Brasil

Islandesas saem cedo do trabalho em protesto contra diferença salarial

Mulheres deixaram expediente às 14h38 porque ganham 14% menos que homens

Mulheres fizeram greve, nesta segunda-feira, contra a disparidade salarial entre homens e mulheres na Islândia
Foto: Reprodução / Twitter
Mulheres fizeram greve, nesta segunda-feira, contra a disparidade salarial entre homens e mulheres na Islândia Foto: Reprodução / Twitter

RIO - Milhares de mulheres na Islândia fizeram uma paralisação em protesto contra a diferença salarial em relação aos homens. O horário em que elas deixaram seus locais de trabalho, às 14h38 desta segunda-feira, não foi aleatória. A diferença salarial entre gêneros no país é de 14%. Segundo cálculos de sindicatos e associações de mulheres, isso significa que, considerando o expediente de oito horas,  a partir das 14h38 as funcionárias começam a trabalhar sem pagamento.

Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, o país é justamente aquele com a menor desigualdade de gênero no mundo.

A greve se concentrou na capital, Reykjavík, onde as mulheres foram às ruas e, às 15h, se dirigiram à sede do Parlamento, onde discutiram e cobraram as autoridades sobre a disparidade salarial. Manifestações semelhantes, mas menores, foram registradas ao redor do país.

A data, 24 de outubro, também não é fortuita: neste mesmo dia, no ano de 1975, o movimento feminista do país teve um dos momentos mais importantes de sua história, quando um percentual estimado em 90% da população feminina entrou em greve e foi às ruas protestar contra a desigualdade de gênero nos salários e na representação política.

Assim, a data é marcada por greves semelhantes com o passar dos anos — e alguns, na última década, simbolizam uma lenta evolução na igualdade salarial entre homens e mulheres. Em 2005, as mulheres deixaram seus locais de trabalho às 14h08; em 2010, às 14h25.

Neste ritmo, a cada ano, são adicionados três minutos de trabalho. Se este padrão continuar, a disparidade salarial de gênero continuará até 2068. Outra forma de calcular esta diferença é estimar em que momento do ano as mulheres poderiam parar de trabalhar — na Islândia, considerando uma diferença salarial de 14%, elas poderiam cruzar os braços em 10 de novembro.

Considerando o cenário europeu, a situação do país nórdico é menos dramática: a média da diferença salarial na União Europeia é de 16,65%.

Ao site "Refinery29", uma jovem de 26 anos ressaltou a liderança da Islândia na igualdade de gênero como um sinal da disparidade no mundo.

— Sabemos que nenhum lugar do mundo atingiu a igualdade de gênero, mas o dia de hoje me faz lembrar que nem mesmo o país que supostamente tem os direitos mais igualitários paga às mulheres o mesmo que aos homens.