A Inovação e a Inovação Aberta - Inteligência Competitiva Tecnológica
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A Inovação e a Inovação Aberta - Inteligência Competitiva Tecnológica

Os mercados financeiros exercem pressões implacáveis sobre os executivos para que promovam e mantenham o crescimento de suas empresas em ritmo cada vez mais acelerado. Será que é possível executar com sucesso esse mandato? Será que as inovações capazes de atender às demandas dos investidores quanto ao crescimento não impõem riscos inaceitáveis para esses mesmos investidores? Perguntam Christensen e Raynor (2003, p. 14).

A atenta observação do ambiente de operação das empresas que se utilizam de domínio tecnológico como fonte de competição e lucratividade mostra uma forte dificuldade destas para manter vivas suas fontes internas de inovação. 

Qual o problema que aparentemente existe na geração da inovação? Segundo Chesbrough, o problema está na mudança da forma como as empresas geram novas ideias e as disponibilizam ao mercado.  

A maneira mais eficiente de gerar inovação, tradicionalmente feita pelas grandes empresas que sustentam domínio tecnológico é manter o controle sobre o seu desenvolvimento, garantindo o sucesso de sua aplicação posterior no mercado.

Essa forma de inovar é conhecida como Modelo Fechado de Inovação.  Neste modelo a empresa gera, desenvolve e comercializa suas próprias ideias, com base exclusiva em suas capacidades internas. 

Mas seria essa a única forma de se realizar inovação?  Se pensarmos que para inovar, as empresas necessitam de maior amplitude de conhecimento; necessitam de conhecimento mais especializado e sofisticado; se adicionarmos a isso o custo de juntar o conhecimento necessário e o fato de que esse conhecimento dificilmente estará num mesmo lugar, temos que nos render a evidências de que o modelo fechado de inovação não está mais respondendo adequadamente à geração da inovação.

Há outras razões no entorno das empresas, que estão modificando o contexto e mostrando que o modelo fechado deve ser usado com cautela ou de maneira limitada.  Entre as razões, Chesbrough (2003) cita a crescente mobilidade do conhecimento tácito.  O grande número de empresas e as necessidades de especialidades profissionais diversas têm estimulado com maior intensidade nos últimos anos, o périplo de especialistas de uma para outra empresa, na maioria dos setores industriais.  Os motivos podem ser salariais ou de valores e crenças individuais, mas o fato é que a mobilidade intelectual tem dificultado a confiança das empresas de que o conhecimento, quando necessitado, estaria imediatamente à mão.

Uma segunda razão para o aumento das dificuldades concentra-se no aumento e disponibilidade de capital de risco para novas ideias e/ou inovações.  Assim, empreendedores corporativos não precisam mais ver suas ideias serem abortadas, ignoradas ou guardadas para futuras oportunidades, que jamais acontecem, em suas empresas de origem. Novas ideias podem ser transformadas em eventos empreendedores de sucesso através de capital de risco ou de dinheiro-semente.  Assim, aquilo que poderia ser uma solução inovadora para uma empresa, passa a ser um novo evento empreendedor, nas mãos do inventor, impedindo a empresa original de usufruir os lucros e a participação mercadológica de possíveis inovações dentro de suas paredes.

Uma terceira razão refere-se à elevada ineficiência da gestão dos processos de desenvolvimento da inovação (modelo fechado).  Tais processos são burocráticos, longos e custam muito caro, não pela burocracia, mas pelo tempo necessário ao desenvolvimento (a obtenção de uma patente, por exemplo, leva de forma otimista cerca de 12 anos), pelo da mão de obra especializada e pelo custo da infraestrutura necessária.   Manter equipes de especialistas custa caro.  Mas otimizar seu desempenho com uma infraestrutura de equipamentos atualizada e de acesso a bases de dados especializadas custa talvez ainda mais caro.

Por fim, uma quarta razão refere-se à diminuição do ciclo de vida dos produtos e tecnologias. Como a velocidade de desenvolvimento de novas tecnologias está cada vez maior, novas soluções tecnológicas vão repondo as tecnologias correntes, diminuindo o ciclo de vida dos produtos no mercado.  Para pelo menos manter-se na corrida, as empresas precisa acelerar a disponibilidade de soluções em seu poder. Isso requer delas novas soluções e em espaços de tempo cada vez mais curtos.

Esse novo contexto que molda o em torno corrente das empresas, sugere que a estratégia de inovação deva levar em consideração ideias, tecnologias e conhecimentos existentes fora da empresa, ou alhures, nos vários núcleos de conhecimento especialista no mundo. Esse é o fundamento do Modelo Aberto de Inovação.

Os princípios deste modelo sustentam um processo de inovação no qual a empresa usa ideias próprias, ideias de outras empresas, ou combina ou complementa suas ideias com outras existentes no ambiente, e amplia sua presença no mercado entrando em nichos novos ou utilizando caminhos diferentes para chegar ao mercado.

Fonte: Tese: Sistema de prospecção da inovação em ambiente multifacetado: o caso do parque tecnológico Nonagon.

Autor:   Passos, Alfredo. URI: http://localhost:8080/tede/handle/tede/699 

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