Esportes Rio 2016

Prefeitura não define prazo para fim das remoções na Vila Autódromo

Paes diz que depois será feita reurbanização da área, vizinha ao Parque Olímpico
Casas demolidas na Vila Autódromo. Ao fundo, o Parque Olímpico Foto: Alexandre Cassiano (arquivo
Casas demolidas na Vila Autódromo. Ao fundo, o Parque Olímpico Foto: Alexandre Cassiano (arquivo

Durante evento de evento de apresentação das obras de adaptação do Parque Aquático Maria Lenk para as Olimpíadas, nesta sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes disse que ainda não estão definidas quantas remoções serão feitas na Vila Autódromo. Segundo ele, a Prefeitura está negociando isso. Paes garantiu que após o término das remoções será feita uma reurbanização na área, vizinha ao Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O prefeito não deu prazos, porém, para o fim das desocupações nem para a reurbanização.

Na véspera a Prefeitura comandou operação de desocupação na Vila Autódromo. Com apoio de Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e de quatro caminhões que levaram pertences pessoais dos moradores para um depósito municipal,  foram derrubadas três casas erguidas nos fundos da Associação de Moradores e mais um imóvel que estava em construção. As demolições foram possíveis graças a um mandado de imissão de posse de um imóvel em nome de Célia Maria de Souza, obtido na 10ª Vara de Fazenda Pública.

Infográfico mostra as remoções na Vila Autódromo Foto: Arte O Globo
Infográfico mostra as remoções na Vila Autódromo Foto: Arte O Globo

Aos moradores da comunidade causou estranheza o fato de as casas demolidas estarem em um terreno usado pela Associação de Moradores. Uma dessas residências era a que Altair Guimarães, presidente da entidade, havia construído no ano passado, após sua moradia original ser derrubada por um decreto de desocupação da Prefeitura - o objetivo era duplicar a via de acesso ao Parque Olímpico. Segundo Altair, as outras casas estavam de pé desde antes do início das remoções, e eram alugadas para completar a renda da associação. O imóvel em construção serviria para o mesmo propósito.

- A associação estava num decreto de desocupação. Nunca foi previsto que ela ficaria lá. Até porque a associação não é prioridade. A prioridade é a moradia das pessoas - disse Eduardo Paes, nesta sexta-feira.

DISPUTA PROLONGADA

O GLOBO vem mostrando em seguidas reportagens os detalhes da disputa entre Prefeitura e moradores que desejam permanecer na Vila Autódromo. O entulho que restou das demolições formou pontos de água parada, deixando os moradores preocupados com possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor de zika, dengue e chicungunha. Além disso, tornaram-se comuns as faltas de água e luz na região. Moradores alegam que o recolhimento de lixo ocorre em intervalos irregulares, e que os Correios não mandam mais

De acordo com João Helvécio, coordenador do Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria Pública do Rio, os decretos de desapropriação da Prefeitura compreendiam originalmente 58 imóveis. Destes, três ou quatro ainda estão em negociação com o município. Muitas famílias deixaram a região após entrarem em acordo com a Prefeitura. Moradores afirmam que, das 700 famílias que viviam na Vila Autódromo, menos de 10% permanecem no local.

Um dos motivos para as remoções é construir estacionamento atrás do Parque Olímpico. Outro é duplicar a Avenida Abelardo Bueno, acesso ao local onde vai acontecer a maioria das competições das Olimpíadas.