A tradicional celebração da "Pazcoa no Alemão", organizada pela ONG Voz das Comunidades, entra em seu quinto ano ameaçada pela violência que assola o conjunto de favelas na Zona Norte do Rio e pelas doações abaixo da expectativa, já às vésperas do feriado. Os confrontos frequentes entre policias e traficantes preocupam o empresário e fundador da ONG, Rene Silva, que chegou a cancelar o último encontro de voluntários por conta de um confronto armado.
"Os tiroteios estão acontecendo a toda hora. O local onde aconteceria a reunião ficou sem energia [elétrica] por conta da troca de tiros, que acertou um gerador. A gente perde tempo de divulgação da campanha para falar da violência, dos baleados, das pessoas mortas. E não podemos deixar de falar [da violência]", lamenta.
Apesar de todos os problemas, Rene insiste em levar o projeto adiante. Em outros anos, a distribuição de chocolates acontecia em até três pontos. Neste, cogita fazer a celebração apenas em uma escola, que seria mais segura. "A gente está preocupado, mas vamos fazer de alguma forma. Seja com um plano A ou um plano B", resume.
para recreação (Foto: Reprodução/TV Globo)
Desde 2011, voluntários arrecadam chocolates e distribuem para as crianças da comunidade. As doações que, no primeiro ano, não passaram de 200 já chegaram a 6 mil no ano passado. Em 2015, a intenção era alcançar a audaciosa meta de 10 mil. Até agora, as doações não passam de 1.200. Mas nada que abale a confiança de Rene. "Na reta final, as pessoas sempre ajudam. Vamos fazer uma força-tarefa, contamos com artistas, pessoas influentes para tornar a campanha maior e chegar, pelo menos, a meta do ano passado", diz.
A cerimônia mantém um diálogo com a juventude da comunidade, além de presenteá-las com caixas de bombom e ovos de páscoa. Fantasiado, um voluntário costuma incorporar o coelhinho da páscoa.
Para se manter confiante, Rene relembra um episódio acontecido no ano passado. Uma senhora que estava desempregada levou os três filhos para a festa. Cada um deles voltou para casa com uma caixa de bombom. Já empregada, ela entrou em contato com o empresário para avisar que, neste ano, quem vai colaborar é ela. "Agora eu quero compartilhar com outras famílias", disse a senhora a Rene.
Onde doar?
— Largo do Machado, 29, apartamento 507 (aos cuidados de Gustavo - 3684-3061)
— Avenida Além Paraíbas, 785 – Higienópolis (Próximo ao supermercado Prezunic). Aos cuidados de Tiago Bastos ou Geisa Pires. Tel: (21) 3586-2383
— São Gonçalo, atrás do Boullevard Shopping, nº 150 – Aos cuidados de Roberta Meireles. Tel: (021) 98133-8753