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Michel Temer diz que não renuncia. "Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome"

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Em breve pronunciamento na tarde desta quinta-feira (18), Michel Temer afirmou que não renunciará à presidência da República. Temer destacou que demonstrará no Supremo Tribunal Federal (STF) não ter nenhum envolvimento com fatos delatados pelo dono da JBS, Joesley Batista. "Sei o que fiz e sei da correção dos meu atos. Exijo uma investigação plena e muito rápida para o esclarecimento ao povo.

Nesta quinta-feira, o ministro Edson Fachin, do STF, autorizou abertura de inquérito para investigar Michel Temer. Com isso, Temer passa à condição de investigado na Operação Lava Jato.

O pedido de investigação foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após o vazamento das delações do dono da JBS, Joesley Batista, que atingem o presidente da República.

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Pela Constituição, o presidente da República só pode ser investigado por atos cometidos durante o exercício do mandato e com autorização do STF. Os fatos narrados por Joesley teriam sido cometidos em março deste ano, com Temer na Presidência.

Pronunciamento

No início de seu pronunciamento, Temer afirmou que só estava falando àquela hora (16 horas) porque tentou conhecer o conteúdo das gravações que o citam. "Solicitei oficialmente o acesso a esses documentos, mas até agora não o consegui", disse, prosseguindo: "Quero deixar claro que meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação e os dados de geração de empregos criaram a esperança de dias melhores. Otimismo e reformas avançavam no Congresso." 

Temer continuou, citando o impacto do vazamento da delação de Joesley Batista. "A revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise politica de dimensão ainda não dimensionada. Todo o imenso esforço de retirar o país da recessão pode se tornar inútil. Não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho pelo país", reforçou.

Temer destacou ainda que em nenhum momento autorizou que pagassem pelo silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha. "Não comprei o silêncio de ninguém por razão singelíssima:  não temo delação, não preciso de cargo público e nem de foro. Nada tenho a esconder, sempre honrei meu nome."

Homologação

O ministro do STF, Edson Fachin, homologou nesta quinta-feira (18) a delação premiada dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS. As delações permanecem sob sigilo. Os empresários firmaram o acordo com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato. Fachin é o relator da operação no STF. 

No início da noite desta quarta-feira (17), o jornal O Globo publicou reportagem, segundo a qual, em encontro gravado, em áudio, pelo empresário Joesley Batista, o presidente Michel Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao doleiro Lúcio Funaro para que esses ficassem em silêncio. Cunha está preso em Curitiba. 

De acordo com a reportagem, outra gravação feita por Batista diz que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), teria pedido R$ 2 milhões ao empresário. O dinheiro teria sido entregue a um primo de Aécio. A entrega foi registrada em vídeo pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que o montante foi depositado numa empresa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Na manhã desta quinta-feira, a PF fez buscas na casa e no gabinete do senador em Brasília e em endereços relacionados a ele no Rio de Janeiro. A irmã do parlamentar, Andrea Neves, foi presa em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. 

Respostas

A Presidência da República divulgou nota na noite desta quarta-feira (17) na qual informa que o presidente Michel Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha", que está preso em Curitiba, na Operação Lava Jato.

Em nota, a assessoria de Aécio Neves disse que o senador "está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários".

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