Troca de farpas e ausência de projetos para favelas marca o primeiro debate dos candidatos à Prefeitura do Rio

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Sete dos 11 candidatos participam do primeiro debate das eleições municipais do Rio de Janeiro, realizado pela BandRio (Créditos: Mauricio Bazilio/Divulgação)

 

O histórico palco do Teatro Oi Casa Grande recebeu, na noite de ontem (25), sete dos onze candidatos à Prefeitura do Rio para o primeiro debate das eleições municipais 2016, realizado pela BandRio. Mas, em vez de troca de ideias, o que se viu foram alfinetadas e bate-boca. Alessandro Molon (Rede), Carlos Osorio (PSDB), Flávio Bolsonaro (PSC), Índio da Costa (PSD), Jandira Feghali (PCdoB) , Marcelo Crivella (PRB) e Pedro Paulo (PMDB) trocaram acusações, atacaram o atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) e discutiram temas polêmicos, como o legado olímpico, o papel limitado do município frente à questão da segurança pública, a caixa preta dos transportes e até o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, mas muito pouco sobre temas importantes para os mais de 2 milhões de moradores de favelas da cidade.

O candidato Pedro Paulo (PMDB) foi o mais atacado durante o debate. Todos os demais questionaram as finanças da cidade após a realização das Olimpíadas, que oficialmente consumiu R$34 bilhões dos cofres públicos, e rebateram as alegações do pupilo de Eduardo Paes de que a saúde financeira do município vai bem. “O Pedro Paulo vive em uma ilha da fantasia”, afirmou Índio da Costa (PSD). Num dos momentos mais polêmicos da noite, a candidata Jandira Feghali (PCdoB) relembrou as acusações de violência doméstica e do voto do deputado federal licenciado a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff: “Não confio em quem trai na política e em quem bate em mulher”. Pedro Paulo rebateu a acusação alegando ser inocente e acusando Jandira de receber propina.

“Cidades que segregam os pobres são mais violentas”, afirmou Marcelo Crivella, líder nas pesquisas de opinião. Fazendo eco, todos os candidatos foram unânimes em dizer que a Prefeitura deve somar forças às polícias na segurança pública, um dos temas mais debatidos durante a noite – Índio da Costa chegou a afirmar sua proposta de criar uma secretaria municipal de segurança pública. Mas houve divergências à condição de armar a Guarda Municipal, apoiada por parte deles. “Daqui a pouco, o policial vai para a rua com estilingue”, ironizou Flavio Bolsonaro (PSC) em um de seus poucos momentos de destaque na noite – o candidato abandonou o palco no meio do debate alegando queda de pressão.

As propostas de educação também resgataram velhas necessidades. Marcelo Crivella e Pedro Paulo falaram sobre educação integral e melhoria dos salários dos servidores, ainda que também divergissem sobre as condições atuais de benefícios e salários. “O projeto Escolas do Amanhã deve continuar, mas precisamos pensar na escola de hoje”, afirmou Crivella. A necessidade dos investimentos na saúde, que decaíram na última gestão, também foram exaltados, mas nada aprofundados.

Além disso, pouco se falou sobre os projetos para as favelas, áreas da cidade onde vive mais de 10% da população carioca. Saneamento básico, cultura popular e urbanização foram pontos citados por poucos dos candidatos – entre eles, Jandira Feghali, que afirmou  seu compromisso com a urbanização de favelas, saneamento e empreendedorismo local. “Precisamos ocupar o entorno da Avenida Brasil, uma área de 56km que está abandonada”, afirmou a candidata. Osório também prometeu regularizar vans e os mototáxis, meio de transporte fundamental para a vida do morador de favela, caso eleito.

 

Bate-boca

O mal-estar de Flávio Bolsonaro acirrou os ânimos dos debatedores. O candidato passou mal e foi amparado por Carlos Osório e Jandira Feghali. O deputador federal Jair Bolsonaro, pai de Flávio, interviu e discutiu com a candidata do PCdoB ao dizer: “Essa médica eu não quero que encoste no meu filho. Ela vai dar estricnina para ele”. Jandira rebateu chamando Bolsonaro de fascista e réu por apologia ao estupro, relembrando o processo no qual ele é acusado no Superior Tribunal Federal por incitação ao estupro e injúria após declarar em plenário à deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) que “não a estupraria porque ela não mereceria”.

 

 

Freixo na praça

Foi sentida no debate da BandRio a ausência de Marcelo Freixo (PSOL), Carmen Migueles (NOVO), Cyro Garcia (PSTU) e Thelma Bastos (PCO). Os candidatos foram barrados de participar do debate da TV Bandeirantes por não se enquadrem na nova legislação, que exclui a participação de candidatos de partidos que não tenham pelo menos nove deputados federais. No fim da tarde de ontem, o Superior Tribunal Federal determinou que candidatos destes partidos podem participar de debates, desde que convidados pelas emissoras.

Em paralelo ao debate, o vice-líder nas pesquisas de intenção de voto Marcelo Freixo fez um comício na Cinelândia, onde debateu em tempo real os temas discutidos na TV. Ele chegou aos trending topics do Twitter com a hashtag #FreixoNoDebate.