Logo depois que soubemos que iríamos morar fora do Brasil, um amigo disse que eu me sentiria como se estivesse em férias permanentes. Depois de pouco mais de 2 anos, não é exatamente essa a minha sensação, mas é parecida.
Aqui em Tóquio me livrei de todas as causas desnecessárias de stress. Mesmo sabendo que um terremoto pode acontecer a qualquer momento, vivo sem medo. Ando distraída pela rua sem nenhuma preocupação. Deixo meus filhos brincarem livres em um parque público enquanto leio um livro. Não preciso ter carro aqui, me livrei da tensão no trânsito. Tenho a escolha de me locomover de metrô, ônibus ou bicicleta, e sempre sei exatamente a que horas vou chegar ao meu destino. Nunca mais tive que correr ou me atrasar para um compromisso. Se preciso pegar um táxi, tenho a certeza de que o motorista é de confiança e não vai cobrar a mais. Aliás, se por um acaso ele erra o caminho, devolve a diferença.
Não é uma sensação de estar em férias, é a experiência de viver em um país que me proporciona direitos básicos. Sinceramente: isso é pedir muito? Poder ir e vir com liberdade, sem medo; poder compartilhar o espaço público em harmonia com os outros cidadãos; ser tratada com respeito e cordialidade; morar em uma cidade limpa; ter à disposição diversão gratuita no fim de semana nas inúmeras praças e parques impecavelmente administrados.
Conversando com uma amiga alemã hoje eu tentava explicar um pouco o que escrevi acima. Ela não conseguiu entender porque nunca viveu tendo sua energia sugada pelos pequenos e grandes problemas que corroem o dia-a-dia do brasileiro. Enquanto eu estava imersa no caos do meu tão amado e maltratado Rio de Janeiro, não me dava conta do quanto eu era consumida um dia depois do outro. Ter que pagar uma conta no banco enfrentando uma fila imensa e a falta de educação de uma atendente; pisar em uma poça de esgoto em um dia de chuva ou voltar de um dia na praia e não encontrar a minha bicicleta. É claro que tudo isso e muito mais já aconteceu comigo, faz parte da rotina do carioca, é normal. Vivi toda a minha vida assim e, anestesiada, quase não me indignava mais. Pois agora confesso que estou cada vez mais revoltada com o que eu aceitava resignadamente. Não, não é normal. Normal é ter a liberdade de andar distraída.
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Um alerta: O mundo todo já não é mais assim, seguro como vc está descrevendo. Moretti na Europa em 2007 onde fiz um pós-doutorado e, como vc, tinha essa sensação de segurança. No entanto, hj minha filha faz doutorado em uma cidade pequenos do interior da Irlanda e já teve duas bicicletas furtadas (mesmo usando correntes para atá-las aos postes). Além disso, no dia 25 de Junho de 2015, tive a infelicidade de ter meu carro arrombado e nossos objetos pessoais furtados, em uma estradinha vicinal, sem movimento, no Luberon, Provence, França. Descemos do carro para tirar fotos nos campos de lavanda e ficamos uns 10 minutos entretidos com a beleza do lugar. Bastou para ocorrer o furto que transtornou nossa viagem.
certo que era um BR passando por ali
Eu te entendo, o mundo nao é e nunca foi um Mar de rosas. Mas sim, essa liberdade que ela fala, eu entendo. Morando na China, tenho essa liberdade, quando morei na Alemanha tambem, é diferente, é uma sensacao de ter os seus direitos basicos respeitados. Ladrao tem no mundo inteiro, sem duvidas, mas a frequencia com que ocorrem é que muda.
Acredito que o Brasil precise de um governo forte, bem intencionado, que o transforme numa Singapura. Este minusculo país tornou-se um dos tigres asiáticos, Mesmo com 3 etnias, dizem ser ordeiro, seguro e limpo. Isso tudo tem um preço,claro. Um preço alto…que acredito que a maioria dos brasileiros não queira pagar.
Deveria ser um direto de todos!!
É engraçado ver como algumas pessoas simplesmente não aceitam o fato do Brasil ser o q é e preferem viver a ilusão de q o Brasil é um país civilizado. Moro nos Estados Unidos, morei na Argentina e na Índia e sei exatamente o q a autora deste artigo quer dizer. O problema do Brasil não está nos políticos particularmente, ou no governo, mas no brasileiro, nas pessoas. Os políticos são apenas um estrato da população, não vieram de outro planeta, nem mesmo de outros países. São brasileiros como milhões q fariam a mesmíssima coisa se estivessem no lugar deles. Infelizmente, a falta de caráter é algo q acomete grande parte da população. Claro q existem pessoas honestas, mas é a minoria. Costumo dizer q os Estados Unidos é uma nação de pessoas honestas, e q tem desonestos, porém o Brasil é um país de desonestos, q tem pessoas honestas.
perfeito! as pessoas aqui reclamam dos políticos como se fossem meros espectadores. Mas todos foram eleitos! e fazem leis em benefício próprio há décadas. O executivo é corrupto, o legislativo é corrupto, o judiciário é corrupto e o povo se deixou contaminar. O que dizer de um eleitor que vende seu voto por 50 reais?? aqui a única coisa que fazem é piada o facebook e no dia eleição votam errado novamente.
Não aceito e me oponho totalmente ao seu comentário, a maioria de nós é sim honesta e sinto muito q brasileiros como você nos julgue dessa maneira, temos q aprender a exigir nossos direitos e escolher melhor nossos dirigentes, mas temos mto q nos orgulhar desta pátria q abriga a todos sem preconceito como o fazem países q vcs enaltecem tanto e q se julgam ou se julgaram com direitos de dominarem e tirarem a soberania alheia. Aliás vide o ataque dessa semana dos EUA contra os MSF. Mto digno não é? Como disse Obama, foi efeito colateral. Caiam do seu pedestal.
O imprescindível diálogo | Miscelânea
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Os Estados Unidos não é uma nação de pessoas honestas. Os Estados Unidos é uma nação onde a lei tem que ser rigorosamente cumprida. Lá, quem não cumpre a lei vai ser punido e ponto final. Não é porque as pessoas lá sejam honestas. Se você nasce e cresce em um país onde ser desonesto é passível de punição real, isso se torna desde cedo parte de você, é um condicionamento social.
Outra coisa: a política externa dos Estados Unidos também está longe, muito longe de ser honesta!
Não concordo com a generalizacao, não acho que seja um país de desonestos mas nossa cultura e da “farinha e pouco, meu pirao primeiro, a cultura da sobrevivência, cultura truculenta do puxão e do empurrao. Eu também moro há 25 anos fora do Brasil e fico chocada toda vez que visito minha familia.
maria onde e esse paraiso sò vc encontrou me conte esse milagre sera que vc encontrou o jardim do eden ..rs..rs
Olá… vivo na China e sempre digo que o bem mais precioso que tenho aqui é a liberdade, o direito de ir e vir, a qualquer hora do dia e da noite. E olhe que a China não é tão civilizada como o Japão…rs, se é que você me entende…rs
Abraço e parabéns pelo post.
Nossa, vc falou td. Viver sem preocupação, distraída e o maior bem que adquiri ao vir morar na Nova Zelandia. Tenho indignação profunda de não poder usufruir da mesma qualidade de vida no Brasil sendo que temos todos os recursos e coletamos impostos mais do que suficientes para proporcionar o funcionamento adequado do país. É uma pena.
Esse ano morei por 3 meses no Vale do Silício na Califórnia USA situação parecida com a de Tóquio até mesmo com possibilidade de terremotos. Nas últimas semanas eu me sentia em equilíbrio com a rotina e me fazia bem. No retorno voltei a viver a nossa realidade e pelo menos por um mês meu astral não foi nada bom. Essa readaptação não é simples porque a experiência é minha e não dos outros e exige uma tentativa de mudança que se sabe não vai existir porque aqui há muitos anos se planta um modelo cultural de se aproveitar de tudo o que pode estar ao alcance sem nenhuma percepção de merecimento, institucionalizado de cima para baixo sem que haja qualquer possibilidade de controle por um modelo de legislação que estimula essa cultura perversa. Muitos defendem que é nosso modelo de colonização e está aí há 500 anos. Na Califórnia verifiquei que as pessoas de vários países que para lá vão com culturas sabidamente diferentes se adaptam fácil o que mostra que a população segue os modelos uma prova de que essa mudança tem de vir das pessoas que são referência em especial dos que estão na mídia para que a partir dela se propague bons modelos.
Parabéns. Para nós, simples mortais, permanecemos aqui tentando fazer algo melhor por nossa Pátria, herança de nossos filhos!!
Venho conversando mto sobre essa liberdade… temos um RJ e todo País lindo, fatiado prós governantes Internacionais, ou seja, vendidos.. pela corrupção dos nossos governantes ambiciosos.
Eles esquecem que a sucata que estão deixando o Brasil, tb será o mesmo aos seus ascendentes..
Que bom que vc teve a oportunidade e opção em viver com qualidade de vida. Felicidades!
Eu moro numa cidade linda…Tranquila, as crianças brincam na rua, e a gente se senta na frente das casa nas tardes mornas e ensolaradas, quase não há barulho de carros e podemos sair sem pressa, sabem onde é? No meu Brasil, lindo, maravilhoso…
Onde Maria Teresinha ? Preciso encontrar esse oásis nesse nosso país que amo, mas que estou quase desistindo dele, após sofrer tantos assaltos…
Se chama Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Parana nas cidades menos populosas. É obvio que não irá encontrar os shoppings, trocentas lanchonetes, mercados abertos nos finais de semana após o meio dia e inúmeras outras coisas. Mas é nestas cidades que você encontra o verdadeiro Brasil, e não aquilo que norte americano e europeu ou qualquer outra “civilização” fala de nós, favela não é brasil, muito menos samba e funk.
Nas cidades pequenas que não estão nos estados capitais. Santa Catarina, Parana e Rio Grande do Sul tem cidades maravilhosas para se viver.
Pena que a Mª Teresinha disse o que disse e sumiu, deixando todos um “pouco” séticos.
onde e esse lugar maravilhoso ?????
Só clicar no nome dela, vai direto para o face, ela mora em Vacaria RS
Como assim, “verdadeiro Brasil”, Bruno Luiz K.?
Não há um “verdadeiro Brasil”! O Brasil é toda essa mistura étnica e cultural maravilhosa que nós temos. Não somente no sul, mas no sudeste, no nordeste, no norte e no centro-oeste.
Sinto muito, mas você precisa aceitar isso: o Brasil é grande demais para esse seu bairrismo…