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Baptista-Bastos

Tudo como é habitual

Eu tinha um candidato, que me parece digno do lugar.

Baptista-Bastos 6 de Maio de 2015 às 00:30
O Marcelo está cansado de dizer que o Palácio de Belém não pertence aos seus sonhos próximos ou longínquos. Agora, acrescentou, com carácter definitivo, que a insistência no seu nome para aquelas funções é "doentia". Numa interpretação mais lisa, é, pelo menos, chata pela insistência. E o Marcelo será tudo menos burro. Ganha bem e sai cedo; possui mais poder efectivo do que o do Presidente, sem ser tão acossado; goza de uma celebridade imbatível, pela extensão da sua influência, e diverte-se com gozo inaudito. Depois, seriamente, alguém de recto juízo consegue antever o Marcelo naquele papel?

A Direita está manietada. Rui Rio, apontado como segunda escolha, é um homem demasiado agitado e congestivo, chega a atingir a ira quando contrariado, e a simpatia que desperta é mitigada. Pessoalmente, acho-lhe certa piada, pela desenvoltura e pelas características apontadas, semelhantes às de Mário Soares, de quem sou amigo há mais de cinquenta anos, com queixas, desabafos, desapontamentos e críticas. Penso, aliás, que Rio é inteligente quanto baste para não cair numa emboscada de tal natureza. Deixe-se estar como está, sossegadinho, e só tem a ganhar com isso. Eu tinha um putativo candidato, que me parecia, e parece, digno do lugar, que ilustraria com honra, competência e integridade: Manuel Carvalho da Silva. Procede do mundo do trabalho, é culto, bom utente do idioma, ao contrário de outros, especialmente do dr. Cavaco, com tropeços de palmatória e dislates de má memória, como o de dizer "cidadões", no funesto discurso de 25 de Abril. Carvalho da Silva, porém, manifestou desinteresse em participar na pugna, e o campo da Esquerda fica um pouco desasado. O PCP segue a estratégia antiga, de só fazer e revelação quando muito bem entender. E a verdade é que, como diz com acerto, "primeiro estão as legislativas".

O dr. Cavaco espera pelas modas. E não vê nos eventuais candidatos da Direita nenhum do seu agrado. Pelo contrário: alimenta verdetes inapagáveis. Dando mais tempo ao tempo que o tempo precisa, vai marcar para Outubro as eleições porque não deseja estragar as férias aos portugueses e promover uma maior participação cívica. Está-se mesmo a ver o que o senhor deseja.

A vida portuguesa mantém-se na embrulhada habitual. Nada de grave.
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