PCdoB, PT e Psol são contra moção da Câmara sobre Venezuela 

PT, PCdoB e Psol são contra moção de repúdio a prisão de prefeito de Caracas aprovada pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (25). A moção de repúdio à Venezuela, apresentada pelo PSDB, causou polêmica em Plenário. A proposta pretende repreender o país vizinho por conta da prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, opositor do governo de Nicolás Maduro. 

PT, PCdoB e Psol são contra moção da Câmara sobre Venezuela - Agência Câmara

 O deputado Padre João (PT-MG) disse que o Legislativo não deve interferir em atos de países vizinhos. "Não nos cabe ingerência em relação ao governo da Venezuela", disse. Ele acusou PSDB e DEM de golpismo. "Estes que estão apoiando a moção vêm querendo ferir a nossa democracia em um terceiro turno, falando em impeachment", criticou.

O PCdoB e Psol apoiaram o PT. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) desmentiu a oposição de que o governo brasileiro não tenha se manifestado sobre a situação na Venezuela. “Essa é uma atitude de desconhecimento inaceitável para quem quer fazer política a sério. Diplomacia é coisa séria e não pode ser objeto de demagogia”, disse o parlamentar.

Nota oficial

E, pedindo atenção dos líderes da oposição, leu a nota oficial do Governo brasileiro sobre a situação na Venezuela:

“O Governo brasileiro continua a acompanhar com grande preocupação os acontecimentos na Venezuela, em especial por meio da Comissão de Chanceleres da Unasul, integrada pelos Chanceleres do Brasil, Colômbia e Equador, e por contatos diretos com o governo venezuelano. São motivos de crescente atenção medidas tomadas nos últimos dias, que afetam diretamente partidos políticos e representantes democraticamente eleitos, assim como iniciativas tendentes a abreviar o mandato presidencial.

O Governo brasileiro considera imperiosa a pronta retomada do diálogo político auspiciado pela Unasul, por meio da Comissão de Chanceleres, que tem contado com o decidido apoio da Santa Sé. Nesse sentido, reitera sua disposição de contribuir de forma ativa com o governo venezuelano e com todos os setores envolvidos na Venezuela para a retomada desse diálogo.”

O último parágrafo, ainda, diz:

“O Governo brasileiro insta os atores políticos venezuelanos, assim com as forças sociais que os apoiam, a absterem-se de quaisquer atos que possam criar dificuldades a esse almejado diálogo. A finalidade última é ajudar a Venezuela, no marco da sua Constituição, a desenvolver as condições para que o país possa retomar o seu desenvolvimento econômico e social em clima de paz e concórdia.”

Apoio do PCdoB e Psol

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder do Partido na Câmara, votou contra a moção, explicando que “o PCdoB com os seus 93 anos de vida sempre defendeu a liberdade e a democracia, mas também defende a autonomia dos povos e dos governos constitucionalmente eleitos. Não acho, portanto, que o Parlamento brasileiro tem de imiscuir-se desta forma, repudiando um Governo. Ele deve defender a democracia, o diálogo, a mediação e a paz.”

Em seguida, o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ) se manifestou sobre o assunto, criticando que seja levado para discussão “a disputa imediata e conjuntural aqui dentro do Brasil, porque na verdade se trata de opor essa moção que o Parlamento aprovaria à postura, considerada tíbia ou tímida, por muitos da diplomacia brasileira. Nós não vamos entrar nesse jogo”.

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Do Portal Vermelho
de Brasília, Márcia Xavier