SÃO PAULO - O deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) entregou na sede da Polícia Federal de São Paulo na noite desta segunda-feira a mala com R$ 500 mil. A informação, antecipada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, foi confirmada nesta terça-feira pelo GLOBO. Ainda não se sabe qual será o destino da mala: se será analisada pela força-tarefa em Brasília ou se permanecerá na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. (
TUDO SOBRE A "REPÚBLICA INVESTIGADA"
)
Em delação, Joesley Batista afirmou que Rocha Loures foi indicado pelo presidente Michel Temer para tratar de assuntos de interesse da JBS.
Na última vez que a mala havia sido vista, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures saiu com ela de um estacionamento de uma pizzaria de São Paulo, em 28 de abril, e entrou correndo em um táxi.
A mala foi entregue a ele por Ricardo Saud, diretor da JBS, também delator.
A entrega foi filmada pela PF
, que não acompanhou o táxi.
A entrega da mala confirma a informação dada pelos investigadores, de que a bagagem estava com o deputado.
— Não vou dizer isso (que se sente traído por Loures), porque ele é um homem, coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole. Eu o conheci como deputado, depois foi para o meu gabinete na Vice-Presidência, depois me acompanhou na Presidência, mas um homem de muito boa índole. Sempre tive a convicção de que ele tem muito boa índole. Agora, que esse gesto (receber R$ 500 mil) não é aprovável — afirmou o presidente.
Na mesma entrevista, o presidente afirma que o relacionamento entre eles era "apenas institucional".
RETORNO SOB GRITOS DE 'LADRÃO'
Rodrigo Rocha Loures retornou ao Brasil na última sexta-feira. Ele estava em Nova York, nos Estados Unidos, e
desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, sob gritos de "ladrão"
. Quando estourou a delação da JBS, o deputado disse que voltaria ao país para prestar os devidos esclarecimentos. Ao chegar, afirmou que esclareceria a história "no momento adequado".
Três partidos já protocolaram, nesta segunda-feira,
pedidos de cassação do mandato de Loures por quebra de decoro parlamentar
: Rede, PSB e PSOL. Os pedidos foram feitos junto ao Conselho de Ética da Câmara, que decidirá se vai ou não abrir processo. O deputado já está afastado do mandato por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi filmado pela PF recebendo uma mala, com R$ 500 mil reais enviados pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS. A entrega foi feita por um dos diretores da empresa, Ricardo Saud, no dia 24 de abril, em São Paulo. Os dois passaram por três endereços, até que Loures foi embora com a mala.
Propina acertada com Joesley
O dinheiro seria parte da propina acertada por Loures com Joesley, 17 dias antes, para resolver uma questão do interesse da JBS no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Em troca, o empresário ofereceu a Loures propina de R$ 500 mil por semana, durante 20 anos.
Mala estava 'desaparecida'
A mala
foi entregue na noite desta segunda-feira
, na Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo. Ela não tinha sido encontrada nas operações de busca e apreensão realizadas pela PF em endereços ligados ao parlamentar.
Dinheiro faltando
Segundo o auto de apreensão da PF, protocolado pela defesa de Loures no Supremo Tribunal Federal (STF), havia 9.300 cédulas de R$ 50, totalizando R$ 465 mil. A delação dos executivos da JBS aponta que ele recebeu R$ 500 mil. Assim, ainda faltariam R$ 35 mil.
Deputado disse que não sabia do dinheiro
Num primeiro momento, o deputado Rodrigo Rocha Loures disse a interlocutores que não sabia que havia dinheiro dentro da mala, mas que desconfiou por conta do peso. Na versão do parlamentar, ele só soube da existência do dinheiro quando abriu a mala.
Quando as denúncias vieram à tona, na última semana, Rocha Loures estava em Nova York, nos Estados Unidos, acompanhando o evento Person of The Year (personalidade do ano), no qual o prefeito de São Paulo João Doria foi premiado. Ele chegou ao Brasil na última sexta-feira e foi recebido sob gritos de "ladrão" no aeroporto de Guarulhos.
Apenas 'relações institucionais'
O presidente Michel Temer disse que mantinha apenas uma relação institucional com Rocha Loures e que não tinha conhecimento da transação com Joesley. Para Temer, o parlamentar tem boa índole e "deve ter sido seduzido" pela promessa de receber $500 mil por semana.
Intermediário de reunião
Foi Rocha Loures quem intermediou a reunião entre o dono da JBS e o presidente da República, ocorrida na noite do dia 7 de março, no Palácio do Jaburu. Na ocasião, o empresário gravou o diálogo com Temer. (
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A entrega de dinheiro para o indicado por Temer
Do Il Barista, os dois seguem para o restaurante Pecorino. É uma estratégia de despiste de Loures
Meia hora depois, os dois se encontram no estacionamento do mesmo shopping
Loures não pega o dinheiro no estacionamento e pede para que eles sigam para a pizzaria Camelo, nos Jardins. Ele entra na pizzaria sem nenhuma mala
A entrega de dinheiro para o indicado por Temer
Do Il Barista, os dois seguem para o restaurante Pecorino. É uma estratégia de despiste de Loures
Meia hora depois, os dois se encontram no estacionamento do mesmo shopping
Loures não pega o dinheiro no estacionamento e pede para que eles sigam para a pizzaria Camelo, nos Jardins. Ele entra na pizzaria sem nenhuma mala