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Juiz permite aplicação de terapia de reversão sexual por psicólogos

18.jun.2017 - Com a temática da defesa do Estado laico, a 21ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo atrai uma multidão para a avenida Paulista - LEONARDO BENASSATTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
18.jun.2017 - Com a temática da defesa do Estado laico, a 21ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo atrai uma multidão para a avenida Paulista Imagem: LEONARDO BENASSATTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Luiz Vassallo

São Paulo

18/09/2017 14h58Atualizada em 18/09/2017 21h27

O juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudio de Carvalho concedeu liminar que abre brecha para que psicólogos ofereçam a terapia de reversão sexual, conhecida como 'cura gay', tratamento proibido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) desde 1999.

A decisão atende a pedido da psicóloga Rozangela Alves Justino em processo aberto contra o colegiado, que aplicou uma censura à profissional por oferecer a terapia aos seus pacientes.

"A fim de interpretar a citada regra em conformidade com a Constituição, a melhor hermenêutica a ser conferida àquela resolução deve ser aquela no sentido de não privar o psicólogo de estudar ou atender àqueles que, voluntariamente, venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade, sem qualquer forma de censura", anotou o magistrado.

Para o CFP, a decisão liminar, proferida na sexta-feira, 15, abre a perigosa possibilidade de uso de terapias de reversão sexual. Segundo a entidade, "a ação foi movida por um grupo de psicólogos defensores dessa prática, que representa uma violação dos direitos humanos e não tem qualquer embasamento científico".

Segundo o CFP, na audiência de justificativa prévia para análise do pedido de liminar, a entidade se posicionou contrária à ação, "apresentando evidências jurídicas, científicas e técnicas que refutavam o pedido liminar".

Os representantes do CFP destacaram que a homossexualidade não é considerada patologia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - entendimento reconhecido internacionalmente.

Também alertaram que as terapias de reversão sexual não têm resolutividade, "como apontam estudos feitos pelas comunidades científicas nacional e internacional, além de provocarem sequelas e agravos ao sofrimento psíquico".

O CFP informa que o processo está em sua fase inicial e afirma que vai recorrer da decisão liminar.