Por Marco Antônio Martins, G1 Rio


Brincos estão entre os itens comprados por Cabral e a mulher dele, Adriana Ancelmo, com dinheiro de propina, segundo o MPF — Foto: Divulgação/PF

Mansões, lanchas, iates, joias, fazenda e carros. A 7ª Vara Federal iniciou, a pedido do juiz Marcelo Bretas, o levantamento e avaliação de todos os bens apreendidos até agora nas operações da Lava Jato no Rio. A intenção do magistrado é levar essas apreensões a leilão e reverter o lucro obtido aos cofres públicos.

A medida seria tomada a cada processo que for concluído. Se o réu for condenado, a Justiça determinará o leilão de seus bens apreendidos.

O cálculo inicial é que o valor possa ultrapassar R$ 1 bilhão, como antecipou a coluna Gente Boa, do jornal O Globo.

No rol de acusados que podem ter os bens leiloados estão o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e sua mulher, Adriana Ancelmo; os empresários Eike Batista, Fernando Cavendish e Miguel Skin, além do ex-secretário de Saúde do RJ, Sérgio Côrtes.

PF suspeita que lancha pertença ao ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Divulgação/PF

Lancha foi apreendida no condomínio Portobello, em Mangaratiba — Foto: Divulgação / Polícia Federal

PF encontrou muito conforto em lancha que pode ser do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Divulgação/PF

Luxos de Cabral

No caso de Sérgio Cabral, a cotação está sendo feita sobre as joias adquiridas supostamente com dinheiro da propina, obras de arte e um iate. A embarcação Manhattan foi adquirida por R$ 5 milhões em 2007.

O iate foi apreendido na operação Calicute, em novembro do ano passado, quando se pensou que pertenceria ao empresário Paulo Magalhães Pinto. Depoimentos e o aprofundamento das investigações fazem os procuradores da República da Força-tarefa da Lava Jato a acreditarem que a embarcação pertença ao ex-governador do Rio.

A casa de luxo de Cabral, em um condomínio em Mangaratiba, no Sul Fluminense, também está entre os bens que podem ir a leilão.

O ex-governador é, atualmente, réu em sete processos na 7ª Vara Criminal Federal. Ele responde em crimes como quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção.

Carros de Eike Batista apreendidos chegaram a ser usados por juiz, que foi afastado do caso

Carros de Eike Batista apreendidos chegaram a ser usados por juiz, que foi afastado do caso

Amigo de infância de Sérgio Cabral, Carlos Miranda era, segundo o Ministério Público Federal, operador do ex-governador. Miranda é proprietário da Fazenda Três Irmãos a 140 quilômetros do Rio (veja no vídeo abaixo). A Justiça Federal do Rio bloqueou cerca de R$ 7 milhões das contas da empresa LRG, registrada como administradora da fazenda Três Irmãos.

Carros de Eike Batista

Outro alvo é o empresário Eike Batista. Na operação Eficiência, que levou o empresário para a prisão, em uma das fases da Lava Jato no Rio. Eike foi preso no dia 30 de janeiro, após voltar ao Rio de avião, vindo de Nova York. Segundo o MPF, Eike pagou US$ 16,5 milhões em propina para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

Lamborghini foi um dos carros de Eike apreendidos — Foto: Henrique Coelho/G1

Porsche de Eike apreendido durante a Operação Eficiência — Foto: Divulgação/PF

A Justiça apreendeu bens como uma Ferrari e um Lamborghini. Há pouco mais de dois anos esses bens já tinham sido apreendidos em outros processos da Justiça Federal. Na ocasião, o juiz Flávio Roberto de Souza chegou à Justiça dirigindo o carro do empresário – tempos depois, ele foi afastado. Para evitar qualquer mau uso, o veículo agora está na casa de Eike e assim não se deteriorar.

Um leilão chegou a ser marcado pelo juiz Flávio Roberto de Souza, mas foi cancelado a pedido da defesa de Eike. Na época, os carros apreendidos que iam a leilão eram: Lamborghini Aventador, ano de fabricação 2011/2012, branca, com lance inicial de R$ 1.620 milhão; um Smart Fortwo, 2009, prata, lance inicial de R$ 30 mil; Toyota Hilux, 2006/2007, preta, diesel, blindada, com lance inicial de R$ 50 mil; Toyota Hilux, 2005/2006, prata, diesel, blindada, lance inicial de R$ 45 mil; e Toyota Hilux, 2006/2007, prata, diesel, blindada, lance inicial R$ 50 mil.

Alienação antecipada

O leilão pode ocorrer mesmo se os réus recorrerem a outras instâncias após a condenação. Desde 2010, houve uma mudança determinada pelo Conselho Nacional de Justiça. A chamada "alienação antecipada" possibilitou a venda do bem apreendido em leilão antes do término da ação penal.

A mudança aconteceu já que, até 2009, o bem permanecia anos nos depósitos e o leilão só era realizado com o processo transitado e julgado em última instância, ou seja, no Supremo Tribunal Federal (STF). O grande número de ações levou a essa antecipação, para que depósitos não fiquem superlotados.

A defesa de Sérgio Cabral e de Carlos Miranda informaram que irão se pronunciar apenas no processo. Os advogados de Eike Batista não foram localizados.

Investigado em operação que prendeu Cabral tem fazenda luxuosa em Paraíba do Sul, RJ

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