Educação
Dia do professor: cai procura por cursos de licenciatura da Uefs
De acordo com o pró-reitor da Uefs, os motivos para a queda na procura dos cursos são diversos, entre eles, a desvalorização do profissional. Ele observou ainda que se verifica uma queda também nos cursos de bacharelado.
15/10/2014 às 12h01, Por Andrea Trindade
Daniela Cardoso
Nesta quarta-feira (15) comemora-se o Dia Nacional do Professor e, embora esta profissão seja indispensável para a sociedade, há índices que indicam queda na procura pelos cursos de licenciatura. O pró-reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Rubens Pereira informou que se pegar uma série histórica de 2012 pra cá, houve redução de um pouco mais da metade dos cursos. Porém ele observa que a redução foi pequena.
“Eu acho que é uma redução um pouco mais acentuada, se a gente pega um série histórica dos últimos dez anos, por exemplo, mas nos últimos três/quatro anos está, mais ou menos, estável. É uma redução pequena. Já em termos de concorrência, pegando a série histórica de 2012 (são seis processos seletivos), nós temos as licenciaturas em ciências biológicas, filosofia, letras vernáculas, geografia, história, letras com espanhol, francês, química e pedagogia apresentaram um leve decréscimo de 2012 pra cá”, informou.
De acordo com o pró-reitor da Uefs, os motivos para a queda na procura dos cursos são diversos, entre eles, a desvalorização do profissional. Ele observou ainda que se verifica uma queda também nos cursos de bacharelado.
“Na verdade, acho que a queda está, em primeiro momento, ligada a ampliação das vagas em ensino superior, na criação de novas vagas, novas oportunidades, ampliação, criação de novas universidades. Acho que tudo isso, de certa forma, dilui a procura e demanda pelas vagas nas universidades. No caso das licenciaturas, acho que há uma coisa pontual que é pouca valorização em termos profissionais, em termos de carreira, em termos salariais”, afirmou.
Rubens Pereira considera que no Brasil houve uma queda na importância dada ao trabalho do professor e ao trabalho na educação. Ele afirma que o sistema educacional, como um todo, tem uma falta de investimento à altura que um país de desenvolvimento precisa. Ele citou problemas desde estruturais, com relação ao espaço físico, a equipamentos nas escolas, até a questão da valorização docente a partir do plano de carreira e de salários dignos.
“São problemas diversos que atingem a educação, de um modo geral, e chega num ponto de hoje termos escolas de periferia que se tornam muito difícil atrair professores, até mesmo, por conta de situações externas como a violência localizada naquele espaço. Então são vários os fatores que terminam interferindo de forma negativa na valorização da carreira”, declarou.
Para valorizar esses profissionais e incentivar outras pessoas a entrarem na área, o pró-reitor acredita que deve ser feito um conjunto de ações, que vão impactar nesses diversos níveis do sistema educacional, desde a questão da valorização das escolas como um espaço físico, que deve acolher bem os estudantes, além da questão dos equipamentos, da valorização do professor na sua atividade em quanto carreira profissional e salário.
“Eu acho que nas universidades hoje, inclusive, já temos algumas iniciativas do próprio Governo Federal, alguns programas que visam especificamente estimular a carreira docente, como o PIBID, que é um programa de bolsa iniciação a docência, que hoje no Brasil somam quase 75 mil bolsas voltadas, exclusivamente, para o momento da formação profissional na área licenciaturas. Então são programas como esse que valorizam e, de certa forma, estimulam a procura por licenciaturas”, informou.
O pró-reitor da Uefs falou ainda sobre o déficit que existe em algumas áreas em termos de profissionais habilitados. Entre as áreas ele citou ciências, física, química, matemática e biologia.
“Física e química temos uma defasagem histórica gigantesca, que as estatísticas falam que no ritmo de formação de profissionais dessas áreas, se continuarmos no mesmo ritmo, levaríamos cerca de 100 anos para suprir a necessidade, por exemplo, de professores de física nas escolas com a formação em nível superior. Então é uma defasagem histórica imensa”, afirmou.
A estudante da licenciatura de Letras com Inglês da Uefs, Susana Silva Souza, falou ao Acorda Cidade porque decidiu fazer o curso, apesar da desvalorização da carreira de professor. “Decidi fazer o curso em si, mais pelo inglês, pois ensinar língua estrangeira é um interesse particular meu, mas mesmo com toda essa dificuldade da carreira, a desvalorização, tenho essa vontade e esse curso foi o que mais me identifiquei”, afirmou.
As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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