EUA e Cuba vão anunciar medidas de reaproximação

Estados Unidos preparam-se para aligeirar as restrições sobre o comércio e as viagens com a ilha dos irmãos Castro.

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Os presidentes cubano e norte-americano vão falar à mesma hora Zoraida Diaz/Reuters

Momentos antes de um anúncio oficial do Presidente norte-americano, Barack Obama, sobre Cuba, previsto para as 12h (17h em Portugal), um senador democrata próximo da Casa Branca indicou esta quarta-feira que os Estados Unidos vão aligeirar as restrições sobre o comércio e as viagens com a ilha dos irmãos Castro.

“Abrir a porta com Cuba para o comércio, as viagens e a troca de ideias vai conduzir a mudanças positivas em Cuba, mudanças que a nossa política de exclusão não conseguiu produzir nestes últimos 50 anos”, declarou, em comunicado, o senador Richard Durbin, número dois do Senado e aliado próximo do Presidente Obama.

O anúncio da histórica reaproximação entre os EUA e Cuba foi precedido por medidas concretas. Os dois países trocaram prisioneiros, com o consultor norte-americano Alan Gross, preso em Cuba debaixo de uma acusação de tentativa de subversão, a voltar para casa depois de cinco anos de cativeiro, enquanto na Florida, os três indivíduos que pertenciam ao chamado grupo dos “Cuban Five” que ainda permaneciam na cadeia (condenados no fim dos anos 90 por espionagem e conspiração) também foram libertados e autorizados a regressar a Cuba.

Terá, aliás, sido durante o processo negocial para a libertação de Alan Gross que o acordo hoje anunciado começou a tomar forma. As conversações foram conduzidas em segredo, com encontros realizados no Canadá e ainda no Vaticano – o envolvimento pessoal do Papa Francisco no processo foi apontada como uma das razões para o “sucesso” negocial. A CNN diz que o acordo foi fechado ontem, num telefonema entre Barack Obama e Raúl Castro.

Gross foi detido a 3 de Dezembro de 2009 e condenado a 15 anos de prisão. O consultor, que estava em Cuba ao serviço da agência norte-americana de apoio ao desenvolvimento USAID, foi acusado de subversão por alegadamente tentar contrabandear equipamento informático para estabelecer ligações proibidas à internet a partir de organizações judaicas. A sentença não foi revista: a libertação foi concedida por razões humanitárias. De acordo com a família Gross, o estado de saúde de Alan deteriorou-se gravemente durante os anos de detenção.

Segundo a Reuters, Cuba também terá autorizado a libertação de um outro prisioneiro, ligado à CIA, que viajou para os Estados Unidos a bordo do avião que foi buscar Alan Gross – que já aterrou na base militar de Andrews, nos arredores de Washington.

Para a mesma hora a que está marcada a declaração de Obama foi também anunciada uma declaração do Presidente cubano, Raul Castro.

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