Por G1 PR


Ministro Gilberto Kassab foi ouvido como testemunha de defesa de Lula por meio de videoconferênica de Brasília (DF) — Foto: Reprodução/Justiça Federal do Paraná

O ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações Gilberto Kassab disse, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro – responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância – que foi procurado pela diretoria do Instituto Lula para a concessão de um imóvel destinado à instalação do Memorial da Democracia. "Fui procurado pelo presidente do instituto, Paulo Okamotto", afirmou.

Kassab e o ex-diretor da Polícia Federal (PF) Paulo Fernando da Costa Lacerda falaram como testemunhas de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por videoconferência com Brasília (DF), na manhã desta quinta-feira (22). Neste processo, o ex-presidente é acusado de receber propina da Odebrecht por meio de imóveis.

Kassab foi prefeito de São Paulo (SP) de 2006 a 2012. O político disse que houve processo administrativo, com tramitação e análise feita por técnicos.

De acordo com o relato do ministro, o processo foi protocolado no início de 2011 e encaminhado para a Câmara Municipal de São Paulo, que aprovou o projeto de lei.

O imóvel, segundo o ministro, ficava na região conhecida como Cracolândia, na Rua dos Protestantes.

Gilberto Kassab não soube dizer o porquê do Memorial da Democracia não ter sido instalado no referido imóvel, pois saiu da gestão. Ele apenas disse ter acompanhado pelos jornais uma série de ações do Ministério Público questionando a concessão.

Ex-diretor da Polícia Federal

Paulo Fernando da Costa Lacerda, que foi diretor da PF entre 2003 e 2007, também foi ouvido nesta quinta-feira como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por videoconferência de Brasília.

O ex-diretor confirmou o depoimento anterior, prestado em março deste ano na ação penal que envolve o caso do triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, e que também tem como réu o ex-presidente Lula.

Além disso, Lacerda explicou a finalidade da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que, segundo a testemunha, assessora o presidente da República em assuntos de caráter estratégico. "A Abin trabalha, em primeiro lugar, para repassar informações aos presidente da República. Entretanto, ela o faz não diretamente, ela faz através do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República", informou.

O advogado de Lula perguntou se, no período em que Lacerda foi diretor da PF, a Abin produziu algum relatório que apontasse o envolvimento em atos de corrupção sistêmica por parte dos diretores da Petrobras. De acordo com Lacerda, ele não teve conhecimento sobre o assunto.

A testemunha lembrou, apenas, do caso do sumiço ou roubo de um computador da Petrobras, em Macaé (RJ), que continha informações empresariais relevantes.

"A Abin auxiliou na investigação, em conjunto com a Polícia Federal", explicou.

Testemunha de Roberto Teixeira

Luiz Rodrigues Wambier foi ouvido presencialmente na Justiça Federal de Curitiba, como testemunha de defesa do advogado Roberto Teixeira.

Wambier disse que conheceu o réu há aproximadamente duas décadas, por meio do ex-sogro, e que teve algumas discussões com ele relacionadas ao meio jurídico. "Eu o tenho como um bom advogado", declarou.

Sobre a ligação de Teixeira com fatos ilíticos, a testemunha disse ter conhecimento apenas de fatos divulgados pela imprensa.

O processo

Nesta ação penal, o Ministério Público Federal (MPF) acusa o ex-presidente de receber como propina um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do petista, em São Bernardo do Campo (SP).

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, esses imóveis foram comprados pela Odebrecht em troca de contratos adquiridos pela empresa na Petrobras.

Lula responde, neste processo, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Outras sete pessoas também são rés. A ex-primeira dama Marisa Letícia chegou a ser acusada, contudo, Moro decretou a impossibilidade de puni-la. Marisa Leticia morreu em fevereiro deste ano.

O ex-presidente nega as acusações, e o Grupo Odebrecht tem afirmado que tem colaborado com as investigações. Instituto Lula afirmou que "nunca teve outra sede a não ser o sobrado onde funciona até hoje, adquirido em 1990 pelo Instituto de Pesquisas e Estudos do Trabalhador (IPET)".

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