15/10/2016 23h27 - Atualizado em 18/10/2016 16h46

Aerosmith faz rock eficiente e Steven Tyler mostra fôlego aos 68 em SP

Vocalista sexagenário impressionou com agudos no Allianz Parque.
Cerca de 45 mil fãs vibraram na 6ª turnê no país como se fosse 1ª vez.

Rodrigo OrtegaDo G1, em São Paulo

Aerosmith em São Paulo (Foto: Flavio Moraes)Aerosmith em São Paulo (Foto: Flavio Moraes)

De longe, a figura de calça xadrez preta, branca e dourada, sapato azul e branco, paletó brilhante e panos coloridos poderia ser incluído na nova modinha dos palhaços assustadores. Mas ele comanda uma moda um pouco mais séria e muito mais antiga.

Steven Tyler celebrou as mais de quatro décadas de Aerosmith na noite deste sábado (15) em São Paulo. A produção informou que quase todos os 45 mil ingressos disponibilizados foram vendidos, mas não confirmou o número total de fãs no Allianz Parque. O show começou pouco depois das 21h e durou uma hora e cinquenta minutos.

Aerosmith em São Paulo (Foto: Flavio Moraes)Aerosmith em São Paulo (Foto: Flavio Moraes)

A carreira de altos e baixos tem material mais do que suficiente para satisfazer aos fãs mais exigentes de 1973 para cá - sem nenhum apego ao material mais recente, o disco “Music from another dimension” (2012). Fãs na grade pediram “Hole in my soul”, mas só houve tempo para um pedacinho do refrão à capella.

Steven Tyler, um senhor de 68 anos, mas com gritinhos de uma moça de 18, já começa o show na passarela à frente do palco, ostentando os agudos em “Draw the line”, faixa-título do álbum de 1977. A voz é mais rouca que antes, mas alcança todas as notas que precisa.

Ele se joga no chão no meio de “Love in an elevator” e, depois, assobia para o parceiro Joe Perry, 66, chegar na frente da passarela e encerrar a música de rosto colado.

O guitarrista parecia ter se esquecido do número ensaiado. Já Tyler segue os truques de frontman à risca - às vezes parece demais no automático do “joga a mãozinha pro alto”, mas não menos eficiente.

“Cryin” é outra em que a voz ainda se mostra em cima, mas nem precisava - todo mundo leva do início ao fim, a mais cantada da noite junto com “I don't want to miss a thing”. Mas o Aerosmith bem é mais que hits de rádio e a voz de Steven Tyler.

Aerosmith em São Paulo (Foto: Flavio Moraes)Aerosmith em São Paulo (Foto: Flavio Moraes)

O rock deles é eficiente até quando segue por refrões menos conhecidos, como prova “Stop messin' around”, cover do Fleetwood Mac, blueseira com Joe Perry no comando. A catarse em “Dream on”, a mais antiga e melhor do repertório, mostra que havia ali muito mais do que vontade de ouvir um sucesso ou outro.

Essa é a sexta vez do Aerosmith no Brasil - eles tocaram em Porto Alegre e ainda vão a Recife. Mas os fãs continuam vibrando como se fosse a primeira vez. Houve até um papo de Steven Tyler de que pode ser a última vez, mas a escalação no Rock in Rio 2017 tira qualquer clima de despedida.

Para uma banda de trajetória instável, com baixas em popularidade e na saúde dos integrantes por conta de drogas e bebidas em quatro décadas, é um feito que seja hoje opção tão segura de grande show de arena. Não deve ser diferente em 2017. Vai ser só arrumar outra comparação com a modinha da vez, que também vai passar, enquanto o Aerosmith fica.

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