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Matérias / Civilizações

Existia racismo na Antiguidade?

Alguns povos eram considerados inferiores em relação a outros, mas será que a noção de raça já existia?

Eduardo Cosomano Publicado em 08/10/2019, às 09h00

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Na Basílica de São Cosme e Damião, Roma, um jesus bem mais escuro do que representações posteriores - Crédito: Wikimedia Commons
Na Basílica de São Cosme e Damião, Roma, um jesus bem mais escuro do que representações posteriores - Crédito: Wikimedia Commons

Resposta curta: não. Resposta longa: é complicado. Racismo não passaria pela cabeça dos gregos e romanos por uma razão bem óbvia: não existia a ideia de raça, de que povos tão distantes quanto os bárbaros ao norte e os persas ao leste tivessem algo em comum, fossem a raça caucasiana.

Nem que mais branco era melhor: quando eles olhavam para o norte, onde as pessoas eram rosadas e de olhos azuis, viam apenas um bando de bárbaros subdesenvolvidos.  

“Havia estereótipos étnicos, como ‘os gregos são traiçoeiros’, mas não há evidência de ligação entre cor da pele, olhos ou cabelo a atributos morais”, explica Pedro Paulo Funari, professor do Departamento de História da Unicamp. 

Um caso interessante era o Egito. Após as conquistas de Alexandre, o Grande, a nova capital Alexandria tornou-se o centro cultural do mundo ocidental, antes sediado em Atenas.

E o Egito era — como ainda é — um grande degradê: de pessoas de tez rosada a bem escura e tudo no caminho entre elas. Teoricamente, as diferenças de cor da pele poderiam levar a comparações que se desdobrassem em racismo. Mas não foi assim que aconteceu. 

“No Egito, viviam gregos, judeus, nativos e africanos subsaarianos, sem que haja evidência de que fossem diferenciados pela cor da pele. Lá, como em qualquer outro lugar, o problema eram os chamados bárbaros, que eram na realidade o estrangeiro, de outros costumes e língua”, explica Funari.

O que não quer dizer que a semente do mal moderno não estava lá.  “O domínio de um povo sobre o outro estava associado às guerras”, afirma  João Ângelo Fantini, doutor em psicanálise pela PUC-SP e autor do livro Raízes da Intolerância. “Os perdedores se tornavam escravos dos vencedores, inclusive entre grupos da mesma ‘raça’. Esse comportamento é próximo da xenofobia.” 

Era “inferior” quem era de um povo bárbaro conquistado, naturalmente destinado à escravidão. Quanto à cor, tanto fazia. 

O racismo contra os negros surgiu mais de um milênio depois. Grupos africanos recém-contatados pelos portugueses estavam dispostos a vender seus vizinhos que escravizaram em guerras locais.

Logo, como aconteceu com os romanos, a condição de escravo passou a ser vista como “natural” do negro. Assim, o racismo nasceu do fato de os escravos serem negros, e não o contrário.

Nos séculos 19 e 20, tentou-se afirmar cientificamente a superioridade dos brancos. Hoje, isso é considerado pseudociência. Não existem fronteiras genéticas claras entre uma suposta “raça” e outra. Ou seja, não existe raça na natureza.


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