Edição do dia 02/07/2015

02/07/2015 21h33 - Atualizado em 02/07/2015 21h51

Sobrevivente perdoa contador de Auschwitz: 'perdão é maior vingança'

Alvo de experiências científicas nazistas, ela deu beijo em Oskar Groening.
Ele recolhia pertences de quem chegava ao campo de concentração.

A Alemanha está julgando um homem acusado de cumplicidade na morte de 300 mil pessoas. Ele foi um guarda da tropa de elite dos nazistas, na 2ª Guerra Mundial.

A idade avançada não apaga a lembrança. Oskar Groening jura que nunca deu uma bofetada em ninguém, mas esse viúvo, pai de dois, assume diante de todos uma "culpa moral". Ele era um guarda-livros nazista. Recolhia os pertences de quem chegava ao maior dos campos de concentração. Inspecionava bagagens, retirava joias e contava o dinheiro das vítimas. Um roubo silencioso que financiava o nazismo.

Os promotores não acusam o "contador de Auschwitz" de nenhum ato violento, mas veem em Oskar um dos patrocinadores da máquina de extermínio.

O caso de Oskar é um julgamento sobre as pequenas engrenagens do nazismo. Decidem se alguém que roubou seria tão culpado quanto quem matou judeus.

Aos 94 anos, jura que sente "remorso e humildade". O promotor disse que o mea-culpa são "vinhos velhos em garrafas novas". Garante que, além de roubar, o "contador de Auschwitz" ajudou a selecionar quem ia para câmara de gás.

Uma sobrevivente do Holocausto diz ele representa o ponto mais baixo que a humanidade pode chegar. O réu sustenta que só Deus é capaz de perdoar seu caso.

Mas, do encontro com outra sobrevivente, aconteceu improvável: um cumprimento, um beijo. A mulher, alvo de experiências científicas nazistas, explicou que o perdão é a maior das vinganças.

 

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