Em ampliação, rede cicloviária de Joinville ainda não tem padrões de qualidade definidos

Em cada região da cidade, ciclistas enfrentam condições diferentes de segurança, mobilidade e conservação nas ciclovias

Carlos Junior/ND

Binário do Iririú. Saída de veículos pela ciclofaixa é uma ameaça para os ciclistas
Carlos Junior/ND

Bairro Boa Vista. Delimitação com faixa de concreto traz segurança para o ciclista

Os ciclistas que utilizam a malha de ciclovias de Joinville convivem com diferentes condições em termos de qualidade, segurança e infraestrutura nos diversos trechos entre os 145 quilômetros de rede.

No geral, as pistas estão melhores sinalizadas na região central e nos locais onde as ciclofaixas foram implantadas recentemente, como no eixo das ruas Max Colin e Timbó, entre os bairros Glória e América. Ali, o asfalto é novo, as paradas de ônibus e estacionamento ficam no lado oposto aos de circulação das bikes e a calçada é segregada da via.

“Falta apenas o respeito dos motoristas”, observa o aposentado Brás Nascimento, 70 anos, relatando casos de invasão da faixa pelos veículos na rua Timbó. “Já fui atropelado duas vezes. Eles [os motoristas] não olham quando as bicicletas estão no mesmo sentido dos carros”, completou.

Implantado na execução do binário da rua 15 de Novembro, no bairro Vila Nova, o espaço para as bicicletas também é recente, mas tem pontos críticos. O principal dele é entroncamento no binário com a rua Dante Nazato, sentido bairro-Centro. No local, a ciclofaixa sai da pista de rolamento e se eleva sobre a calçada, passando a ser compartilhada com os pedestres até terminar o trecho íngreme e de curva.

Se não bastasse, a parte de um muro cedeu sobre a faixa, elevando os riscos tanto para ciclistas quanto para quem circula a pé. No sentido Centro-bairro, a nova ciclofaixa termina de repente, no ponto da rua 15 de Novembro ainda com asfalto antigo e sem calçadas. O mesmo problema ocorre no trecho da via no bairro Glória, quando a faixa de bicicletas some a partir da rua Luís Delfino.

A atleta de vôlei Elaine Cristine Meneghelli, 21, avalia que as condições no bairro Vila Nova não são das mais piores, mas contesta o modelo de compartilhamento. “Não é bom porque quando a gente vem no mesmo sentido, os pedestres não estão nos vendo”, disse.

 Sinalização que confunde

 Com tráfego mais intenso devido aos acessos às universidades e ao distrito Industrial, a rua Dona Francisca, no trecho entre o terminal Norte e a avenida Marquês de Olinda, tem um percurso cicloviário prejudicado pelo desgaste da sinalização. Não há nem pintura nem tachões na parte mais crítica. “Está meio complicado. A gente depende de os motoristas respeitarem”, comentou o aposentado Alcides Pereira, 79. Já no Iririú, próximo à estação de ônibus, a sinalização da antiga ciclofaixa se confunde com a nova, implantada após as modificações no trânsito na região.

Ali, outra reclamação é a falta de segurança no cruzamento do binário com a rua Papa João 23, quando a ciclofaixa muda de dimensões e é interrompida por uma ilha viária que obriga os motoristas convergirem à direita. “Está bem sinalizado, mas a gente tem que se segurar no cruzamento. E no trecho sem ciclofaixa, é preciso subir nas calçadas”, relatou o radialista Fábio Costa, 43.

Exclusivo para quem?

 O mais indicado para ruas como Marquês de Olinda seria o isolamento da ciclofaixa com a pista por alguma barreira física, tal qual nas ciclovias da avenida Beira-rio e na rua Albano Schmidt, próximo à Tupy. A medida evitaria uma cena comum no acesso à rua Otto Boehm. Enquanto um veículo aguarda para entrar na rua, quem vem atrás geralmente invade o espaço do ciclista.

E não são só os veículos que se aproveitam. Na rua Paulo Lopes, perto do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, a ciclofaixa tem sido usada para colocação de placas comerciais, irregularidade a ser coibida com maior fiscalização. A situação é mais perigosa e caótica na rua Guanabara. Depois de a implantação do corredor de ônibus ser contestada entre a rua Fátima e o terminal, o espaço foi destinado apenas para os ciclistas.

Na prática, a faixa acaba sendo usada por carros e motos em ultrapassagens e como área de espera antes de cruzamentos, e ainda pelos ônibus, nos acessos aos pontos de passageiros. Além disso, no trecho entre as ruas Fátima e Jarivatura, a ciclofaixa muda de largura e de lado na via.

Plano cicloviário em elaboração

O município não tem um levantamento da real situação das ciclovias e ciclofaixas e nem a definição de critérios que permitam qualificar as rotas existentes e garantir que as novas sejam criadas dentro de alguns padrões. Mas vai ter. É o que está sendo trabalhado no plano cicloviário de Joinville, previsto nas metas do Plano de Mobilidade. 

De acordo com o presidente da Fundação Ippuj (Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville), Vladimir Constante, o órgão está detalhando os modelos de implantação, conforme as diferentes condições de mobilidade. Critérios para vias de mão-dupla e de mão-única, ciclovia de mão-dupla e de mão-única, espaço segregado e espaço compartilhado e intensidade do tráfego serão observados na definição de padrões.

“Tem bastante coisa que, ora ou outra, fazem parte de nossos projetos, mas nunca estiveram estabelecidos como uma cartilha, uma regra. Já temos alguns elementos e até o final do ano, nós vamos completar tudo”, informou. A fundação está adequando para Joinville métodos internacionais usados para avaliação de ciclovias, que levam em conta itens como largura, conservação, qualidade do pavimento e riscos no trânsito.

“Tudo isso vai ser colocado de forma a criar um índice. E aí não é a opinião de um ou de outro, é um critério técnico que avaliou. Além disso, vai ter como monitorar se está melhorando ou se está piorando [a rede cicloviária]”. Esse tipo de indicador será semelhante ao existente para quem anda a pé, chamado índice de caminhabilidade. A avaliação vai de zero a dez e considera as condições das calçadas para os pedestres.

Veja a galeria de fotos da condição das ciclovias em Joinville:

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