sonora e manual;
  • Um Cara com um ego mais inflado que o Snorlax.

Contras

  • Apenas nove armas para escolher;
  • Vários elementos das masmorras são constantemente repetidos;
  • Jogo se torna repetitivo depois de tantas batalhas;
  • Experiência de jogo pode ser cansativa depois de muito tempo nos calabouços.
Guy vs The Wicked and Nefarious Land - PC - Nota: 7,5
Revisão: Catarine Aurora
Capa: Stefano Genachi

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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