09/09/2014 11h17 - Atualizado em 09/09/2014 13h38

Agência de risco Moody´s muda nota do Brasil de 'estável' para 'negativa'

Baixo crescimento pode sinalizar piora da qualidade de crédito, diz Moody's.
Apesar da redução da perspectiva, país não perdeu grau de investimento.

Do G1, em São Paulo

A agência de classificação de risco Moody's alterou na manhã desta terça-feira (9) a perspectiva do rating (nota) dos títulos do governo brasileiro: de "estável" para "negativa". Em outubro de 2013, a Moody's já havia rebaixado a perspectiva da nota da dívida do Brasil de "positiva" para "estável".

Segundo a agência, a decisão "refletiu o risco crescente de que o contínuo baixo crescimento e a piora dos indicadores de dívida sinalizem uma redução na qualidade de crédito do Brasil e irão deflagrar uma migração em sentido declinante em seu rating de crédito".

Apesar da queda da perspectiva, a agência manteve a nota dos títulos do governo brasileiro em seu nível atual Baa2, ou seja, o país não perdeu grau de investimento.

Com o "investment grade", um mercado pode atrair grandes investidores de países desenvolvidos que, por regras dos seus estatutos, só podem investir em ativos considerados de baixo risco.

Para isso, considerou a "contínua resiliência do país a choques financeiros externos, dado seu colchão de reservas internacionais; vulnerabilidade limitada do balanço patrimonial do governo a mudanças abruptas no apetite global por risco em relação aos seus pares; e os benefícios subjacentes derivados da economia extensa e diversificada do Brasil".

No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira encolheu 0,6%, na comparação com os três meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no final de agosto.

O dado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2014 – que, ao ser divulgado, em maio deste ano, indicava expansão de 0,2% – foi revisado para queda de 0,2%. Com a sequência de dois trimestres seguidos de resultado negativo, configura-se um quadro que os economistas chamam de recessão técnica.

A última vez que o Brasil registrou uma recessão técnica foi no último trimestre de 2008 e primeiro de 2009, durante a crise econômica mundial.

O que poderia mudar a nota do Brasil
A Moody's afirma que provavelmente poderia rebaixar a nota do Brasil caso se confirme, por exemplo, a tendência de baixo crescimento do PIB, "evidenciando uma mudança mais enraizada em sentido declinante no crescimento".

Ainda que uma elevação seja improvável nos próximos um a dois anos, segundo a Moody's, a agência consideraria mover a perspectiva do rating soberano do Brasil de volta para estável se houvesse uma recuperação do crescimento da economia, puxado pelo aumento dos investimentos, e se as metas de superávit primário - no intervalo de 2% a 3% do PIB - fossem cumpridas.

Esforços do próximo governo
Em junho deste ano, a agência alertou que a perspectiva do rating do Brasil dependia do sucesso ou fracasso dos esforços do próximo governo em reverter as tendências econômicas negativas e elevar o crescimento para próximo do potencial.

"Provavelmente, os desafios que o país enfrenta vão se estender até 2015", disse a agência na ocasião. "Continuamos achando que as perspectivas para o rating do Brasil serão fortemente influenciada pela capacidade do próximo governo para reverter as tendências negativas e levantar taxas de crescimento econômico para patamares mais alinhados com o potential de crescimento do país."

Na ocasião, a agência havia sugerido que a perspectiva poderia ser revisada para baixo se o país continuasse enfrentando "declínio dos gastos com investimento, desaceleração do consumo e deterioração da confiança do investidor".

O que dizem as outras agências
Em março deste ano, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil de "BBB" para "BBB-". A S&P também mudou a perspectiva do rating de negativa para estável.

A classificação de "BBB-" ainda mantém o país com grau de investimento, que recomenda o país como destino de aplicações, mas é o último degrau para perder esse posto. O fato de ter mudado a perspectiva para estável indica que a S&P não deve fazer novos rebaixamentos no curto prazo.

Em julho, a agência de classificação de risco Fitch Ratings decidiu manter a nota de risco da economia do Brasil em BBB – acima, portanto do grau de investimento.

Segundo a agência, a nota refletia a diversidade econômica do país, as instituições relativamente desenvolvidas, uma alta capacidade de absorção de choques com uma robusta posição externa líquida e um sistema bancário adequadamente capitalizado.

classificação agências de risco (Foto: Editoria de Arte/G1)

 

 

 

tópicos:
veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de