Jornal da ABI 370

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FRANCISCO UCHA

ELIAKIM

A RAUJO

É importante estar sempre na luta, nunca se acomodar POR FRANCISCO UCHA Uma pergunta despertava minha curiosidade, assim que conheci a voz de Eliakim Araujo ouvindo a programação da Rádio Jornal do Brasil, nos anos 1970: por que um locutor com aquela impostação ainda não estava na tv? Não digo, com isso, que a Rádio JB não fosse o veículo apropriado para o seu talento. Mas havia um movimento na televisão brasileira da época em busca de novos apresentadores para os telejornais e a voz de Eliakim certamente não poderia passar despercebida. E não passou. Nesta entrevista ao Jornal da ABI, realizada num lindo dia ensolarado na Flórida, em sua casa situada num condomínio à beira de um lago em Penbroke Pines, Eliakim esclareceu essa dúvida e contou muitas histórias importantes dos bastidores da imprensa da época. O locutor e redator da Rádio JB falou de sua rebeldia, dos momentos que marcaram sua profissão durante a ditadu-

ra, da tensão que viveu na Rede Globo ao apresentar o Jornal da Globo ao lado da mulher, Leila Cordeiro, e da felicidade das mudanças. Sim. Aconteceram muitas. A maior de todas: aceitar o desafio de vir para Miami apresentar a versão em português do CBS Telenotícias. Agora, comemorando 50 anos de carreira em plena atividade, Eliakim Araujo fala com entusiasmo dos novos projetos. E Leila Cordeiro nos dá a alegria de sua presença ao chegar no final da entrevista a tempo de expor algumas de suas opiniões. Foi uma tarde muito agradável, mas que deixou aberta uma nova questão: com tantos canais na tv por assinatura do Brasil, infestada de programas mal produzidos, por que não há espaço para um programa produzido em Miami pelo primeiro casal-notícia da tv brasileira? Isso eles não souberam responder.

JORNAL DA ABI – VAMOS RESGATAR UM COMO FOI O SEU INÍCIO PROFISSIONAL?

POUCO DA SUA HISTÓRIA?

Eliakim Araujo – Hoje, me preparando para a entrevista, fui mexer numa gaveta e resgatei minha primeira carteira de trabalho, eu tinha 20 anos. E o meu primeiro contrato foi com a Rádio Continental, como redator, no dia 1º de junho de 1961. Fiz 50 anos de profissão! A Rádio Continental era do Rubens Berardo. O chefe do jornalismo era o Paulo Goldrajch, um grande criminalista, mas também um grande jornalista. A gente estudava junto desde o vestibular e falei: “Paulinho, eu precisava trabalhar, ganhar algum”. E o Paulinho me botou como redator. Mais tarde, ainda na Continental, peguei a renúncia do Jânio, em 1961, e a anunciei na rádio! Então, passei a ser redator e locutor. Eu redigia e ia para o microfone. Tudo era muito precário, mas muito bom de aprendizado. Tinha um rádio-escuta, e as informações sobre o Jânio eram de que ele pegou um avião e ia para Viracopos, quando renunciou em agosto, logo depois daquela cerimônia em que ele condecorou o Guevara. E a gente fazia muito de improviso, do jeito que o telex chegava! Eram poucas as agências de notícias e eu ia para o microfone e lia em cima do telex! Muito legal.

Jornal da ABI 370 Setembro de 2011

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