Rio

Sensação térmica de 55 graus fecha a estação da primavera

Temperatura máxima registrada foi de 39,1 graus, na Zona Oeste

A Praia de Ipanema ficou cheia durante todo domingo.
Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
A Praia de Ipanema ficou cheia durante todo domingo. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - A primavera foi embora ontem recebendo a estação mais quente do ano com uma homenagem à altura: os termômetros marcaram 39,1 graus (máxima em Marambaia, na Zona Oeste, às 16h), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), levando o carioca a lotar praias e parques. Mas a sensação térmica chegou a 55 graus em Guaratiba, de acordo com o Centro de Operações da prefeitura. O verão, que começou às 21h 03m (horário de Brasília) de ontem, deve ser chuvoso em janeiro no Rio. Mas as chuvas passam a ser menos frequentes em fevereiro e março, uma notícia preocupante em tempos de escassez hídrica.

— Para janeiro, a expectativa no estado é de chuvas acima do normal, em relação à média climatológica (de 1970 a 2000). O verão 2013/2014 foi marcado por poucas chuvas, uma situação atípica, o que não deve ocorrer neste verão — diz a meteorologista do Instituto Climatempo Aline Tochio. — Porém, em fevereiro e março teremos menos chuvas do que a média dos últimos anos.

Isso significa que, provavelmente, será impossível reverter a situação de seca nos reservatórios que abastecem Rio, São Paulo e Minas Gerais.

Aos mais refratários aos raios de sol, o verão reserva pelo menos uma boa notícia: as temperaturas no Rio não devem ultrapassar os índices da média climatológica (de 1970 a 2000), também de acordo com o Climatempo. Os picos de calor, com temperaturas acima de 40 graus, serão menos frequentes do que no verão 2013/2014.

— Apesar de janeiro reservar chuvas mais expressivas, o restante do verão terá menos índices de precipitação. Em fevereiro, a estimativa é entre 100mm e 200mm, em torno de 50mm abaixo do normal. As pessoas devem entender que é preciso manter a economia de água porque as chuvas não serão suficientes para mudar o quadro de escassez — avisa Aline.

FRETE FRIA SUDESTE

O paulistano Evandro Magalhães, da Somar Meteorologia, reconhece que as chuvas estão demorando a cair, o que indica mais dificuldades no “verão da crise hídrica":

—Esperávamos um pouco mais de chuva em dezembro. Mas os modelos apontam que as águas vão cair mesmo até o réveillon e principalmente em janeiro. No entanto, para encher os reservatórios teria que chover muito acima da média, o que não vai acontecer.

Uma forte frente fria que avança pelo Sul do país chega ao Sudeste hoje e traz pancadas de chuva, principalmente em São Paulo, na madrugada. A expectativa é de que as nuvens se dissipem na quinta-feira.

O calor inclemente levou ontem milhares de turistas à orla. No Arpoador, banhistas reclamaram de uma língua negra concentrada no Posto Sete. Segundo eles, o problema já dura mais de uma semana. A concessionária Orla Rio, que opera os postos de salvamento, informou que está apurando as causas do vazamento.

Turistas de diversas partes do país eram os mais animados, do Leme ao Pontal.

— Pega o Copacabana Palace no fundo — pedia a paraibana Jéssica Fontes ao marido, que fazia um selfie do casal ao lado da estátua do jornalista Ibrahim Sued, próximo ao hotel.

— Não lembro dele, sei que é jornalista porque está escrito aí. Deve ter sido importante. Não é qualquer um que tem uma estátua em Copacabana — raciocinava a secretária, no Rio há dois dias para passar as festas de fim de ano com a família, que mora em Bangu.

Enquanto muitos aproveitavam para praticar atividades esportivas ao ar livre, a maioria dos turistas procurava sombra e água de coco gelada. O susto vinha na hora de pagar a conta.

— Seis reais é muito caro, pensava que fosse mais em conta. Lá em Salvador não passa de R$ 2 — queixava-se a baiana Márcia Tourinho.

GRAFITEIRO FRANCÊS

Entre os estrangeiros, houve quem preferisse aproveitar a passagem pelo Rio para deixar sua marca por meio da arte. Foi o caso do grafiteiro francês Benoit Pyrat, que deu cores a um muro de um terreno vazio, na Urca. Casado com uma brasileira, ele veio pela segunda vez à Cidade Maravilhosa:

— Sempre me disseram que o Brasil era um dos melhores locais do mundo para se grafitar. As pessoas não se incomodam com o grafite, até gostam. Me indicaram vir para cá porque é calmo. Não sabia que era tão bonito. Acho que é o local mais bonito que já grafitei.

A turma que costuma patinar também fez a festa. A quarta edição do Roller Rio, um grande passeio de patins inspirado no evento europeu Paris-Roll, reuniu cerca de 1.500 pessoas ontem de manhã, no Aterro do Flamengo. O circuito teve largada às 9h, no Monumento aos Pracinhas, e seguiu até Botafogo. Patinadores profissionais e amadores do Rio, de São Paulo, Minas Gerais, Manaus e Salvador, além de estrangeiros, participaram do encontro, que teve um percurso de aproximadamente oito quilômetros até Botafogo.