Política

Em vídeo, executivo da Odebrecht relata pagamento de caixa dois a Maduro

Ex-procuradora-geral da Venezuela divulgou depoimento em sua conta oficial no Twitter
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

BRASÍLIA - A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz divulgou nesta quinta-feira em sua conta no Twitter um vídeo da delação premiada da Odebrecht em que o presidente Nicolás Maduro é acusado de receber caixa dois . Nele, o presidente da empresa na Venezuela, Euzenando Azevedo, admite ter pago a Maduro dinheiro para sua campanha por meio de um intermediário, chamado Américo Mata. Ele relata que recebeu um pedido de US$ 50 milhões.

- Esse senhor Américo Mata me procurou e fechou um encontro comigo. Ele me pediu uma contribuição. Ele sabia de nosso negócio e do tamanho de nossas operações. Ele pediu contribuição para  a campanha do presidente Maduro. Ele pediu um valor grande na época. Eu concordei e aceitei pagar a ele em torno de US$ 50 milhões.

O conteúdo do depoimento já havia sido publicado em julho pelo GLOBO . A reportagem revelou que Azevedo contou ter sido procurado por Mata em 2013 com o pedido. No entanto, ele afirmou no relato que foram pagos US$ 35 milhões,  segundo envolvidos nas tratativas.

O trecho do depoimento de Azevedo publicado por Ortega Díaz ainda se encontra sob sigilo. Ele foi vazado menos de uma semana depois de executivos da Odebrecht terem se reunido com autoridades da Venezuela para dar prosseguimento às tratativas do acordo  de delação premiada e de leniência que o grupo negocia lá.

A empresa entrará com uma petição junto ao Supremo Tribunal Federal para exigir que se apure o vazamento, que pode comprometer as negociações.

Segundo pessoas ligadas às investigações, esse material está sob os cuidados da Procuradoria-Geral da República do Brasil. Essa não é a primeira vez que a Odebrecht pede a apuração de vazamentos ligados a temas da área internacional. A empresa já solicitou  investigação envolvendo fatos divulgados no México e no Peru.