Política Lava-Jato

Jornalistas brasileiros são detidos na Venezuela durante apuração sobre Odebrecht

Leandro Stoliar e Gilson Souza apuram informações sobre supostos pagamentos de suborno
Incompleta. A terceira ponte sobre o Rio Orenoco, cuja obra custou US$ 1,682 bilhão, deveria ter ficado pronta em 2012: esse é um dos empreendimentos na Venzuela sobre os quais pairam suspeitas de corrupção envolvendo a Odebrecht Foto: Divulgação
Incompleta. A terceira ponte sobre o Rio Orenoco, cuja obra custou US$ 1,682 bilhão, deveria ter ficado pronta em 2012: esse é um dos empreendimentos na Venzuela sobre os quais pairam suspeitas de corrupção envolvendo a Odebrecht Foto: Divulgação

RIO — Dois jornalistas brasileiros foram detidos na Venezuela neste sábado pelo serviço de inteligência do governo local. A detenção ocorreu no estado Zulia, no norte do país. A informação foi divulgada pela ONG Transparência Venezuela.

Leandro Stoliar e Gilson Souza, da Rede Record, estão no país para apurar informações sobre supostos pagamentos de suborno da construtora Odebrechet. A emissora informou ter solicitado apoio do Itamaraty e da embaixada do Brasil na Venezuela para trazer os profissionais de volta. A Rede Record perdeu o contato com os jornalistas.

Também foram detidos dois ativistas que acompanhavam os jornalistas.

"A comissão do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional deteve e escoltou (os brasileiros) até sua sede em Maracaibo para uma audiência. Ao chegar, foram recolhidos seus telefones celulares. A Transparência Venezuela exige a liberação deles", disse a ONG em um comunicado.

O organização indicou que os jornalistas apuravam informações sobre a construção da segunda ponte sobre o Lago de Maracaibo, que era conduzida pela Odebrecht. A ONG não informou se os brasileiros tinham realizado os procedimentos para obter a permissão do Ministério da Comunicação e Informação da Venezuela para atuar no país. O governo venezuelano tem retido e deportado jornalistas estrangeiros por esse motivo.

O Sindicado Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela lamentou, em nota, a detenção dos jornalistas. A entidade também exigiu a liberação dos brasileiros.

Na última semana, o Parlamento venezuelano aprovou uma investigação sobre a Odebrecht. Parlamentares ligados ao governo federal não participaram da sessão. Representantes da construtora no país foram convocados pela Comissão de Controladoria e devem ser ouvidos durante a semana.

Já o Ministério Público venezuelano solicitou ao Ministério Público Federal (MPF) brasleiro o compartilhamento de informações. A Odebrecht admitiu ao Departamento de Justiça do Estados Unidos ter realizado pagamentos de US$ 98 milhões em propina na Venezuela. Na última semana, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, se comprometeu a terminar as obras da construtora que foram interrompidas após a divulgação de casos de corrupção.