8 dicas para quem quer ser observador técnico
 
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8 dicas para quem quer ser observador técnico

Caro leitor, já leu o livro Observar para Ganhar? Se é ou pretende ser olheiro ou observador técnico, este é o livro que recomendo, sendo, no mercado atual em Portugal, o melhor livro do género. O livro refere imensos assuntos relacionados com a observação de jogo, assim como oferece uma excelente visão de jogo acerca daquilo que é o Scouting e tudo o que está relacionado. 

Geralmente, os Scouters, ou observadores técnicos, são especialistas no que diz respeito ao Scouting. Por outro lado, os treinadores, mesmo sendo especialistas em outras áreas, devem também compreender como funciona o Scouting, de forma que possa compreender os dados que lhe são transferidos do departamento de Scouting. Findo isto, vamos perceber o que o observador técnico necessita para exercer a sua função da melhor forma possível. Mas antes de nos virarmos para o assunto, vamos apenas rever uma coisa muito importante no que diz respeito ao Scouting: ter um departamento de Scouting num clube, influencia o clube? A resposta, obviamente é sim. E acrescento, ter ou não ter um departamento de Scouting influencia muito. Para quem é treinador, reconhece perfeitamente qual é a importância de conhecer a equipa adversária, assim como reforços que possam juntar-se à equipa. Esta questão é tão simples quanto complexa.
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1. Conhecer o treino


Existe uma relação entre treino e observação, sendo esta relação muito importante para um ponto que vamos ver mais adiante. Qualquer observador necessita saber treinar, especialmente se a sua função passa por analisar adversários. Existe uma razão em particular para este argumento, uma vez que o treino potencia a capacidade de visão do observador. Observar um jogo obriga-nos a procurar vários detalhes em várias zonas do campo. Treinar obriga-nos a analisar os detalhes e os pequenos princípios de jogo, o que nos faculta a visão de jogo, a concentração, e capacidade de análise de diferentes situações. Treinar, para observadores de jogo, é por isso vantajoso.

2. Ter currículo


Hoje em dia, não há oportunidades para quem não tem currículo. Isso é um facto. Mas se não houver oportunidades, não podemos estender o nosso currículo. Isso não necessita propriamente de ser verdadeiro, pois as oportunidades não aparecem, mas procuram-se. Vamos supor que, para ser treinador de uma equipa sénior, que necessitamos que determinadas formações, às quais precisamos de experiência para participar nessas formações. Será que vale a pena esperar que as regras sejam alteradas e que abram portas a quem não tem experiência? Se realmente queremos ser treinadores ou observadores, precisámos de currículo, e precisamos de lutar para o ter, porque, quando começamos por baixo, a concorrência é muita, e quando subimos, a concorrência é menor, mais muito mais feroz. Então, para termos sucesso, precisamos construir um currículo, acima de tudo válido. Esta fase trará experiência para vencer os maiores desafios, bem como conceder as oportunidades com que sempre sonhamos. Acompanhar uma equipa de graça? Esqueça essa mania atual. Se o leitor deseja trabalhar no futebol, seja treinador ou observador, saia de casa e vá acompanhar uma equipa, sem medo. De outra forma, nunca será convidado para lado nenhum. Palavras duras, mas reais!

3. Ser concentrado mentalmente


Uma das tarefas mais difíceis, é manter-se concentrado. Ter capacidade de concentração necessita muitas horas de observação, e como tal leva tempo. É natural, para quem está a iniciar na área, que não consiga observar um jogo por completo e retirar todos os detalhes possíveis. A meio do jogo, naturalmente vamos ficar cansados e deixamos de estar concentrados. Mais um facto, mas que pode ser resolvido. Faça imensos relatórios de jogos, pela televisão ou ao vivo. Procure por exercícios de concentração e busque por alimentação que melhore a sua concentração mental. Ser capaz de observar e analisar um jogo por completo, não é impossível, isso lhe garanto.

4. Ter disponibilidade


Existe uma vantagem e uma desvantagem do observador em relação à maior parte dos empregos comuns: viajar. Conhecer locais e pessoas novas, ver o mundo, e aprender com diferentes culturas é uma das melhores vantagens que ser observador pode trazer. No entanto, para ser um observador profissional, é necessário ter disponibilidade para viajar, mesmo que isso implique dormir fora de casa. É verdade que temos a parte do escritório, mas precisamos de viajar, às vezes dezenas ou centenas de quilómetros, para visitar uma equipa. Eu mesmo já o fiz, e fiz com gosto. Mas, quando se tem mais de uma profissão, seja para ganhar mais uns trocos como é feito nas ligas mais pequenas, essa disponibilidade nem sempre existe. Portanto, já sabe: se pretende ser observador profissional, terá de o ser a tempo inteiro.

5. Manter-se atualizado


Não são apenas os treinadores que devem seguir esta regra. Todos os trabalhadores, seja qual for a área de trabalho, devem manter-se atualizados, uma vez que o mundo está em constante evolução. No futebol, novas metodologias, filosofias e novas estratégias são inventadas e alteradas todos os dias. E este ritmo vai continuar a crescer. Por exemplo, há 10 anos atrás, não havia tantas equipas que praticavam a posse de bola e os princípios de jogo. Mas, desde que Pep Guardiola, José Mourinho, e maios alguns treinadores decidiram inovar, até os clubes pequenos tem os seus métodos de jogo e treino daquilo que existia há 10 anos atrás.

6. Ter visão de jogo apurada


Um observador de jogo, logicamente, precisa ter uma visão de jogo apurada. Precisa reconhecer o comportamento das equipas nas várias fases de jogo e nos vários momentos e, se não for capaz de compreender o jogo por completo, deve pelo menos compreender o que vê no campo. Uma das piores coisas que um observador pode fazer, não é deixar alguns pormenores por observar (também é mau), mas uma das piores que os observadores podem fazer é perceber mal o que se passa em campo.

7. Ser influente na linguagem escrita e falada


Os observadores são responsáveis por transmitir imensa informação para a equipa técnica ou para o departamento de Scouting. Por isso, essa informação deve ser transmitida de forma organizada, legível e compreensível, para que possa ser recebida da melhor forma. No que diz respeito à comunicação de uma mensagem, existe um emissor da mensagem, um recetor e um meio para transmitir essa mensagem. Os observadores, são os emissores da mensagem, e para que esta chegue em condições aio recetor, deve ser transmitida com qualidade, ou neste caso, deve existir um meio para a transmitir.

8. Observar em função da equipa


Nem sempre é necessário observar uma equipa em função daquilo que esta faz em campo. Na verdade, mais necessário do que isso, é necessário observar o adversário em função da nossa equipa. Com isto não digo que não devemos deixar de observar uma equipa por um todo, mas observar os pontos-chave que encaixam na nossa equipa. Por exemplo, vamos supor que um dos métodos de atacar da nossa equipa, passa por explorar as costas da defesa. Então, ao observar o nosso adversário, vamos ver como se comporta a defesa, para saber se é possível impor o nosso método de ataque. Vale o mesmo dizer que observamos os pontos da nossa equipa com os pontos da equipa adversária, e procuramos encaixes que vão de encontro à nossa forma de atacar e defender.