Hoje é Dia dos Pais. Hoje e todos os dias, mesmo antes do primeiro choro do bebê. Especialistas são unânimes em afirmar que mulheres que contam com a presença do pai da criança no pré-natal costumam ficar mais tranquilas e isso ajuda no desenvolvimento do feto. Por isso, a Clínica da Família Santa Marta, em Botafogo, desenvolveu um projeto que amplia a participação masculina durante a gestação.
— Com as conquistas femininas no mercado de trabalho, mesmo desejando muito o filho, há um certo receio. Elas ficam apreensivas no período gestacional. As que têm um companheiro atuante, percebe-se nitidamente uma maior tranquilidade — afirma Carla Ribeiro, psicóloga clínica hospitalar.
E o impacto positivo se estende também ao desenvolvimento do bebê durante a primeira infância, até os 2 anos.
Pedro Henrique Alves, de 23 anos, trabalha como atendente de lanchonete durante a noite e, por isso, não conseguiu participar de todo o pré-natal. Mas agora, para compensar, é um pai ativo de Luanna, de 5 meses, seu segundo filho com Otacília de Souza, de 22 anos.
— Só não dou banho, mas faço todo o resto. É muito bom saber que estou presente na vida da minha filha e dividindo as tarefas com minha esposa — conta Pedro Henrique Alves.
Isabel Rey Madeira, presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, diz que já notou uma diferença no perfil de quem frequenta seu consultório.
— Eu trabalho na pediatria há 30 anos, cada vez mais vejo os pais indo ao consultório pediátrico. Muito, inclusive, sem a presença da mãe ou da avó. Essa atitude, junto com uma dedicação maior, terá impacto entre o vínculo da criança com o pai — diz a pediatra.
A psicóloga e a pediatra concordam com a adoção do termo “casal grávido” para destacar que as obrigações devem ser divididas.
— O pai não pode ficar restrito aos momentos de lazer. Há outros mais trabalhosos, como acordar à noite e conseguir decifrar o choro da criança que são importantes participar — afirma Carla Ribeiro.
Incentivo em clínica
O enfermeiro Sancler Corrêa trabalha na Clínica da Família Santa Marta, em Botafogo, há seis anos. Ele é o idealizador do projeto que convida os pais a participarem ativamente do pré-natal.
— Todas as mulheres gostam muito desse programa. Eu já tive casos de um casal que começou o pré-natal junto, no meio eles se separaram e mesmo depois da separação, ele continuou participando de todos os exames — conta o enfermeiro que é pai de um casal de gêmeos.
O projeto que iniciou na clínica da Zona Sul, agora funciona em todas as Clínicas da Família do Rio.
— Os homens adoram, ficam emocionados, uns choram, outros querem ser mais rudes. Tem um pai que fica mudo o tempo todo, porém, quando escuta o coração do beber bater, ele fica todo emocionado e orgulhoso — relata Sancler.
Na Clínica da Família Santa Marta, em média, cinco grávidas iniciam o pré-natal por mês. Dessas, cerca de 70% contam com a participação do homem.