Economia

Mantega culpa cenário externo, seca e menos dias úteis pela queda no PIB

Ministro espera melhora, mas vai revisar para baixo projeção de crescimento de 1,8% no ano
O ministro da Fazenda, Guido Mantega Foto: O Globo / Givaldo Barbosa
O ministro da Fazenda, Guido Mantega Foto: O Globo / Givaldo Barbosa

SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta feira que a queda de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano foi causada pelo cenário internacional, com retração nas economias dos Estados Unidos e Europa, e pela a redução do número de dias úteis, com os feriados da Copa do Mundo, o que acabou impactando negativamente a produção e o consumo. Mantega negou que a economia brasileira tenha entrado em recessão, apesar do PIB ter apresentado dois trimestres seguidos de resultado negativo, e classificou o resultado como “meramente um efeito estatístico”.

— Houve um desapontamento no cenário internacional e não causou o impacto positivo que esperávamos na economia brasileira. Não acredito que estejamos numa recessão. É meramente estatístico (os dados do PIB), e o resultado do primeiro trimestre (-0,2%) deve ser revisto se tivermos um terceiro trimestre com crescimento — justificou Mantega, alegando que recessão “é uma parada prolongada” e aqui “estamos falando de um trimestre, no máximo dois”.

Disse ainda que recessão é quando há desemprego e renda em queda, o que não está acontecendo no Brasil, apesar de taxas mais baixas de crescimento, como a criação de 500 mil novos postos de trabalho no primeiro semestre.

Nesta sexta-feira, o IBGE divulgou que houve um recuo de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses do ano. Também houve uma revisão do PIB do primeiro trimestre, que passou de um avanço de 0,2% para um recuo de 0,2%, o que caracteriza um quadro classificado pelos economistas como recessão técnica. A última vez que o Brasil registrou uma recessão técnica foi no último trimestre de 2008 e primeiro de 2009 na esteira da crise internacional.

O ministro também culpou “alguns problemas localizados” no Brasil que tiveram impacto no desempenho econômico do país como a questão da seca, que se traduziu em aumento de custo para o setor elétrico, afetando as expectativas dos investidores, e o menor número de dias úteis no primeiro semestre do ano. Segundo ele, houve uma redução de 3,3% no número de dias no segundo trimestre, por conta dos feriados da Copa, e de menos 4,7% nos primeiros três meses do ano, com o feriado do Carnaval.

— Isso (número de dias úteis a menos) tem impacto no comércio e na produção. É claro que todo mundo gosta, porque teve mais feriados e a Copa do Mundo, mas isso acaba tendo uma repercussão na produção e no consumo — disse, lembrado que, em compensação, neste terceiro trimestre, vamos ter 10% a mais de dias úteis.

Com o segundo resultado negativo do ano, Mantega admitiu que não será mais possível crescer 1,8%, que era a previsão anterior do Ministério. A nova projeção, com um número menor, será divulgada em setembro.

Para o ministro, o terceiro trimestre do ano terá um crescimento positivo devido à melhora da economia americana e ao aquecimento do mercado interno. Segundo ele, o consumo ficará mais aquecido com o aumento do crédito, que deve reagir com as recentes medidas de flexibilização do Banco Central, e com o maior número de dias úteis. Além disso, acredita que o conjunto de problemas no primeiro semestre que não deve se repetir neste segundo semestre.

— O primeiro semestre teve um crescimento fraco, mas as causas que levaram a isto não vão se repetir no segundo semestre. E já sabemos que no terceiro trimestre, que já começou, teremos um crescimento positivo e no ano uma expansão econômica moderada — disse, salientando que os salários e a massa salarial continuam crescendo o que deverá puxar o mercado consumidor e aumentar a demanda nos próximos meses

— Com mais crédito, menos inflação criamos um cenário aonde pode ter uma melhora gradual do consumo a partir do crédito. Com esse cenário podemos dizer que o segundo semestre vai ser melhor que o primeiro.