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Março 2017

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Legado das Olimpíadas

O Doping e a ética no esporte Esteban Duarte

­Rio 2016

investe alto e passa em teste de segurança Leonardo Magnus

A maior cobertura esportiva da história brasileira Julio Lemos

Olimpíadas recebem 1,17 milhão de turistas Sheila Castro

Os principais atletas de todas as Olimpíadas Juliano Vieira

Jornada dos voluntários gaúchos na Rio 2016 Caroline Freitas


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EDITORIAL Juliano Vieira A cada quatro anos o mundo revive os Jogos Olímpicos. Tradição grega ressurgida no fim do século XIX, a Olimpíada é um encontro de menos de três semanas, que agrega mais de 200 nações em busca do mesmo ideal: o do esporte vencendo a desunião e as batalhas pela igualdade e do fim ao preconceito, que o planeta tanto deseja. A Terra deveria ser uma eterna Olimpíada de valores. Ou será que se imagina que em alguma outra ocasião veremos as duas Coreias desfilando juntas, como ocorreu em Atenas 2004? Ou ainda que americanos, iranianos e iraquianos façam uma disputa leal e sem brigas? Nos Jogos Olímpicos, temos todos os sentimentos que nos cercam (e faltam) em nosso cotidiano: temos a leveza de uma ginasta e temos a dedicação ambiciosa de um velocista. Ainda, lições de humildade como a de Vanderlei Cordeiro ou a simplicidade de um campeão como a de Michael Phelps. Temos obstáculos quase intransponíveis que surgem como adversidade, assim como no hi-pismo ou aquele menor, mas não menos difícil que tem o basquete. Por ser uma festa esportiva e também de lição de vida, eventos singulares como os Jogos, merecem destaques dos quatro cantos do mundo. E aqui, no curso de Jornalismo da Ulbra, se faz presente em seu jornal que contará de maneira apropriada e com um viés diferente a história da Rio 2016 e de outras Olímpiadas não menos espetaculares.

EXPEDIENTE Reitor: Marcos Fernando Ziemer Vice-reitor: Ricardo Willy Rieth Pró-reitor de Planejamento e Administração: José Paulinho Brand Pró-reitor Acadêmico: Pedro Antonio González Hernández. Capelão Universitário: Mário Rafael Yudi Fukue Coordenadora de Ensino: Lucimar Filot da Silva Brum Coordenador do curso de Jornalismo: Deivison Campos Professor responsável: Jorge Gallina (RPMT/RS 4043) Projeto Gráfico: Ana Maciel Szezecinski e Caroline Andreoli (Agex) Jornal Ensaio é produzido pelos alunos da disciplina de Produção de Impresso – Revista - 2016/2. Alexia Puchalski Nunes, Bianca Pokorski Fernandes, Bruna Rossi Fraga, Bruno Mendes da Silva, Caroline Figueira de Freitas, Dominiqui de Souza Borges, Esteban Duarte de Souza, Fabiano Querotti, Felipe Baptista Figueiró, Gabriel dos Santos Rosalino, Géssica Hardt Lemke, Juliano Vieira da Silva, Julie Moresco da Silva, Leonardo Magnus Pereira Santos, Luís Ricardo Janke Seibt, Paulo Renato Rodrigues Pimentel, Sheila Lunara Castro de Freitas, Thiago da Costa Lopes, Valter Júlio Lemos Filho e Willian Garcia de Souza. Fotografia: Arquivo Ensaio e fotos públicas. Revisão: Fátima Giuliano.

ABERTURA DAS OLIMPÍADAS

NOITE DA

DIVERSIDADE Dominiqui Borges e Paulo Renato Rodrigues Pimentel

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s Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro tiveram na sexta-feira, dia 5, uma noite para ser lembrada por gerações. O Maracanã foi palco da diversidade da cultura brasileira. Uma história que pode ser contada de forma respeitosa ao mundo com a abertura dos Jogos. Imigração, período escravocrata, riquezas levadas por nossos colonizadores e belezas naturais foram a base das apresentações da abertura das Olimpíadas Rio-2016. A festa foi planejada durante 5 anos, contou com mais de 30 mil voluntários envolvidos, para que tudo ocorresse como o planejado. Mas para apreciar o evento foi necessário mais do que vontade, o preço dos ingressos variaram entre R$ 200,00 e R$ 4000,00. Os elogios à produção artística do evento correram o mundo. O norte-americano The New York Times não poupou elogios à apresentação dos tropicalistas Gilberto Gil e Caetano Veloso, que cantaram acompanhados do nome do pop brasileiro do momento, a cantora Anitta, encerrando o evento. Segundo o tabloide, a cantora pode ser

considerada a “Beyoncé brasileira”, em alusão à diva do pop mundial. As imagens do desfile da topmodel número um do mundo, Gisele Bündchen ao som de Daniel Jobim, neto de Tom Jobim, grande nome da Música Popular Brasileira, cantando “Garota de Ipanema”, música brasileira mais conhecida e tocada no exterior. A gaúcha é o sinônimo da beleza citada na música. Fernando Meirelles, cineasta e um dos organizadores do evento criticou a ubermodel. Críticas à parte, a imprensa elogiou a apresentação, que foi repleta de emoção. Gisele anunciou sua aposentadoria em 2015, mas desfilou na abertura das Olimpíadas Rio-2016, sem aceitar nenhum cachê. Além dos nomes já citados, Marcelo D2, Elza Soares, Wilson das Neves e Zeca Pagodinho representaram o samba brasileiro em suas apresentações. Jorge Ben Jor, interpretou a sua música mais conhecida: “País Tropical”. Ludmilla, Karol Conka e Mc Sofia trouxeram ao mundo os novos nomes da música brasileira e representaram a potência da mulher negra. Outro ponto forte da abertura dos

Jogos Olímpicos Rio-2016 foi a utilização dos aparatos tecnológicos para a execução de todas as apresentações. No, evento foram utilizados 14 km de cabos, 2 mil canhões de luz e 3 mil kg de fogos de artifício. A réplica do 14 Bis, idealizado pelo brasileiro Antônio Santos Dumont sobrevoou todo o estádio Jornalista Mário Rodrigues Filho. As pessoas que estavam presentes no evento puderam acompanhar a passagem do avião por outros pontos turísticos da cidade maravilhosa através de um telão. As apresentações com efeitos tridimensionais (3D) cativaram o público e captaram os olhares de cerca de 4 milhões de espectadores que assistiram a abertura das Olimpíadas pela televisão, simultaneamente. Paulinho da Viola foi o artista convidado para cantar o Hino Nacional na companhia de um conjunto de cordas e com a participação de Regina Cazé. Foi a primeira vez que a abertura dos Jogos Olímpicos foi toda inspirada na musicalidade de um país. Os principais nomes da organização do evento foram coreógrafa Deborah Colker e o cineasta Fernando Meirelles, como diretores de abertura.


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DA GRÉCIA AO BRASIL

UMA VIAGEM PELAS DELEGAÇÕES DA RIO-2016

PREÇO ALTO PARA A BELEZA DO ESPETÁCULO Sem a presença dos secretários de Estado de Segurança, José No total, cerca de R$ 39 bilhões de reais foram gastos com as Olimpíadas Rio 2016. Esse dinheiro teve fontes diferentes e foi ge- Mariano Beltrame, e do coordenador de Segurança de Operações renciado por grupos separados, dependendo de onde foi aplicado. da Cerimônia de Abertura dos Jogos, Felipe Seixas - que eram Aproximadamente R$ 7,4 bilhões, ficaram aos cuidados do aguardados pela imprensa na coletiva - Padilha detalhou que o Comitê Organizador Rio-2016. Comitê responsável por organi- aporte para o Comitê Rio-2016 teve como objetivo garantir a reazar as Olimpíadas, entre suas atribuições estavam: a cerimônia de lização das festas. O total foi dividido entre os governos municipal abertura, o pagamneto dos salários das pessoas que apoiaram o e federal. Ao falar sobre a festa de abertura da Rio-2016, diretores resevento, fornecer muito dos serviços de saúde, segurança, alimentação, acomodação, transporte, telecomunicações e tudo mais que ponsáveis pela cerimônia ressaltaram a contenção de gastos diante da crise econômica, e prometiam evento bem mais barato do que fosse envolvido na operação dos jogos. Não foi de responsabilidade do comitê nenhuma obra para as em outros Jogos. Mas, na realidade, a estimativa atual é de um cusinstalações dos jogos. No montante, disponibilizado ao comitê to em torno de R$ 190 milhões, 30% superior ao valor inicial e não houve aplicação de nenhum centavo público. Mais da meta- maior do que Londres-2012. O orçamento inicial previsto para a abertura olímpica carioca de do valor veio de patrocinadores: empresas como o Bradesco, a Coca-Cola e o McDonalds. As Olimpíadas são transmitidas para era de R$ 147 milhões, em valores atualizados até 2016. O número milhões de pessoas, no mundo todo, por isso é um excelente palco final ainda não está fechado e, por isso, não é informado. O Comitê Rio-2016 que tem orçamento privado, teve de repara divulgar dessas marcas. passar diversos gastos para o governo fedeO Comitê Olímpico Internacional enral como instalações esportivas provisórias trou com mais de 25% do valor total, e o para se enquadrar no orçamento de R$ 7,4 restante veio da própria venda de ingressos bilhões. Ou seja, indiretamente, uma redupara os jogos, licenciamento para produtos ção de custos ajudaria os cofres públicos. como camisas, bonés, etc. As finanças do Para incrementar o orçamento da aberComitê Organizador são transparentes. tura, o Rio-2016 deslocou verbas que seTodos os gatos e investimentos estão publiriam utilizadas para outros eventos como a cados no site oficial do órgão. BILHÕES DE REAIS festa de encerramento. Assim, foi mantido Ao todo, foram gastos, aproximaForam gastos para realizar o valor inicial previsto para todas as ceridamente R$ 270 milhões pelo Governo as Olimpíadas 2016 no Rio mônias, em conjunto. Federal e pelo município do Rio para a O aumento do custo da abertura ocorreu realização das cerimônias de abertura e pelas necessidades de iluminação do Maraencerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A informação foi dada pelo Ministro da Casa Civil, canã. A cobertura do estádio não resistia as toneladas de que luz foram Eliseu Padilha, em entrevista coletiva de imprensa realizada nes- usadas e foi preciso contar com estruturas adicionais. O estádio tem ta quinta-feira (4), véspera da abertura da Olimpíada Rio-2016, outras limitações, por conta das entradas reduzidas, o que obrigou os no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade diretores a adaptações na cerimônia. Nova.

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PRESIDENTE INTERINO É VAIADO PELO PÚBLICO NA ABERTURA DOS JOGOS A tensão política vivida pelo país nos últimos anos esteve bem explícita com a abertura do 31º Jogos Olímpicos. Com o processo de impeachment em andamento no país, Michel Temer, presidente interino que assumiu o maior cargo político do Brasil, dois meses antes do megaevento, foi discreto na abertura e quebrou protocolos. Temer pediu que seu nome não fosse citado junto ao nome do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, ainda no início do evento. Ao fim da noite, Michel Temer fez um breve pronunciamento anunciando assim, a abertura dos Jogos Olímpicos Rio-2016, o suficiente para ser vaiado pelo público presente no Maracanã.

Os países que participam das Olimpíadas, por tradição, também desfilam na abertura do evento. Antes do desfile das delegações, uma apresentação sobre as mudanças climáticas que o Brasil e o mundo enfrentam foi o destaque. Enquanto telões mostravam o reflorestamento como uma alternativa, as atrizes Fernanda Montenegro e Judy Dench recitavam o poema “A Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade. Entre as 207 delegações, estava incluído, pela primeira vez, o time de refugiados formado por 10 atletas de diversos países. Tradicionalmente, a delegação grega abriu o desfile, depois os atletas apresentaram seus países ao público em ordem alfabética. A delegação anfitriã foi a última a desfilar. Pela primeira vez, todos os 12 mil atletas receberam uma semente ao entrar no campo do Maracanã. As 207 espécies de sementes serão utilizadas para a criação da Floresta dos Atletas, no Complexo Esportivo Deodoro, onde hoje está situado o Parque Radical.

Juca Ferreira no discurso de abertura

OPORTUNIDADE PARA DIVULGAR A CULTURA BRASILEIRA O ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse que os Jogos Olímpicos representam uma ótima oportunidade para divulgar o Brasil entre os milhares de turistas que estão no Rio de Janeiro para acompanhar os Jogos e conclamou os agentes culturais de diversas áreas a usar toda a criatividade para isso. Juca participou da reunião do Fórum de Cultura Permanente do Rio de Janeiro, na qual ouviu diversas opiniões e ideias sobre o tema. “Os Jogos Olímpicos são um evento importantíssimo. É o maior evento do mundo, maior que a Copa do Mundo. Não é à toa que é disputadíssimo. As cidades apresentam suas candidaturas e botam todas as fichas na mesa para sediar as Olimpíadas. [Os Jogos] servem para reforçar a marca da cidade e como um grande consenso de preparação da cidade para grandes eventos, por meio dos legados. “Ainda não aprendemos a fazer desses grandes eventos um processo de desenvolvimento da economia local. Em geral, pensamos mais no gasto do que no ganho, mas é uma oportunidade imensa. E os Jogos Olímpicos têm uma característica importante. Vem muito mais gente do que na Copa do Mundo e é concentrado em uma cidade só. É uma oportunidade de ouro”.


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Melhor desempenho do Brasil em Olimpíadas Aléxia Puchalski

Felipe Wu garantiu primeira medalha do Brasil nas Olimpíadas, no tiro esportivo

Arthur Zanetti tentou o bi olímpico, mas ficou com a medalha de prata

Martine Grael e Kahena Kunze, ouro na vela

Alison e Bruno Schmidt medalhistas de ouro no vôlei de praia

Seleção brasileira de futebol, primeira vez campeã olímpica

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desempenho da delegação brasileira foi avaliado positivamente. O país, que teve sua maior delegação na história nesta edição, com a participação de 465 atletas, somou 19 medalhas, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze. A melhor participação do país até então tinha sido em Londres-2012, com 17 medalhas, sendo três ouros, cinco pratas e nove bronzes, terminando em 22º no quadro de medalhas. O país sede pode participar de todas as modalidades, por isso obteve um número maior de medalhas. As medalhas de ouro foram conquistadas por Rafaela Silva que, apoiada e treinada no projeto social Reação, na favela da Rocinha no RJ, conquistou o ouro no judô; Thiago Braz ganhou o primeiro lugar no salto com vara, batendo um recorde de 6,03cm e superando o francês Lavillenie. A seleção masculina de vôlei, com toda a sua dedicação e vontade, conseguiu o ouro em uma vitória incrível contra a Itália; Alison e Bruno Schmidt emocionaram a todos no vôlei de praia, venceram por dois sets a zero a dupla italiana e levaram o ouro para casa. A seleção masculina de futebol foi para a final contra a rival Alemanha e com o 7x1 na cabeça dos torcedores brasileiros. Em uma final eletrizante, a seleção venceu numa disputa de pênaltis, de tirar o fôlego. Robson Conceição ganhou o ouro no boxe por decisão unânime, em cima do francês Sofiane. Martine Grael e Kahena Kunze seguiram as tradições das famílias e com uma chegada apenas de dois segundos a frente

das neozelandesas, conquistaram o ouro na competição de vela. As pratas saíram com Isaquias Queiroz, que foi a revelação da Olimpíada Rio-2016, com três medalhas na canoagem, duas de prata, sendo uma com o colega Erlon de Souza, e uma de bronze. Com isso, o atleta é o único brasileiro a conseguir este feito, em uma única edição dos jogos. Ágatha e Bárbara fizeram uma competição incrível no vôlei de praia, mas, as alemãs foram superiores, na final, e as meninas acabaram ficando com o segundo lugar. Arthur Zanetti coroou um ciclo vitorioso com mais uma medalha. Após ter conquistado os maiores títulos da carreira de um atleta, veio a prata na ginástica artística, tão especial por ser em casa, com a família por perto. Diego Hypolito, de 30 anos, e na terceira Olimpíada chegou com tudo para a Rio-2016. Com uma pontuação de 15.533, o atleta conquistou o segundo lugar no pódio e a medalha de prata na ginástica artística, e Felipe Wu, do tiro esportivo, foi o primeiro atleta brasileiro a conquistar uma medalha na olimpíada. O time dos medalhistas de bronze foi formado por Mayra Aguiar do judô, que emocionou a todos e se emocionou ao subir ao pódio com a medalha de bronze no peito; Rafael Silva, mais conhecido como “baby”, venceu o atleta do Uzbequistão no judô e levou o bronze para casa, fazendo a alegria de Rolândia/PR, sua cidade natal; Poliana Okimoto, foi a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha na maratona

Rafaela Silva com a medalha de ouro conquistada no judô aquática; Maicon Siqueira, mineiro e ex-pedreiro, conquistou a inesperada medalha de bronze no taekwondo. A surpresa no solo masculino ficou por conta de Arthur Mariano, de 22 anos, que conseguiu a pontuação de 15.433, levando o bronze e emocionando a Arena Olímpica, e Isaquias Queiroz na canoagem. Segundo o diretor-executivo do COB Marcus Vinícius Freire, “a meta (de ficar no top 10) foi difícil e ousada. Não era fácil, mas era factível. Tanto que ficamos a apenas três medalhas do objetivo. Qual a diferença para os outros países? Eles têm o investimento há vários quadriênios”. O diretor executivo ainda mostrou a

evolução no quadro geral de medalhas e também ressaltou o maior alcance no número de modalidades premiadas (12 no total, antes o recorde era nove, em Londres) e o recorde de finais. “Em relação a finais, esse é um número muito importante para a gente. Nós saltamos de 36 finais em Londres para 71 no Rio. Isso mostra a qualidade do trabalho, independentemente de medalhas. Além disso, das 71 finais disputadas, 19 desses atletas ou equipes ficaram em quarto ou quinto lugar. Ou seja, muito próximos da medalha. Chegar perto da medalha também mostra que o trabalho está sendo bem feito” - ressaltou.


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Doping é a falta de ética no esporte Esteban Duarte

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utilização de recursos, medicamentos ou substâncias capazes de potencializar as faculdades físicas dentro do esporte é considerada uma ação eticamente condenável. O doping voltou a ganhar as manchetes do mundo, desta vez, através de um escândalo de corrupção que envolveu diversas organizações esportivas da Rússia, no final de 2015. (ver box) Katia Rubio e Alexandre Velly Nunes, no artigo “Comportamento de risco entre atletas: os recursos ergogênicos e o doping no século XXI” tentam explicar os fatores que levam atletas à prática do doping. Eles afirmam que os casos são tão prejudiciais para os atletas como para a imagem do

esporte. O estudo aponta que a crescente exposição midiática, atraindo a atenção de patrocinadores e público, têm grande influência no comportamento dos atletas e treinadores. A busca por soluções imediatas, diante de pressões externas, também têm contribuído para o uso consensual destes métodos. O doping é uma das maiores preocupações das grandes instituições esportivas do mundo, no sentido de manter os princípios, valores e significados simbólicos do esporte, conforme o advogado e professor,

Maracheva foi suspensa por quatro anos e não veio ao Rio de Janeiro

Alberto Puga. Ele ainda adverte que a prática interfere na organização das competições e promove a injustiça entre os atletas que conquistam seus objetivos dentro das regras. Para o especialista em Medicina do Esporte, professor Eduardo Henrique De Rose (foto detalhe), o “impacto do problema russo na Olimpíada chamou a atenção para o aspecto ético dos Jogos e valorizou o trabalho feito”. O profissional ainda ressalta que o escândalo da delegação Russa não arranhou a imagem

dos jogos realizados no Rio de Janeiro. De Rose afirma que o atual momento do controle antidoping inspira confiança. “De uma forma geral, o sistema funciona e o Código Mundial Antidoping está atualizado, seja na área de delação premiada, seja em controles mais efetivos.” Conforme o professor, nos mais de quarenta anos de controle ao doping, o sistema tem evoluído e uniformizado, levando à criação da WADA-AMA. O controle tem a disposição uma lista de substâncias e métodos proibidos para todas as modalidades e países, que recebe alterações anualmente. “A ciência progride nos dois lados e o antidoping tem que ser atualizado constantemente.” conclui De Rose.

Yelena Isinbayeva ganhou ouro em Atenas-2004 e Pequim-2008 e ficou fora de 2016

MAIOR ESCÂNDALO ACONTECEU EM 2015 Um relatório de 322 páginas, revelando o considerado maior escândalo de doping da história, surpreendeu o mundo no dia 9 de novembro de 2015. A Agência Mundial Antidoping (Wada), através de uma investigação independente, revelou um sistema de dopagem institucionalizado na Rússia. O esquema envolvia atletas, técnicos, oficiais de controle de doping, dirigentes da federação do país, integrantes do governo russo e até membros da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). A descoberta de toda a organização foi graças a uma denúncia feita pela atleta Yuliya Rusanova e por seu marido, Vitaly Stepanov (foto ao lado), oficial da agência antidoping russa (RUSADA). O casal revelou todo o sistema para o repórter alemão, Hajo Seppelt. As descobertas de Seppelt renderam o documentário “Top-Secret Doping”, publicado pela TV alemã ARD. Como punição pelo escândalo, a primeira decisão foi de que atletas e staff de apoio a atletas da Rússia não poderiam participar de competições internacionais, incluindo competições da World Athletics Series e os Jogos Olímpicos. A Rússia também não terá o direito de sediar a Copa do Mundo de marcha atlética de 2016 (Cheboksary) e o Campeonato Mundial Júnior de 2016 (Kazan). Após deliberação entre os conselhos e agências esportivas, mais da metade da delegação do país não teve autorização para competir na Olimpíada do Rio de Janeiro.


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Brasil não tem cultura do esporte na escola Bianca Pokorski

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Brasil é um país engatinhando em muitas áreas. Entre elas, o currículo escolar. O Brasil trouxe para casa apenas 41 medalhas entre as três últimas Olimpíadas, a de 2004, 2008 e 2012. Pode parecer um bom número, mas definitivamente não o é se compararmos ao número de brasileiros: somos 204 mil, segundo a última pesquisa realizada pelo IBGE, em 2015. Onde estão, então, esses milhares de atletas potenciais? Dentro das salas de aula, via de regra, sem incentivo algum. Culturalmente o Brasil não nutre uma paixão pelos esportes, ao contrário do que se pensa. Os meninos sonham em ser jogadores de futebol, é verdade, o que é visto pelos pais, em boa parte dos casos, como “sonho de moleque”. Raros são os casos em que os jovens são incentivados pelos pais a se dedicar a algum esporte como skate, vôlei, atletismo, natação, ou mesmo o tão falado e sonhado futebol. Para os pais isso tudo é brincadeira, não profissão. E morando no mesmo país desses pais, como tirar-lhes a razão? Sem currículos que valorizem as práticas esportivas e o desenvolvimento das habilidades corporais, as crianças tupiniquins crescem, em sua maioria, com apenas uma bola nos pés. Nada mais. Para praticar esporte é necessário ter dinheiro para investir em clubes, o que foge a realidade da massa de brasileiros. De acordo com a professora doutora do Departamento de Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP), Maria Tereza Böh-

Em países desenvolvidos, há incentivo desde a infância e bolsas são concedidas aos alunos que se destacam em algum esporte

me, o Brasil não tem a cultura de formar atletas na escola. “O clube é um espaço muito restrito, você tem que pagar um título para usar. O sócio quer aquele espaço

todo para ele, não quer ceder para um trabalho de formação esportiva.” Em países mais desenvolvidos, o esporte é uma importante área de investimento. Crianças são incentivadas desde a mais tenra idade, e bolsas são concedidas aquelas que se destacam em uma prática ou modalidade esportiva. Nos Estados Unidos, por exemplo, a prática esportiva é uma questão de saúde pública, e por ter uma forte cultura de incentivo à prática, os atletas conseguem patrocínio de pessoas jurídicas e mesmo físicas. O professor de pós-graduação em Ad-

ministração do Mackenzie e especialista em Marketing, Carlos Silva, afirma que a falta de incentivo a qualquer outra prática esportiva direciona todo o patrocínio ao mesmo lugar. “O empresário busca esporte que dê retorno e, no Brasil, esse dinheiro vai para o futebol”, “Na Europa, você vê a todo o momento – como em parques que têm pistas de atletismo –, uma estrutura pública para o cidadão fazer uma atividade esportiva”, diz Silva. “Se um menino é estimulado a praticar o esporte que o interessa, não tenho dúvida de que ele vai colher os frutos e não vão faltar empresas para patrociná-lo”, completou.

História das Olimpíadas Bruna Fraga

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s Jogos Olímpicos surgiram no ano de 776 a.C, na cidade de Olímpia, o que originou o nome “Olimpíadas”. O objetivo das disputas era reunir atletas das cidades-estados, de quatro em quatro anos, para homenagear o deus Zeus. Dentro da tradição mitológica, os jogos de Olímpia foram criados pelo herói Hércules, filho de Zeus com uma mortal. Hércules foi obrigado pela deusa Hera a realizar doze trabalhos considerados impossíveis. Após conseguir realizar o feito, Hércules decidiu inaugurar um festival esportivo em Olímpia, em homenagem a seu pai, Zeus. ssa explicação mitológica organizava o entendimento que se tinha sobre o esporte olímpico na época. Sempre que os jogos eram abertos, havia todo um rito de sacrifício de animais a Zeus, origem das grandes “aberturas olímpicas” que acontecem até hoje, porém de maneira diferente, mais moderna e tecnológica. Além da religiosidade, os gregos buscavam através dos Jogos Olímpicos a paz e a harmonia entre as cidades que compunham a civilização grega. Eram poucas as modalidades disputadas, haviam corridas, diferentes tipos de lutas, atletismo e corrida de cavalos. A premiação para o vencedor era uma coroa de ramos de Oliveira e, em alguns casos, os atletas tinham sua alimentação garantida pelo resto da vida. uando os romanos invadiram e dominaram a Grécia no século II, muitas tradições gregas foram deixadas de

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lado, entre elas as Olimpíadas. No ano de 392 d.C., os Jogos Olímpicos e quaisquer manifestações religiosas do politeísmo grego foram proibidos pelo imperador romano Teodósio I, após converter-se para o cristianismo. o ano de 1896, porém, os Jogos Olímpicos foram retomados, desta vez em Atenas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy, conhecido como o barão de Coubertin. Nesta primeira Olimpíada da Era Moderna, participam 285 atletas de 13 países, disputando provas de atletismo, esgrima, luta livre, ginástica, halterofilismo, ciclismo, natação e tênis. Os vencedores das provas foram premiados com medalhas de ouro e um ramo de oliveira. objetivo dos jogos, no entanto, não se modificou, mas se reafirmou: unir os povos para uma competição tranquila e harmoniosa. O desejo se reflete no símbolo olímpico, estreado em 1913: cinco argolas entrelaçadas entre si, com cinco cores diferentes, representando cada um dos cantos do mundo. Azul representando a Europa; amarelo, a Ásia; preto, a África; verde, a Oceania e vermelho, as Américas. Nesta nova era dos Jogos, foi criado o Comitê Olímpico Internacional, responsável por organizar o evento. Os Jogos do Rio de Janeiro, disputados neste ano, marcaram a 31ª Olimpíada da Era Moderna, sendo a primeira em solo sul-americano.

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MARCELLO CAVALCANTI/ARQUIVO PESSOAL

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pesar de alguns incidentes causados pela criminalidade, o evento é considerado um sucesso e recebe boa avaliação do comitê organizador. O Rio de Janeiro foi outro durante a 31ª Olimpíada da Era Moderna. Durante os 17 dias de competições, a cidade foi tomada por forças de segurança que garantiram o sucesso do evento, que não teve registros de grandes incidentes. O êxito da Rio 2016 foi alcançado com um contingente duas vezes maior em relação à última edição em Londres-2012. Foram gastos mais de 1,5 bilhões de reais entre 2012 e 2016 com equipamentos e recursos humanos para garantir cerca de 85 mil policiais, sendo 41% do setor público e 59% do privado. O contingente se dividiu entre as instalações e arredores dos locais que sediaram o evento. As forças policiais que já faziam a segurança da cidade antes da Olimpíada não foram contabilizadas e não esti-

veram dentro do orçamento investido na proteção dos Jogos. A maior preocupação, além da criminalidade já conhecida do Rio de Janeiro, foi o terrorismo. Os olhos do mundo estiveram voltados para a Olimpíada do Rio e isso redobra a atenção com extremistas interessados em manchar o evento. O alto investimento em segurança é justificado pelo passado, que já provou do que terroristas são capazes para atingirem seus objetivos.

MUNIQUE (1972)

Um grupo terrorista palestino invadiu o alojamento de competidores israelenses, que foram feitos reféns. Após 45 minutos de tiroteio com a polícia alemã, 11 atletas de Israel foram fuzilados. A motivação para o crime foi o indeferimento do governo israelense à exigência de liberação de 234 palestinos presos. O atentado fez com que as autoridades

Exército para coibir a violência e a insegurança dos turistas nas ruas cariocas alemãs criassem uma agência antiterrorismo, o GSG 9, que se tornou referência mundial.

ATLANTA (1996)

Duas pessoas morreram e 111 ficaram feridas em uma explosão durante os Jogos. Uma bomba foi colocada próxima a uma

torre de som, no Parque do Centenário, local que reunia muitas pessoas para prestigiar atrações musicais e celebrar a Olimpíada. O evento teve continuidade no dia seguinte, sendo realizado um minuto de silêncio antes das competições, em respeito às vítimas. O suposto autor do atentado, Eric Robert Rudolph, de 36 anos, só foi preso em 2003.

1,17 milhão de turistas

visitaram o Rio de Janeiro na época dos Jogos Olímpicos. Americanos representam 21% do total. Sheila Castro “O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo, o Rio de Janeiro fevereiro e março, alô, alô Realengo aquele abraço!”, assim como na famosa música de Gilberto Gil, o Rio considerado um dos lugares mais lindos no ranking mundial, fez jus ao seu status em 2016, ao conseguir alavancar 1,17 milhão de turistas nas Olimpíadas. Apesar de ser um número baixo comparado com os anos anteriores, em 2014, por exemplo, ano em que o país celebrou a Copa do Mundo, foram mais de 6,4 milhões de visitas. Os

dados apontados fazem parte do Anuário Estatístico de Turismo do Mtur, elaborado com base nos números da Polícia Federal. Conforme estudo publicado pelo Ministério do Turismo, a maioria dos turistas internacionais vieram dos Estados Unidos (21,2%), Argentina (14,8%) e Inglaterra (4,8%). O índice de satisfação com a viagem foi de 83,1%. Já o maior número de turistas nacionais vieram de São Paulo (33%), Minas Gerais (11%) e Rio Grande do Sul (6,1%). O índice de satisfação para os turistas domésticos foi de 98,7%. O es-

tudo também apontou que apesar do receio inicial, devido ao Zica vírus, milhares de estrangeiros vieram ao país, alavancando um percentual de 32,6% das preferências no turismo internacional, referente ao Rio de Janeiro. Segundo notícia do portal Gazeta Web, para o prefeito, Eduardo Paes, o Rio foi “capaz de calar” todos os seus críticos ao longo das competições. Ele ainda criticou o que chamou de "alarmismo" da imprensa e de setores de Saúde do país e do exterior. "Foi mais seguro para não pegar zika ficar

no Rio do que ir para Miami", disse Paes. No site oficial do Ministério do Turismo, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, foram ouvidos turistas domésticos e internacionais que elogiaram as opções de turismo e lazer, a diversão noturna e a hospitalidade do brasileiro. O estudo revela o perfil, gasto e tempo médio dos visitantes e o índice de satisfação com itens como segurança, transporte público, infraestrutura e preços. De acordo com o levantamento do órgão, 87,7% dos turistas estrangeiros têm a intenção de voltar ao Brasil.

Sósias surpreendem turistas Segundo o portal G1 de notícias, as olimpíadas deste ano, registraram diversos sósias de celebridades que provocaram inúmeras reações nos turistas gringos. Foi o caso, da turista inglesa Ria Chowdhury que estava prestes a pagar sua compra em uma loja de suvenires, depois de muito esforço linguístico para se comunicar com a vendedora que só entendia nossa língua nativa, o português. A garota abandonara tudo sobre o balcão ao sair as pressas para fotografar o então jogador de futebol que ela conhecia da TV. O ídolo usava o uniforme da seleção brasileira, uma faixa preta na cabeça, e tinha cabelos compridos. Ria tinha absoluta certeza de que estava perante o aclamado jogador Ronaldinho. Ela chamou toda a família, se infiltrou entre os fotógrafos que cercavam a figura e clicou o jovem rapaz, para alegria do pai, Ash Chowdhury, fã de futebol. Então veio o choque: aquele Ronaldinho não deixou a família ir embora enquanto não recebesse 10 reais pela foto. "Como será que ele perdeu toda a fortuna que ganhou?", per-

guntava a mãe de Ria. Quando retornaram ao hotel, um tanto decepcionados, se deram conta de que o homem da foto não era o Ronaldinho dos gramados. "O funcionário do hotel nos explicou que aquele era um sósia. Nós rimos muito e tudo fez sentido. É que na Inglaterra os artistas não exigem dinheiro quando tiramos foto”, conta a mãe da garota em entrevista. Conforme o site da revista Veja, outros sósias que causaram burburinho, foram vistos nas quadras ou na organização dos jogos. Um exemplo, foi a ciclista francesa Pauline Ferrand-Prévot que causou alvoroço por ser muito parecida com Kate Middleton, a mulher do príncipe William. Apesar da atleta ser loira, enquanto a duquesa de Cambridge tem os cabelos castanhos, as duas possuem um formato de rosto bastante semelhante. Outra figura, não menos conhecida foi a do atleta americano Brady Ellison que ganhou uma medalha de prata na disputa do tiro com arco, mas ficou famoso por outro motivo: sua aparência idêntica ao do galã Leonardo DiCaprio, em sua versão barbuda.

Pauline Ferrand-Prévot, ciclista e sósia de Kate Middleton, esposa do príncipe William


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trão nas batalhas. Em entrevista, ao Uol, o estudante de 18 anos, Nicholas Borguini explica que um Pokémon evolui e fica mais poderoso com o passar do tempo, portanto, este mês o mais jogado dá enorme vantagem aos estrangeiros."Os gringos estão sinistros", resume Nicholas. O rapaz contou que havia passado numa praça de Ipanema e feito boa parte da calçada de Copacabana junto com o amigo Victor Ávila, 18, outro que estava de "saco cheio" com os gringos. O game para celular, intitulado

“Pokémon Go”, consegue ter forte apelo entre os mais jovens, pois foi tema de diversos jogos para videogames dedicados às crianças. De acordo, com a Folha de São Paulo, o jogo que já é febre em outros países, foca na tecnologia de realidade aumentada e geolocalização, para assim poder capturar os ‘monstrinhos’ nas ruas. Segundo, o site do Observatório de Cinema, a delegação japonesa planejava algo especial com o aplicativo para o encerramento das Olimpíadas, provavelmente envolvendo o jogo da Niantic, jogo com tecnologia de ponta.

Pokémon Go ofusca o evento Sheila Castro

Conforme matéria mostrada pelo portal de notícias, Uol Esportes, no dia em que o aplicativo Pokémon Go entrou em operação no Brasil, o que mais se via na famosa calçada de Copacabana, no Rio de Janeiro, eram turistas estrangeiros caminhando concentrados na tela do celular e apontando em todas as direções. Segundo a notícia, os moradores da região reclamaram que a Olimpíada dificultou a diversão, pois a cidade estava transbordando de estrangeiros. O fato, talvez tenha se dado, pois os visitantes têm personagens muito mais fortes e pagam de pa-

Centros de treinamentos recebem investimentos Julie Moresco

S

omente os investimentos em infraestrutura física ultrapassaram a marca de R$ 3 bilhões. Os recursos foram destinados à construção de centros de treinamento de diversas modalidades: 249 Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs), 47 pistas oficias de atletismo e instalações olímpicas no Rio de Janeiro (RJ). Quanto as instalações esportivas, foram investidos pelo Ministério do Esporte R$ 207,5 milhões em construção, reformas e adaptações em unidades militares e na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. Após 2016, essas instalações serão incorporadas à Rede Nacional de Treinamento – que tem o objetivo de interligar as instalações esportivas e oferecer espaço para descoberta de novos talentos, formação de categorias de base e treinamento de atletas e equipes das modalidades olímpicas e paralímpicas. Para a construção dos centros de treinamento (CTs), o Ministério do Esporte destinou mais de R$ 450 milhões. Entre eles: o Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro na Bahia; a Arena Caixa de Atletismo, em São Paulo; o Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, em Brasília; a pista do Velódromo de Indaiatuba (SP) e o Centro de Canoagem, no Paraná. O Centro Pan-Americano de Judô é o maior centro de treinamento da modalidade das Américas e um dos maiores do mundo. O Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, em Brasília (DF), é o mais moderno do País.

Centro de Excelência em Saltos Ornamentais de Brasília é o mais moderno do país O Centro Paralímpico Brasileiro, que comporta 15 modalidades, em São Paulo; o Centro de Formação Olímpica do Nordeste, para 26 modalidades, em Fortaleza; o Centro de Desenvolvimento do Handebol, em SP; o Centro de Treinamento do Ciclismo, em Londrina, as seis pistas de

BMX, em seis cidades; o Centro de Hipismo, na cidade de Barretos; o Complexo Esportivo de Badminton, no Piauí; e o Centro Nacional de Treinamento do Atletismo, em Cascavel. O Ministério do Esporte destinou R$ 301,8 milhões para construção de 47 pis-

tas oficiais de atletismo. A reforma, construção, equipagem e operação das pistas oficiais no país resultam da parceria do Ministério com governos estaduais, prefeituras, universidades, Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT) e clubes. As pistas são legados da Olimpíada Rio-2016 e integrarão a Rede Nacional de Treinamento de Atletismo. Os investimentos em infraestrutura esportiva no país contemplam a aquisição de aparelhos e materiais para diversas modalidades. A compra é resultado de convênios da pasta com entidades esportivas como Confederações, Federações e clubes. Com esses equipamentos, criam-se núcleos de formação de base nos Estados para os jovens atletas. Com os novos equipamentos, foram beneficiados centros de treinamentos já existentes em diversas cidades, como o de Lutas Associadas, do Taekwondo e da Esgrima e do Tiro com Arco, no RJ. Somamse a eles 16 centros de treinamento de ginástica em 13 estados, entre elas, o Centro de Excelência de Ginástica (PR), o Centro Regional de Ginástica do Distrito Federal, o Centro de Treinamento de Ginástica (RS), o Centro Olímpico do Espírito Santo, o Centro Nacional de Treinamento de Ginástica Rítmica (SE) e o Centro Regional de Ginástica de Trampolim (GO). Também foram equipados seis centros de treinamento de Tênis de Mesa olímpico e paralímpico, em Brasília, Piracicaba, São Caetano do Sul, S. Bernardo do Campo, São Paulo e Santos e 29 quadras de basquete em ginásios e clubes.

Muito dinheiro investido em obras. Será o legado para benefício dos brasileiros?

O

Construção do Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos, na Barra da Tijuca

custo estimado das Olimpíadas Rio-2016 ultrapassou os R$ 30 bilhões. O valor gasto é superior aos R$ 12 bilhões que foram gastos nas Olimpíadas de Londres, em 2012, que foi considerada a mais cara dos últimos 50 anos. Na Inglaterra, os jogos saíram por £ 8,5 bilhões, o equivalente a R$ 27 bilhões. Com tanto dinheiro investido, o mínimo esperado é que fique um bom legado para a população. De acordo com o ministro do esporte, Ricardo Leyser, fica uma herança urbana e uma para o esporte. Segundo a última listagem de gastos divulgada pelo Governo Federal, o valor total de investimento foi de R$ 38,2 bilhões. Desta quantia, para o legado foi destinado R$ 24,6 bilhões; R$ 6,6 bilhões foi para instalações Olímpicas e R$ 7 bilhões para operações dos jogos. Os gastos foram com a área de mobilidade, a infraestrutura e a urbanização, o legado esportivo e as obras que beneficiaram o meio ambiente.

Os resultados da contabilização se deram a partir de três partes do orçamento dos Jogos Olímpicos, uma divisão que surgiu após as críticas em relação a Copa do Mundo de 2014. Para evitar que seja gasto muito além do esperado inicialmente, um acordo foi feito entre os governos da cidade do Rio de Janeiro, do Estado e Federal, que optaram por dividir a quantia que seria investida. Os equipamentos esportivos passaram a ser chamados de Matriz de Responsabilidade Olímpica, no Plano de Políticas Públicas – Legado dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016, foram listados os investimentos em mobilidade urbana, saneamento e segurança. A terceira parte é o Orçamento do Comitê Organizador Local da Rio-2016, que ficou responsável pela parte de alimentação de atletas, pagamento de recursos humanos e campanhas de marketing, recursos que serão arrecadados com patrocinadores.


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A maior cobertura esportiva da história brasileira

Julio Lemos

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ito emissoras diferentes transmitiram os Jogos Olímpicos Rio2016 para o Brasil: Rede Globo, Bandeirantes e Record (TV abeta), Record News, BandSports, ESPN, SporTV e Fox Sports (TV a cabo). Além da cobertura na TV, houve transmissão pela internet e também pelo rádio. O SporTV, por exemplo, ofereceu 16 canais em HD na TV e até 56 sinais ao vivo na web. Além disso, realizou programas especiais como “Bom dia Sportv”, “É Campeão”, e “Madruga Sportv”. A equipe de profissionais contou com 35 narradores e 110 comentaristas. Cerca de 500 profissionais participaram da transmissão da ESPN,

incluindo equipes do Brasil, América Latina e Estados Unidos. Dentre eles estavam medalhistas olímpicos como Magic Paula, Ana Moser e Rogério Sampaio. O canal exibe os Jogos Olímpicos para o Brasil desde Atlanta-1996. A Fox Sports também contou com uma equipe de cerca de 300 pessoas e estruturou uma sede na Barra da Tijuca, onde centralizou a cobertura olímpica. O time de comentaristas escalou ex-atletas como Carlos Honorato, Robson Caetano e Oscar Schmidt e lançou atrações especiais e novos apresentadores, como por exemplo, Adriane Galisteu.

SPORTV APRESENTOU 56 CANAIS EXCLUSIVOS

Entre os dias 5 e 21 de agosto, foram mais de quatro mil horas de transmissão,

com a participação de 35 narradores e 110 comentaristas, entre eles nomes consagrados como a romena Nádia Comaneci (ginástica), o norte-americano Mark Spitz (natação), o cubano Javier Sotomayor (saltos em altura) e muitos outros. Ao toque de um botão do controle remoto, o público pôde escolher entre até 16 canais SporTV em HD. Além da cobertura na televisão, o SporTV disponibilizou aos telespectadores outros 40 sinais ao vivo na internet, sem qualquer custo adicional. Ao todo, os assinantes puderam escolher entre 56 opções distintas de transmissão e acompanhar tudo o que aconteceu no maior

evento esportivo do mundo. Vale salientar a convergência de mídias e versatilidade do projeto, pois a programação estava acessível a qualquer hora e em qualquer lugar através do computador, smartphone, tablet e outros dispositivos. Com o objetivo de transmitir a vibração

das competições a quem está em casa, os canais SporTV 1, 2 e 3 exibiram as principais disputas e as modalidades nas quais os atletas brasileiros possuíam maiores chances de chegar ao pódio. O SporTV 4 funcionou como um guia de todos os outros 15 canais, 24 horas ao vivo. As demais competições da

Rio 2016 foram agrupadas de acordo com modalidades afins como, por exemplo, esportes aquáticos. Cada grupo de esportes olímpicos foi inserido em um dos outros 12 canais SporTV, temporariamente abertos na frequência dos canais Premiere. Outro destaque é a exibição do programa “É Campeão!”, que reuniu algumas lendas da história dos Jogos Olímpicos. Nadia Comaneci (ginástica artística), Javier Sotomayor (salto em altura), Mark Spitz (Natação), Greg Louganis (saltos ornamentais), Carl Lewis (atletismo), Bart Conner (ginástica artística) e Nalbert (vôlei) são alguns dos principais nomes que estavam presentes no programa. Além de relembrar as conquistas, eles analisaram os momentos marcantes da Rio-2016.

RÁDIOS TRANSMITEM BOLETINS DIÁRIOS, COMO A GAÚCHA

O

rádio, o maior e mais antigo meio de transmissão do mundo não poderia ficar de fora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Desde 1968, as plataformas radiofônicas transmitem as emoções em busca de medalhas. Na região sul do país, a Rádio Gaúcha levou grande destaque, com boletins de hora em hora e com cerca de oito transmissões ao dia. Além disso, com o início da programação já em 2014, com o programa “Gaúcha 2016”. A equipe disponibilizou podcasts de transmissões e interatividade extensa em redes sociais. José Alberto Andrade (foto) comandou a programação da rádio Gaúcha. No sudeste, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro formaram o grande conglomerado de transmissão radiofônica. Emis-

A

cerca de 30 profissionais, entre jornalistas e técnicos. Foi a maior equipe do rádio brasileiro. A cobertura abrangeu transmissões de futebol, natação, vôlei, vôlei de praia, basquete e atletismo, além de boletins com informações de todos os esportes ao longo da programação. Houve participações online do Rio de Janeiro em todos os programas esportivos da emissora. A equipe Bandeirantes esteve em todo o Brasil, com transmissões pelo app BandRádios, com emissoras em Campinas,

soras como Bandeirantes, BandNews e Bradesco Esportes FM, CBN, Rádio Globo e Itatiaia foram as grandes sensações. O Sistema Globo de Rádio (SGR) esteve presente com a rádio “Estação Rádio Glo-

bo CBN”, com 24 horas de programação sobre o evento. A Rádio Itatiaia com exclusividade para o rádio de Minas, preparou uma super cobertura em sua nona Olimpíada, com

Goiânia, Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro e Curitiba. Em São Paulo, a vasta equipe composta por Fernando Camargo, Murilo Borges, Ricardo Capriotti, Cláudio Zaidan, Bernardo Ramos, Ivan Zimmermann, Román Laurito, Beth Romero, Guilherme Pallesi, entre outros, transmitiram todas as modalidades em todos os horários, principalmente na Bradesco. Assim como a Rádio Gaúcha, boletins diários no Grupo Bandeirantes foram exibidos desde o fim de 2013, com a contagem regressiva dos dias e curiosidades de competições das modalidades olímpicas, todas feitas com Murilo Borges ou Álvaro José. No norte do país, a equipe RBA garantiu presença nos Jogos. Com três emissoras, a equipe paraense será a única do norte brasileiro a fazer a cobertura dos Jogos, em 2016.

A DIFERENÇA DE TRATAMENTO DA GLOBO PARA AS PARALIMPÍADAS

Globo exibiu o compacto com os melhores momentos da cerimônia de abertura dos Jogos Paraolímpicos do Rio2016, no fim da noite do feriado de 7 de setembro, atingiu cinco pontos de audiência acima da média histórica do horário. Não foi o suficiente e as críticas apareceram nas redes sociais. A emissora não exibiu as Paraolimpíadas ao vivo, diferentemente do que ocorrera nas Olimpíadas, em agosto. A programação diária era quase totalmente dedicada às disputas: de manhã era o handebol; à tarde, basquete e ginástica; à noite, futebol, vôlei. Com flashes de diversas modalidades como natação e atletismo. A diferença no tratamento aos paraolímpicos foi nítida. O único espaço fixo era o “Boletim Paralímpico”, programa criado especialmente para o evento, comandado pela apresentadora Cristiane Dias com

comentários de Fernando Fernandes, que entra no fim da noite. Na TV aberta, a única a transmitir eventos inteiros foi a TV Brasil (para São Paulo, a TV Cultura retransmite o sinal da TV Brasil), uma empresa do governo fede-

ral. Porém, sem o mesmo alcance da Globo. A emissora carioca optou por flashes com as principais provas de brasileiros. Os direitos das Paraolimpíadas pertencem à Globosat, da qual faz parte o Sportv. O canal atingiu em setembro a marca de

160 horas transmitidas. Os Jogos fizeram o Sportv 2 bater recorde de audiência. O canal a cabo das Organizações Globo também negociou os direitos com a TV Bandeirantes, que exibiu sem muito alarde a Os atletas preferiram não criticar a escolha da Globo em não exibir ao vivo. “Já foi muito pior, antigamente as pessoas nem sabiam o que era futebol de cegos, agora já passa na TV a cabo”, disse Ricardinho, camisa 10 da seleção brasileira de futebol de 5 (para cegos). A Rio-2016 também foi contrária às críticas a emissora. “Não temos recebido nenhuma outra coisa da Globo que não seja apoio. Apoio incondicional. O programa noturno da emissora é muito bom. Aos poucos, os Jogos Paraolímpicos vão ganhando seu espaço e isso ficará como legado da Rio-2016”, afirmou Mario Andrada, porta-voz da organização.


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Tecnologia nas Olimpíadas Gabriel Rosalino e Felipe Figueiró

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os tempos modernos, o esporte perdeu essa característica para associar-se à melhoria da saúde e do físico, socialização, diversão e, evidentemente, ao jogo e à competição. Na sociedade contemporânea, é este o aspecto mais marcante: as competições, onde centésimos de segundo separam a glória do fracasso no atletismo, nos jogos, nas disputas de tempo, pontuação, força e velocidade. Essa busca pelo aperfeiçoamento máximo, já presente nas primeiras

•Voleibol e vôlei de praia Quando um time contestar a decisão do árbitro, estreiará no Rio 2016 o sistema de challenge (desafio), com cerca de 10 câmeras instaladas em quadra e na rede para tirar dúvidas da arbitragem e também do público. O objetivo é analisar bola dentro ou fora da quadra, toque no bloqueio, invasão de quadra, saque e invasão da linha de três. As cenas da jogada em questão são exibidas no telão para os espectadores. “O sistema deu um upgrade na arbitragem”, diz Cristiana Figueira, gerente de competição do voleibol no Comitê Rio2016, que destaca também a dose extra de emoção dos torcedores.“O público fica desesperado esperando. Tem vaia, tem aplauso…” Nas mesmas modalidades, o que antes era escrito à mão agora é digital, com a ajuda de tablets. A súmula eletrônica do jogo reúne informações como pontuação, cartão amarelo e pedidos de tempo, tudo disponibilizado automaticamente na internet.

•Natação

Um contador eletrônico é instalado debaixo d’água na raia de cada nadador para registrar o número de voltas nas provas longas de 800 e 1.500 metros nado livre. O equipamento da Omega também exibe as parciais de cada volta.O atleta pode optar pelo desligamento no momento da prova.“Desobriga o atleta a pensar sobre onde ele está para poder focar mais na performance”, diz Eduardo Gayotto, gerente de competição de natação. O sistema foi usado pela primeira vez no Campeonato Mundial de Kazan, em 2015, e testado no Troféu Maria Lenk, evento-teste do Rio-2016.O contador, que tem cerca de 30cm por 20cm, fica próximo da virada dos dois lados da piscina, a cerca de 10 metros da borda.“Assim que ele vira já vê quantos metros percorreu”, afirma Gayotto.

Olimpíadas de Atenas, em 1896, não cessou. Hoje, equipamentos e treinamentos avançam sobre seus limites, usando a tecnologia e a ciência onde o corpo humano já alcançou, aparentemente, o auge de sua performance física. Os atletas olímpicos são preparados para desafiar as restrições provenientes da gravidade, do tempo e da distância. Encontram suporte nas pesquisas aplicadas na área de fisiologia, medicina esportiva e através do avanço tecnológico das técnicas de treinamento e dos equi-

Pulseira da Visa e Bradesco (Foto: EXAME) pamentos. A ciência permite "construir" um atleta para ser recordista olímpico, maximizando suas potencialidades físicas por meio do profundo conhecimento da fisiologia do movimento. E quan-

•Canoagem de velocidade e remo

•Tiro esportivo

Um aparelho de GPS colado nas embarcações das duas modalidades mostra em tempo real a posição do atleta, sua velocidade e seu deslocamento. Os dados são transmitidos para o telão e o público pode acompanhar o desempenho dos barcos, principalmente a aceleração e a velocidade em relação aos adversários. O sistema já foi usado com sucesso durante o evento-teste. “O atleta não recebe nenhuma informação, nem sobre o que está acontecendo com ele ou com seus adversários”, explica Sebastián Cuattrin, gerente de competição da canoagem do Rio-2016.“Para o espectador, muda a dinâmica completamente porque no telão é possível enxergar a diferença entre as táticas de um atleta e de outro, principalmente nos momentos de troca de velocidade”.

O alvo eletrônico, um grande avanço tecnológico adotado desde Pequim 2008, evoluiu e agora faz a leitura e o cálculo do local do impacto do projétil por meio de um feixe de laser, em substituição ao modelo anterior por onda sonora.“Agora temos uma precisão milimétrica na apuração do resultado”, diz Ericson Andreatta, gerente de competição. Outra inovação é na segurança, com um registro em tempo real do controle de estoque das armas.“Todas as armas são identificadas com etiquetas de rádio frequência. Ao saírem da reserva de armamento, elas são automaticamente identificadas, fotografadas e filmadas para garantir que estão sendo transportadas por seu dono”, explica.

•Tiro com arco A pontuação deixa de depender apenas do olhar do árbitro e ganha um sistema eletrônico que dá o resultado imediato na mesa técnica dos árbitros. O alvo de 1,22m continua sendo o mesmo de papel, mas aplicado sobre uma estrutura calibrada eletronicamente. A tecnologia da Omega não aparece para o espectador, mas agiliza a competição. “Na hora que a flecha atinge o alvo, aparece de imediato o resultado na tela, com extrema precisão”,diz Luiz Eduardo Almeida, gerente de competição da modalidade. Na “flecha da morte”, quando os atletas empatam e têm mais uma única tentativa de tiro, caso os dois acertem a mesma faixa de pontuação, o espectador vê na tela a medição imediata da distância das flechas ao centro. Através de um gráfico, sabe-se imediatamente o vencedor da disputa.

•Pentatlo moderno Durante o aquecimento para o tiro, os atletas podem ajustar a mira por meio de um aplicativo que indica a posição exata onde o tiro a laser atingiu o alvo. A informação é transmitida por meio de wifi para o celular ou tablet do atleta e do treinador.

•Levantamento de peso Uma câmera traz novos ângulos, instalada num trilho em L de 10 metros que segue os movimentos do atleta desde o momento em que ele pisa na plataforma.“Vamos conseguir ter tomadas do movimento bastante completas. Normalmente, você tem ou uma tomada de lado ou uma tomada de frente. Agora, temos todos os ângulos”, diz Eduardo Villanova, gerente de operações técnicas da mo-

do o homem esportivo chega ao limite, com o corpo humano no máximo de sua capacidade, entra em campo a alta tecnologia dos equipamentos e dos materiais a seu serviço.

dalidade. A realidade virtual é uma das maiores novidades destes Jogos. A Olympic Broadcasting Services (OBS), responsável pela geração e transmissão de imagens do Rio 2016, captará pela primeira vez imagens de alta definição em VR nas cerimônias de abertura e encerramento, além de mais um evento por dia. As imagens em 360 graus podem ser acessadas com ou sem óculos especiais. Já a Samsung, lançou um vídeo em 360 graus batizado “Vanuatu Dreams”, que pode ser visto com os recém-lançados óculos de realidade virtual da marca. O vídeo deve ser baixado no aplicativo Milk VR, disponível apenas para celulares da linha Galaxy. Durante três minutos, o usuário acompanha um treino da dupla de vôlei de praia Miller Pata e Linline Matauatu, de Vanuatu, na Oceania.

• Pulseira A Visa lança, em parceria com o Bradesco, uma pulseira que funciona nas maquininhas de débito, através de uma tecnologia chamada NFC (Near Field Communication), que opera por proximidade para trocar dados criptografados.Todos os 4 mil pontos de venda nas arenas Olímpicas têm suporte NFC e cerca de 3 mil pessoas vão testar a pulseira. No mesmo período também será lançado um anel de pagamento, que utiliza a mesma tecnologia e será distribuído aos 45 atletas que a Visa patrocina na Rio-2016, incluindo oito brasileiros. O acessório é resistente à água até uma profundidade de 50 metros.


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Primeiros atletas gaúchos nas Olimpíadas Thiago Lopes e Bruno Mendes

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s Jogos Olímpicos são eventos esportivos disputados a cada quatro anos, em diferentes sedes. Com origem na Grécia Antiga, os primeiros registros da competição datam de 776 a.C. Recriada pelo francês Pierre de Coubertin e nomeada como Jogos Olímpicos da Era Moderna. A primeira edição da Era Moderna ocorreu em 1896

na cidade de Atenas, na Grécia. A primeira participação brasileira nas Olimpíadas foi nos jogos olímpicos da Antuérpia em 1920, coincidentemente, também foi a primeira vez que um atleta gaúcho participou do maior evento esportivo. Dario Barbosa foi o representante do estado, participando na modalidade de Tiro Esportivo. Além de ser o primeiro gaúcho a participar dos

jogos olímpicos, Barbosa foi o primeiro atleta a trazer uma medalha olímpica para o RS conquistando bronze na categoria tiro livre por equipe. No decorrer do tempo, a participação dos atletas gaúchos nas delegações olímpicas do Brasil, foram obtendo destaque em alguns momentos. O estado foi representado por atletas de grande destaque

como a ginasta Daiane dos Santos, 8 vezes campeã mundial na categoria ‘exercicío de solo’, Ronaldinho Gaúcho, duas vezes eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA. João Derly, primeiro brasileiro campeão mundial de judô, além dos irmãos, Gustavo e Murilo Endres, campeões mundiais de volêi, entre outros atletas.

O bronze para o Rio Grande do Sul: Os Jogos Olímpicos representam a expressão máxima do esporte em âmbito mundial. No entanto, após a recriação deste evento, em 1896, o Brasil veio a participar dos jogos, pela primeira vez, somente na edição de 1920, em Antuérpia, na Bélgica. A equipe brasileira era composta de 24 atletas, divididos em quatro esportes: natação, polo aquático, remo e tiro. Entre os atiradores, havia dois atletas do Rio Grande do Sul: Sebastião Wolf e Dario Barbosa que, surpreendentemente, conquistaram a medalha de bronze por equipe, na pistola. Foto: Repositório Digital UFRGS

Abaixo, a pontuação dos atletas: Os brasileiros ficaram atrás dos americanos e suecos. Somaram 2.264 pontos, sendo 458 de Guilherme Paraense, 489 de Afrânio Costa, 454 de Sebastião Wolf, 439 de Dario Barbosa e 424 de Fernando Soledade. Os americanos, medalha de ouro, fizeram 2.372 pontos e os suecos, prata, 2.289 pontos e a equipe brasileira 1.806 pontos assumindo a terceira colocação na competição.

Guilherme Paraense ganhou a primeira medalha de ouro para o Brasil na categoria de Tiro Individual

Dario Barbosa - VII Jogos Olímpicos de Verão – Antuérpia 1920 A primeira medalha gaúcha em Jogos Olímpicos, foi o bronze conquistado por Dario Barbosa na categoria de pistola livre, por equipe. A equipe brasileira de tiro voltou de Antuérpia com uma medalha de bronze em seu peito, o Militar Dario Barbosa trouxe ao Rio Grande do Sul o reconhecimento do evento mundial. A equipe foi formada por um militar, o tenente Guilherme Paraense, que foi o primeiro atleta a conquistar uma medalha de ouro no tiro individual na categoria de tiro rápido. Na delegação de 1920, na Bélgica foram os atletas: Afrânio Antônio, Livre; Sebastião Wolf, um comerciante gaúcho; Fernando Soledade e Dario Barbosa.

Sebastião Wolf

Atletas Dario Barbosa e Afrânio da Costa medalhistas olímpicos


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Jornada dos voluntários Caroline Freitas

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judar a realizar o maior espetáculo esportivo do planeta em terras cariocas trouxe também outras contrapartidas, que foram do intercâmbio cultural à abertura de novas portas no mercado de trabalho. Os voluntários dos Jogos Olímpicos Rio-2016, foram pessoas de diferentes perfis: jovens, estudantes, aposentados, trabalhadores em férias e até mesmo pessoas de fora do Brasil. A maioria, por ser jovem, se hospedou em albergues, casas de amigos e de outros voluntários. A chance de ampliar a rede de contatos, se aperfeiçoar profissionalmente e enriquecer o currículo, foi o que atraiu grande parte dos voluntários das Olimpíadas 2016. Distribuídos em mais de 500 diferentes funções, o trabalho dos voluntários foi dividido em 9 grandes áreas de atuação: apoio operacional, atendimento ao público, esportes, imprensa e comunicação, protocolo e idiomas, serviços de saúde, produção de cerimônias, transportes e tecnologia. Em cada uma delas, houve uma variedade de serviços e funções necessárias. Os Centros de Treinamento da Força de Trabalho dos Jogos, foram resultado de uma

parceria firmada entre a Universidade Estácio de Sá e a área de Recursos Humanos do Comitê Rio-2016. Nestes centros, os voluntários passaram por treinamentos exclusivos, no qual aprenderam técnicas de atendimento, regras de como cuidar do bem estar do público, noções de excelência em serviços e liderança, turismo, segurança e primeiros socorros, além de cursos de especialização em idiomas como inglês e espanhol. Nos treinamentos online, os participantes aprenderam sobre a história dos Jogos Olímpicos e das Paraolimpíadas, também haviam cursos sobre diversidade e como proceder em diversas situações dos Jogos. Os benefícios oferecidos para os participantes foram: uniforme, alimentação e transporte em dias de atuação, seguro de vida, certificado de horas complementares e declaração de participação. O Voluntário precisava ter frequência mínima de 75% no Programa de Capacitação, para ser considerado capacitado a ser voluntário no evento. Alguns voluntários gaúchos contam como foram suas experiências nos Jogos Olímpicos.

Juliana Pereira trabalhou orientando o público dentro e fora dos estádios

Eduardo Romanzini realizou um sonho

Para Diego Araújo tudo foi positivo

José Carlos Rodrigues: “estava no sangue”

Mariane orientou público nos estádios

•Motivações dos voluntários para participarem do maior evento do ano Para o estudante de Educação Física, Eduardo Luiz Romanzini, 36 anos, Porto Alegre, participar como voluntário da Rio2016 foi a realização de um sonho. Sonho que foi custeado por alunos e amigos de Romanzini, já que o mesmo estava desempregado. Para conseguir participar de sua primeira experiência como voluntário, Romanzini criou peças que publicou em suas redes sociais, para que os interessados participassem da “vaquinha”. Em um curto prazo de tempo, apostando na sorte e nos compartilhamentos, ele conseguiu reunir a desejada quantia de

R$ 3.000, que cobriu seus custos de viagem. “Tive muita sorte mesmo e pra ajudar fiquei hospedado na casa de amigos que moram ao lado do Maracanãzinho, local onde atuei”. José Carlos Rodrigues, 59 anos, morador de Canoas e graduado em Marketing pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), sempre esteve envolvido em ações sociais e não hesitou em se candidatar como voluntário da Rio-2016, “Está no meu sangue ser voluntário. Trabalho com projetos sociais, visitando creches, asilos e hospitais, além de já ter sido voluntário na

Copa do Mundo de 2014, desde então me programei para participar deste evento”. Juliana Pereira, 32 anos, de Pelotas, formada em Educação Física, trabalhou diretamente com o público, dentro e fora do estádio, orientando as entradas, organizando filas, condução de pessoas com dificuldade de locomoção, e organização de assentos. “Minha maior motivação foi o fato de os Jogos acontecerem no meu país e com isso tive a oportunidade de viajar, conhecer o Rio de Janeiro e outras pessoas de culturas diferentes”. Paula Aparecida Ody, 35 anos, conta-

dora, de Porto Alegre, trabalhou na área de recepção dos atletas, auxílio ao público e apoio nas áreas de competição dos atletas. Quando questionada sobre os desafios enfrentados, a contadora, que tem experiência com o voluntariado e participa de projetos sociais do Sistema de Serviço a Indústria (SESI-FIERGS) e projetos em igrejas católicas, destacou sobre como era primordial manter a atenção redobrada, principalmente nas áreas de competição, para que não houvesse margens de erro que pudessem prejudicar os atletas.

encarregados. “Todos se doaram e estavam sempre dispostos a ajudar”. Quando questionado sobre seu contato com outras culturas e se tem vontade de viajar ou ser voluntário nos próximos jogos olímpicos, ele é enfático, “Essa foi a melhor parte! O mundo é muito grande! Estar com pessoas de todo mundo é fantástico, você cresce muito como pessoa e percebe que o mundo não é só isso que vivemos em nossa cidade e estado. Já tinha planos de viajar, agora que voltei dos jogos já estou planejando minha próxima aventura pelo mundo”. A educadora Juliana descreve que em alguns momentos o público foi desrespeitoso com quem estava atuando como voluntário. “Fomos bem treinados para que

esse tipo de ocorrência se tornasse irrelevante em vista do grande acontecimento, e da oportunidade que estávamos tendo. A carga horária em alguns dias ficou puxada, muitas vezes ficamos muito tempo sem comer algo”. Quanto à sua experiência nos jogos, Romanzini, que atuou como assistente de treinamento diz, “não tenho palavras para descrever, posso dizer que foi a realização de um sonho, algo magnífico já que atuei no vôlei de quadra que é meu esporte de coração. Já comecei a preparação para Tóquio 2020, em breve vou iniciar aulas de inglês. Fazer parte de um evento desse porte, é muito importante, pois você também faz parte de cada medalha conquistada”.

•Desafios e experiências na Rio-2016 Para a maioria dos voluntários o idioma foi uma barreira, já que ter conhecimento em outra língua não era item obrigatório, no momento de se voluntariar. Muitos, mesmo com os treinamentos disponibilizados pela organização, tiveram dificuldade em orientar o público. Mariane, que desempenhou as atividades de orientação aos espectadores dos jogos, disponibilizando informações de entrada de portões, localização de assentos e indicação de itens proibidos dentro dos estádios, conta que um de seus desafios foi não conseguir passar informações para estrangeiros, mesmo tendo participado do curso de línguas, além de alguns casos de desrespeito por parte do público, que foi mal educado e hostil com alguns voluntá-

rios. Ela já tem planos de ser voluntária na Copa América, com o Brasil como sede e nos Jogos Pan-Americanos, que será sediado na cidade de Lima, capital do Peru, e ambos ocorrerão em 2019. Ela também pretende ir a Tóquio em 2020. Ela disse que sua participação no evento foi uma das melhores experiências de sua vida, além de ter lhe apresentado outras culturas e novas amizades. “Conheci muitos voluntários de Brasília, de outros estados e de outras partes do mundo. E são amizades que quero levar pra minha vida”. Diego, contou que como atleta, sempre teve o sonho de participar de uma Olimpíada. Ele não contabiliza nenhum aspecto negativo, e destaca o comprometimento e receptividade de todos, dos chefes aos


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gaúchos na Rio-2016 •Hospedagem O comitê criou um site para ajudar na hospedagem dos voluntários e quem os quisesse abrigar, mas para os voluntários isso não foi suficiente. Mesmo sabendo que teriam que custear sua própria hospedagem, muitos desistiram de participar do evento, devido à falta de suporte e a falta de opções mais baratas ou de melhor acesso. Diego Araújo, 25 anos, bacharel em educação física e morador de Canoas, contou que os voluntários detinham toda a responsabilidade com sua hospedagem, “A Rio-2016 apenas deu algumas dicas de onde ficar, mas a responsabilidade foi toda nossa. Eu aluguei um sofá-cama pelo Airbnb (site que intermedia a comunicação entre turistas e

donos de imóveis)”. Mariane Moreira, 19 anos, estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), iniciou suas atividades no Rio de Janeiro porém foi realocada para Brasília, uma das cinco cidades do futebol. “Como já havia morado na cidade e tenho amigas que ainda moram lá, fiquei na casa delas”. No geral, os voluntários entrevistados acham que a organização do evento poderia ter oferecido maior suporte, já que os custos foram muito altos. Indicar outras opções de estadia ou até mesmo, convênios e descontos poderiam ter sido ofertados aos participantes.

Gaúchos de Santa Maria também viveram experiência de ser voluntário nas Olimpíadas

•Desistências Alguns voluntários abriram mão de sua participação nos jogos por diversos motivos que iam da estadia até a escala de trabalho. Com a desistência de outros voluntários, muitos tiveram seus turnos dobrados e muitas vezes não conseguiram fazer nem uma pausa para o almoço. Em Brasília, por exemplo, haviam aproximadamente 300 voluntários, trabalhando no início dos jogos, mas até o fim das atividades, menos de 200 pessoas restaram. Teve os que desistiram de

participar do evento por motivos como: desrespeito, alimentação e carga horária. Rodrigues conta que muitos voluntários desistiram por motivos financeiros e que outros, mesmo após os treinamentos recebidos, não tinham qualificação suficiente para desempenhar a função delegada, fato que o fez rodar por várias funções: recepção e orientação, controle de ingressos, deslocamento de pessoas com deficiências ou cadeirantes.

Kit recebido pelos voluntários

O

gaúcho, Gabriel Vieira, virou de última hora um voluntário nas Olimpíadas. O gaúcho, que é professor de handebol, foi árbitro em amistoso pré-olímpico de handebol entre Angola e Rússia. No Rio de Janeiro para auxiliar a delegação angolana feminina de handebol, o pelotense era responsável por toda a logística da equipe, auxiliando nos treinamentos, deslocamento e jogos. Na oportunidade, como os árbitros dos jogos estavam envolvidos com testes

físicos, as equipes precisaram improvisar na escolha do responsável pelo apito. A sugestão surgiu do técnico angolano que apontou para Gabriel, que, apesar do frio na barriga, topou o desafio. “São as oportunidades que aparecem com o voluntariado, que tanto dizem que não vale a pena. No fim, as equipes agradeceram a parceria e o técnico russo, que é famoso por ser muito bravo, disse obrigado e parabéns. Fiquei muito feliz.”, afirma Gabriel.

Voluntário Gabriel Vieira e o ex-árbitro russo Victor Poladenko

Seleção angolana de handebol teve voluntário gaúcho como árbitro em amistosos


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Incentivo para os portadores de deficiência Ricardo Janke

Odair Santos, primeira medalha brasileira de 2016, nos 1500 metros

A

pós a segunda guerra mundial, muitos soldados retornavam mutilados aos seus lares. Suas condições de saúde e autoestima nem sempre eram boas, pois na época era difícil a sua aceitação e inclusão na sociedade. Foi pensando nisso que surgiram iniciativas nos EUA e na Inglaterra no sentido de incentivar a prática de esportes entre os portadores de deficiência física. Na Inglaterra, o neurologista e neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann teve a ideia de fazer com que eles praticassem esportes dentro do hospital. Em 1948, o médico criou os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, aproveitando os XVI Jogos Olímpicos de Verão. A competição tornou-se cada vez mais popular atraindo competidores de vários países. Em 1958, quando a Itália se preparava para sediar as XVII Olimpíadas de Verão, Antonio Maglia, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia, propôs que os Jogos de Mandeville se realizassem em Roma, após as Olimpíadas. Em 1960, mais de 400 atletas, de vinte e três países se reuniam para competir em provas exclusivas para cadeirantes. Nascia então a primeira paralimpíada da história

•Atleta radical

•Depois das Olimpíadas, morrer Marieke Vervoort tem uma história impressionante. A atleta belga de 37 anos, que competirá nas provas de 100 e 400 metros é uma velocista que sofre de uma doença degenerativa que paralisa da cintura para baixo e que chocou o mundo ao formular um simples, mas macabro desejo – morrer depois dos Jogos Paralímpicos. Vervoort, que se sagrou campeã nos Jogos de Londres-2012, deseja realizar a eutanásia, por não aguentar a vida sofrida que leva: “O Rio é o meu último desejo. E espero acabar a carreira no pódio. Começo a pensar na eutanásia, sabendo que apesar da minha doença, vivi coisas que outros nem podem sonhar.”

Com o slogan “Todos tem coração” a cerimônia de abertura da paralimpíada do Rio abriu oficialmente os jogos, dia 7 de setembro, no Maracanã. O evento, assistido por mais de 50.000 pessoas, começou às 18h15 e durou mais de quatro horas. As competições se encerram no dia 18 de setembro. O atleta radical Aaron Fotheringham participou da abertura dos Jogos Paralímpicos, saltando com sua cadeira de rodas através de um arco de fogo, após descer por uma pista de skate. Uma cena fantástica, que deu as boas-vindas aos atletas e marcou a cerimônia de abertura.

•Odair Santos Com uma prata nos 5.000 metros logo no dia de estreia das Paralimpíadas, Odair Santos foi o responsável pela primeira medalha do Brasil nos Jogos. Ele ainda

•Paraolimpíada ou Paralimpíada? A mudança no termo foi determinada pelo Comitê Paralímpico Internacional (CPI), em 2011 e acatada pelas autoridades brasileiras. Porém, gerou controvérsia entre especialistas. Para linguistas a forma correta da escrita no português continua sendo Paraolimpíada, visto que, nem em nosso dicionário existe a nova grafia, porém, para os organizadores do evento a maneira correta para se referir aos jogos é paralimpíada. O Comitê Paralímpico reconhece que a razão da mudança é mercadológica, para que se evite utilizar o nome “Olímpico”, marca registrada do Comitê Olímpico Internacional.

ganhou mais uma prata nos 1500 metros.

•Matt Stutzman O norte-americano Matt Stutzman nasceu sem os braços e criou uma técnica de atirar usando apenas os pés e os ombros. Ele foi a grande atração do tiro com arco nessa edição da Paralimpíada. A cena rodou o mundo e certamente foi uma das mais marcantes da competição.

•Daniel Dias Daniel Dias foi o maior medalhista desta edição dos Jogos. Foram quatro ouros, três pratas e dois bronzes. O atleta foi também, o maior vencedor da natação paralímpica masculina na história, com 24 medalhas.


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Da Grécia ao Brasil Uma viagem através da chama olímpica

Pesquisa das olimpíadas: os principais atletas e o quadro de medalhas. De 1897 na Grécia até 2012 no Brasil.

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Confira os atletas que se destacaram em todas as Olimpíadas Juliano Vieira

1896

Atenas, Grécia

06/04 a 15/04: de início o Barão queria realizar a 1º edição dos jogos em 1.900 na capital francesa, marcando a virada do século. Porém, seus colegas delegados, o convenceram a promovê-la dali a dois anos e em Atenas, como homenagem ao pioneirismo dos gregos. O milionário arquiteto Georgius Averoff resolveu doar um milhão de dracmas que foi fundamental para que o evento se viabilizasse, reconstruindo até um estádio da Antiguidade, o Panatenaico, todo em mármore, especialmente para os Jogos.

PRINCIPAIS ATLETAS Spiridon Louis (Grécia) Foi o vencedor da maratona, a principal prova dos jogos daquele ano. Ao todo foram 17 competidores, 13 deles nascidos na Grécia. Os gregos não admitiam outro resultado se não a vitória e 100 mil pessoas lotavam o Estádio Panatenaico. Quando Louis entrou no estádio isolado na liderança, a vibração foi tanta que até os príncipes Constantino e George desceram das tribunas e lhe acompanharam até a linha de chegada. Surgia o primeiro grande herói olímpico que personificava os ideais amadores do Barão. Devido a sua vitória muitos comerciantes gregos lhe ofereceram presentes, dos quais ele apenas aceitou um cavalo e uma carroça, que usaria para facilitar o seu trabalho de pastor de cabras.

1900 Paris, França

20/05 a 28/10: os Jogos viveram sua primeira crise. Apesar dos gregos quererem Atenas como sede permanente, o Barão conseguiu levar os jogos para Paris, sua cidade. Porém, sem dinheiro pediu ajuda aos promotores da Exposição Mundial daquele ano. Péssima ideia. A Olimpíada virou um mero apêndice do evento e teve a marca da desorganização. As provas se arrastaram por cinco meses e eram anunciadas como “Encontro Internacional de Exercícios Físicos e Esportes”, não citando o termo “olímpi

Atletas: 245 (todos homens) Países: 14 Modalidades Esportivas: 9

James Connolly (EUA) Foi o primeiro campeão olímpico (foto ao lado). Ganhou o ouro no salto triplo com a marca de 13,71m. Mais tarde tornou-se escritor de renome. Spiridon Belokas (Grécia) Foi o responsável pela primeira fraude olímpica. Cruzou a linha de chegada da maratona em terceiro, mas descobriu-se que fez um trecho do percurso a bordo de carroça. Foi desclassificado.

Atletas: 1225 (1206 homens e 19 mulheres) Países: 26 Modalidades Esportivas: 17

PRINCIPAIS ATLETAS Ray Ewry (EUA) Vítima de poliomielite infantil, decidiu exercitar-se sozinho aos 10 anos, por isso, largou a cadeira de rodas e tornouse o maior especialista em saltos parados em distância, altura e triplo. A modalidade que foi extinta em 1.908 rendeu ao americano oito medalhas de ouro olímpicas.

1/07 a 23/11: o entusiasmo dos atletas americanos nas primeiras edições valeu aos EUA o direito de sediar a terceira Olimpíada. A sede inicial seria Chicago, mas trocou-se para Saint Louis devido as comemorações do centenário da compra deste estado pelos EUA e Saint Louis que também estaria abrigando a Exposição Mundial. No entanto os americanos fracassaram mais que os franceses na organização. A Inglaterra e a França boicotaram os Jogos e muitas provas só tiveram atletas americanos competindo, nem mesmo o Barão esteve presente.

Charlotte Cooper (Grã – Bretanha) A desorganização dos Jogos foi tanta que a britânica morreu sem saber que era a primeira campeã olímpica do tênis. Sua família só recebeu a notícia em 1.983, após um estudo do Comitê Olímpico dos EUA sobre os Jogos.

1904 Saint Louis, EUA

Alvin Kraenzlein (EUA) Foi o único a ganhar quatro medalhas de ouro em provas individuais no atletismo em uma só Olimpíada (60m, 110m, 200m, e salto em distância).

Atletas: 687 (681 homens e 6 mulheres) Países: 13 Modalidades Esportivas: 14


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PRINCIPAIS ATLETAS Thomas Hicks (EUA) Cruzou a linha de chegada da maratona 13 minutos atrás do vencedor Fred Loros, porém Hicks dedurou seu rival que percorreu uma parte do trajeto de caminhão e ficou com o ouro. Hicks também usou um outro artifício “extra campo”: doses de estricnina com ovo cru e conhaque para se recuperar de desmaios. Este pode ser considerado o primeiro caso de doping olímpico.

1908 Londres, Inglaterra

George Poage (EUA) Foi o primeiro negro a subir no pódio na história dos Jogos, ganhando bronze nos 400m com barreira.

De 22/04 a 02/05: herdou o direito de Roma de sediar os Jogos apenas dois anos antes da realização, devido a estragos causados pela erupção do vulcão Vesúvio na capital italiana. Sorte das Olimpíadas, pois pela primeira vez os Jogos foram bem organizados, já que os ingleses tinham experiência de promover eventos internacionais, como os torneios de tênis de Wimbledon e o Derby, tradicional corrida de cavalos. Além disso, a rainha Alexandra cultivava simpatia pelos esportes, tendo ido pessoalmente a vários eventos.

PRINCIPAIS ATLETAS Doando Itere (Itália) Sob um calor de 39 graus, o italiano iria vencer a maratona. De repente cambaleou e caiu cinco vezes. Cruzou a fita amparado pelos árbitros o que não era permitido, com isso foi desclassificado e a vitória ficou com Jonh Rabis, mas até hoje é mais lembrado que o próprio vencedor da prova.

Jim Thorpe (EUA) Ganhou ouro no decatlo e pentatlo e ainda jogou beisebol e futebol americano, basquete, tênis e handebol. Mas um jornal denunciou que Thorpe recebia para jogar beisebol, o que era proibido nas Olimpíadas. Suas medalhas foram cassadas. Morreu em 1953 e em 1982 o COI voltou atrás e devolveu as medalhas a seus filhos.

1916 De 20/04 a 12/09: os Jogos voltavam numa Europa arrasada pela Guerra. A Bélgica foi escolhida em consideração aos quatro anos de estrago causados pela ocupação alemã. Os derrotados na guerra foram impedidos de participar. A organização foi sofrível, já que os belgas preocupados em reconstruiu o país tinham outras prioridades. Mesmo assim foi erguido um estádio para 30 mil pessoas, piscinas e quadras foram construídas mas as instalações para os atletas eram precárias. Primeira participação do Brasil nos Jogos.

Atletas: 2.035 (1999 homens e 36 mulheres) Países: 22 Modalidades Esportivas: 21

Wyndham Haiswelle (Grã–Bretanha) O tenente inglês enfrentou três americanos na final, na entrada da reta assumiu a ponta junto com John Carpentier. Quando foi ultrapassá-lo, o americano o obstruiu com o corpo o que lhe gerou a desclassificação e a corrida foi remarcada. Com isso os americanos não quiseram correr e Haiswelle venceu a prova.

05/05 a 22/07: a véspera desta Olimpíada a Europa pressentia a proximidade da 1º Guerra Mundial, já que vários países trocaram farpas, porém a competência dos organizadores suecos fez esquecer a iminência do conflito. As instalações eram de primeira linha, destacando-se a piscina flutuante de 100 metros com água salgada. Pela primeira vez a tecnologia entrava em campo, com a cronometragem eletrônica e a fotografia na linha de chegada.

PRINCIPAIS ATLETAS

Ralph Rose (EUA) O arremessador de peso ganhou ouro debaixo de chuva e com os pés afundados na lama.

Duque de Westminster (Grã – Bretanha) Para agradar ao nobre britânico dono de uma lancha de 40 pés, organizou-se uma regata com barco a motor. O duque encalhou num banco de areia.

1912 Estocolmo, Suécia

Atletas: 2.547 (2.490 homens e 57 mulheres) Países: 28 Modalidades Esportivas: 13

Hannes Kolehmainen (Finlândia) Ganhou três ouros nos 5 mil, 10 mil e cross country. Ao receber as medalhas se revoltou ao ver hasteada a bandeira da Rússia, que na época dominava seu país.

Max Klein (Rússia) Brigou durante 11 horas na semifinal da luta greco-romana vencendo Alfred Asikainen, porém cansado não compareceu a final e ficou com a prata.

Não houve olimpíadas, devido a Primeira Guerra Mundial

1920 Antuérpia, Bélgica

Atletas: 2.669 (2.591 homens e 78 mulheres) Países: 29 Modalidades Esportivas: 13


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PRINCIPAIS ATLETAS Paavo Nurmi (Finlândia) Em três Olimpíadas ganhou nove medalhas de ouro e três de prata. Neste ano ganhou os 10 mil metros rasos e no cross country. Joseph Guillemot (França) Ganhou ouro nos 5 mil metros, era um sobrevivente da Primeira Guerra, onde gases quase o mataram nas trincheiras. Virou herói na França. Nedo Nadi (Itália) Ganhou cinco ouros, nas cinco provas que se inscreveu na esgrima.

Paavo Nurmi

BRASIL NOS JOGOS

Joseph Guillemot

Nedo Nadi

Foi a estreia competindo em natação, pólo aquático, saltos, tiro e remo. No tiro os americanos ficaram com pena do precário equipamento brasileiro e emprestaram arma e munição. Resultado: o tenente Guilherme Paraense ganhou o ouro na pistola de tiro. Afrânio da Costa ficou com a prata em pistola livre e a equipe brasileira ganhou o bronze.

1924 Paris, França

De 04/05 a 27/07: a pedido do Barão os Jogos voltaram para a França para apagar a má impressão deixada em 1900. O governo francês investiu 4 milhões de francos na construção de um estádio para 60 mil pessoas e alojamento de madeira. Do lado de fora duas novidades: cambistas ofereciam ingressos a preços maiores que os da bilheteria e ambulantes se amontoavam vendendo bugigangas com o tema dos Jogos. O comércio e o marketing esportivo faziam sua estréia nas Olimpíadas.

Atletas: 3.092 (2.956 homens e 136 mulheres) Países: 44 Modalidades Esportivas: 18

PRINCIPAIS ATLETAS Johnny Weissmuller (EUA) Austríaco naturalizado americano, o nadador ganhou os 100m, 400m e no revezamento 4x200m. Quatro anos depois ganharia mais duas medalhas de ouro. Harold Abraham e Eric Liddell (Grã-Bretanha) Vencedores dos 100m e 400m, os dois corredores viram suas histórias contadas no filme “Carruagens de Fogo”, Oscar em 1981. Seleção Uruguaia O time de futebol comemorou o ouro com a volta no estádio. O gesto deu origem a volta olímpica.

Johnny Weissmuller

BRASIL NOS JOGOS

Harold Abraham

Eric Liddell

O governo negou patrocínio e por pouco o Brasil não vai aos Jogos. O jornalista Américo Netto arrecadou verba na alta sociedade e recolheu o suficiente para enviar dez atletas que nada conseguiram.

1928 Amsterdã, Holanda

De 17/05 a 12/08: pela primeira vez os Jogos foram realizados somente com o dinheiro da “iniciativa privada”. Comerciantes ricos e um tipo de loteria inventado pelos organizadores bancaram o evento, já que a rainha da Holanda não apoiou os jogos por motivo religioso: a Igreja considerava os Jogos “pagão”. Nove anos depois do final da guerra, eram readmitidas a Alemanha, a Áustria, a Bulgária e a Hungria. O Brasil sem dinheiro não compareceu.

Atletas: 3.014 (2.724 homens e 290 mulheres) Países: 46 Modalidades Esportivas: 14

PRINCIPAIS ATLETAS Seleção Uruguaia Conquistou o bicampeonato olímpico que era considerado um verdadeiro campeonato mundial em cima da Argentina. Johnny Weissmuller (EUA) Conquistou o bicampeonato dos 100m nado livre, façanha só igualada pelo russo Popov em 1996. Arne Borg (Suécia) O sueco bateu 32 recordes mundiais, mas lhe faltava o ouro olímpico, que veio nos 1500m livre.

BRASIL NOS JOGOS

Sem dinheiro, não enviou nenhum atleta.

Seleção Uruguaia de 1928

Arne Borg


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1932 Los Angeles, EUA

PRINCIPAIS ATLETAS

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De 30/07 a 14/08: depois da crise econômica da Bolsa de Nova York em 1929 muito se duvidou da capacidade dos EUA para realizar os Jogos de 1932 podendo repetir Saint Louis em 1904. Muito pelo contrário, os americanos conseguiram dinheiro e os Jogos deram lucro. Porém muitos atletas não foram devido à distância, os que foram ficaram muito bem hospedados numa colina com restaurante, biblioteca e piscinas.

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Atletas: 1.408 (1.281 homens e 127 mulheres) Países: 37 Modalidades Espotivas: 14

Mildred “Babe” Didrinksen (EUA) Datilógrafa se destacou poucas semanas antes dos Jogos no campeonato dos EUA de atletismo. Foi ouro no arremesso de dardo e no 80m com barreiras, prata no salto em altura numa decisão discutida até hoje, devido à impugnação de um salto seu. Stanislawa Walasiewicz (Polônia) A polonesa venceu os 100m rasos. Morreu em 1980, vítima de uma bala perdida. Na autópsia descobriu-se que era homem. Kasuo Kitamura (Japão) Ganhou os 1500m nado livre, com apenas 14 anos. Mildred “Babe” Didrinksen

BRASIL NOS JOGOS

Stanislawa Walasiewicz

Kasuo Kitamura

Ao todo foram 82 atletas, o melhor resultado foi de Lúcio de Castro que ficou em 6º lugar no salto com vara. A nadadora Maria Lenk se tornou a primeira mulher sul americana numa Olimpíada. O time de polo aquático deu vexame: agrediu o árbitro e foi desclassificado.

1936 Berlim, Alemanha

PRINCIPAIS ATLETAS

De 01/08 a 16/08: realizar a Olimpíada para a Alemanha nazista era a chance para provar que a raça ariana, de fato, era superior. A começar pela organização, impecável. Na abertura dos Jogos, Adolf Hitler pediu 60 medalhas de ouro para seus atletas. Mas os negros americanos estragaram a festa do ditador ganhando todas as provas do atletismo. No hóquei, futebol e polo aquático os alemães também fracassaram. No final vitória alemã, mas com 33 medalhas de ouro apenas.

Jesse Owens (EUA) O velocista americano foi o maior nome dos Jogos de Berlim, ganhando 4 medalhas de ouro façanha só igualada por Carl Lewis. Acabou ridicularizando, com suas vitórias as teorias nazistas. Sam Stoller e Marty Glickman (EUA) Eram os dois únicos judeus da equipe de atletismo dos EUA e foram barrados no revezamento 4x200 metros, dois dias antes da final, o que pegou muito mal no mundo todo. Luz Long (Alemanha) Alheio ao preconceito, ajudou Jesse Owens a vencer o salto em distância aconselhando o atleta a tomar impulso longe da marca para não queimar sua última tentativa. Um gesto nobre que entrou para a história.

BRASIL NOS JOGOS

Intrigas políticas entre CBD E COB quase deixaram o país fora dos Jogos. Foi preciso a intervenção do presidente Getúlio Vargas para que o país mandasse 72 atletas. Mais uma vez o desempenho foi pífio.

Jesse Owens e Luz Long

1940 e 1944 De 29/07 a 14/08: doze anos depois, os Jogos voltam a ser realizados, e mais uma vez entre os escombros da Guerra. Londres foi escolhida porque não estava com a situação tão ruim quanto a das outras capitais européias. Mesmo assim não houve luxo, já que o governo precisava reconstruir o país. Alemanha e Japão, perdedores da guerra, ficaram de fora dos Jogos, assim como a União Soviética que se recuperava do conflito.

BRASIL NOS JOGOS

Atletas: 4.066 (3.738 homens e 328 mulheres) Países: 49 Modalidades Esportivas: 19

1948 Londres, Inglaterra

Sam Stoller e Marty Glickman

Não houve Jogos devido a Segunda Guerra Mundial

Atletas: 4.099 (3.714 homens e 385 mulheres) Países: 59 Modalidades Esportivas: 17

Viajaram 72 atletas para Londres sendo que 20 saíram das fileiras militares. A viagem mais organizada rendeu ao país a quebra do tabu de 28 anos sem medalha. A conquista veio através do Basquete com o bronze. Os destaques da equipe foram Algodão e Alfredo da Motta.

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20 Canoas, Rio Grande do Sul

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PRINCIPAIS ATLETAS Fanny Blankers-Koen (Holanda) Aos 30 anos e mãe de dois filhos, ganhou 4 medalhas de ouro no atletismo (nos 100m, 200m, 80m com barreira e revezamento 4x100m). Ela ainda era recordista mundial no salto em altura e distância, porém só era permitido as mulheres competir em três competições individuais. Karoly Takacs (Hungria) Ganhou o ouro na pistola de tiro rápido, mesmo tendo perdido a mão direita na Segunda Guerra e tendo que habilitar a mão esquerda para atirar. Bob Mathias (EUA) Com 17 anos conquistou o ouro no decatlo. Quatro anos depois repetiria o feito, façanha inédita.

1952 Helsinque, Finlândia

Bob Mathias

Fanny Blankers-Koen

19/07 a 03/08: foram os primeiros Jogos realizados sobre o aspecto da Guerra Fria, como ficou conhecido o conflito não declarado entre EUA e URSS. Até na Vila Olímpica foi dividida em duas. Os Jogos primaram pela organização e Paavo Nurmi foi homenageado acendendo a pia olímpica, um tapa de luva no COI, que o proibiu de disputar os Jogos de 1932, acusando-o de profissionalismo.

PRINCIPAIS ATLETAS

Karoly Takacs

Atletas: 4.925 (4.407 homens e 518 mulheres) Países: 69 Modalidades Esportivas: 17

Etienne Gailly (Bélgica) Entrou na volta final liderando a maratona, porém extenuado começou a cambalear na pista a 200 metros da chegada. Acabou terminando em terceiro. Emil Zátopek (Tchecoslováquia) Venceu os 5 mil, 10 mil metros e a maratona. Feito jamais igualado. Quatro anos antes já havia vencido os 10 mil metros e prata nos 5 mil. Ao todo em sua carreira ganhou 261 das 334 corridas que disputou. Viktor Chukarin (URSS) Ganhou seis medalhas em 1952, quatro de ouro e duas de prata na ginástica.

Etienne Gailly

Emil Zátopek

Viktor Chukarin

BRASIL NOS JOGOS

Até então o Brasil levara sua maior delegação com 107 atletas, o que resultou em três medalhas: Adhemar Ferreira da Silva ganhou ouro no salto triplo, batendo seu próprio recorde, José Telles da Conceição foi bronze no salto em altura e Tetsuo Okamoto ganhou bronze nos1500m nado livre.

1956 Melbourne, Austrália

22/11 a 08/12: foi a primeira Olimpíada a ser realizada no hemisfério sul e marcou o uso do esporte como instrumento de pressão. Foram muitos boicotes: China comunista (devido a participação de Taiwan), Egito, Líbano e Iraque se retiram em protesto a Israel. Espanha, Suíça e Holanda se uniram em boicote a invasão soviética na Hungria. Já a Alemanha interrompeu a guerra para participar dos Jogos, dividida em duas: Oriental e Ocidental.

Atletas: 3.342 (2.958 homens e 384 mulheres) Países: 72 Modalidades Esportivas: 17

PRINCIPAIS ATLETAS Vladimir Kuts (URSS) Sucessor de Emil Zátopek, venceu os 5 e 10 mil metros, morreu com apenas 48 anos devido a um ataque cardíaco provocado pelo excesso de treinos.

Larissa Latynina

BRASIL NOS JOGOS

Devido à falta de recursos para uma viagem tão longa e a índices olímpicos altos que o COB estabeleceu o Brasil enviou 44 atletas, apenas. Por mais uma vez, Adhemar Ferreira da Silva foi ouro batendo o novo recorde mundial, e se tornou o maior atleta brasileiro na história das Olimpíadas, já que ninguém igualou seu feito.Adhemar também foi o único a ganhar medalha pelo Brasil, em 1956.

Al Oerter (EUA) Inicia em 1956 um período absoluto no arremesso de disco, sendo ouro em quatro Olimpíadas consecutivas. Apenas Carl Lewis no salto em distância se igualou a Oerter nesta marca. Larissa Latynina (URSS) Inicia em Melbourne a série de conquistas que a levara a ser a maior ginasta feminina da história. Em três Olimpíadas ganhou 18 medalhas, sendo nove de ouro, cinco de prata e quatro de bronze.

Vladimir Kuts Adhemar Ferreira da Silva


Canoas, Rio Grande do Sul

1960 Roma, Itália

Ulbra Comunicação/Jornalismo

JORNAL ENSAIO

25/08 a 11/09: teve seu principal momento na maratona, com a chegada no Arco do Constantino, uma das relíquias da arquitetura antiga da cidade. Além disso, a prova foi realizada a noite e soldados com tochas tornaram o percurso mais impressionante. Não bastasse isso o vencedor da prova, o etíope Abebe Bikila fez o percurso descalço, tornando-se o primeiro corredor da África a vencer a maratona.

Março 2017

Atletas: 5.348 ( 4.738 homens e 610 mulheres) Países: 83 Modalidades Esportivas: 17

PRINCIPAIS ATLETAS

BRASIL NOS JOGOS

Abebe Bikila (Etiópia) Foi o primeiro de uma longa lista de africanos a vencer uma prova de grande percurso. Wilma Rudolph (EUA) Vítima de poliomielite, escarlatina e pneumonia dupla na infância, ganhou três medalhas de ouro no atletismo (100, 200 e revezamento 4x100 metros). Cassius Clay (EUA) Aos 18 anos, ainda era cristão (depois se converteria a religião muçulmana e se chamaria Muhammad Ali) quando foi campeão dos meio-pesados. Depois viria a ser um dos maiores lutadores da história.

Abebe Bikila

Muhammad Ali (Cassius Clay)

Equipe brasileira em 1960. Da esquerda para a direita, Algodão, Wlamir Marques, Edson Bispo, Amaury e Valdemar

25/08 a 11/09: tentando apagar a imagem de povo agressor deixada pela participação na Segunda Guerra, os japoneses realizaram seu sonho de 40 anos, que era sediar uma Olimpíada. Para isso foram investidos 3 bilhões de dólares na construção de estádios e em reformas gerais pelo governo. Além disso, foram introduzidas a cronometragem eletrônica que agregou o centésimo de segundo ao tempo dos atletas.

Atletas Participantes: 5.348 ( 4.738 homens e 610 mulheres) Países Participantes: 83 Modalidades Esportivas: 19

Com 80 homens e uma mulher, competindo em 14 esportes o Brasil conseguiu duas medalhas de bronze com Manuel dos Santos Jr, nos 100 metros nado livre, e no basquete masculino, num time que é considerado talvez o melhor do Brasil na história com Amaury, Wlamir, Algodão, Valdemar e Edson Bispo.

1964 Tóquio, Japão

PRINCIPAIS ATLETAS Dawn Fraser (Austrália) Se consagrou em Tóquio sendo tricampeã dos 100m livre, mas também é lembrada pelo seu comportamento rebelde quando roubou uma bandeira japonesa do palácio imperial o que lhe rendeu 4 anos de suspensão. Don Schollander (EUA) Deu show nas piscinas ganhando quatro medalhas de ouro. Anton Geesink (Holanda) Era questão de honra para os japoneses ganhar no judô que estreava nos Jogos. Mas o holandês calou o público vencendo por ippon Aki Kaminaga.

Dawn Fraser

Don Schollander

Anton Geesink

BRASIL NOS JOGOS

Foi mais um desempenho fraco. Com uma delegação de 69 atletas e apenas uma mulher, o resultado foi de uma medalha de bronze, conquistada pelo basquete, com a seleção mantendo a mesma base de quatro anos atrás.

1968

Cidade do México, México

12/10 a 27/10: numa altitude de 2 mil metros, os Jogos tiveram uma enxurrada de recordes e também protestos anti-raciais. Os negros do atletismo americano foram os responsáveis pelo protesto. Depois de vencer os 200m Tommie Smith e o medalha de bronze, John Carlos, subiram ao pódio com luvas negras e broches com slogans pró-direitos civis. Quando o hino começou a tocar fizeram uma saudação típica do Poder Negro – abaixaram a cabeça e ergueram o braço com o punho cerrado. Acabaram sendo expulsos da delegação.

Atletas: 5.531 (4.750 homens e 781 mulheres) Países: 112 Modalidades Esportivas: 18

PRINCIPAIS ATLETAS

BRASIL NOS JOGOS

Bob Beamon (EUA) Chegou ao México com uma marca incrível: 22 vitórias em 23 provas disputadas.Confirmou seu favoritismo e quebrou o recorde mundial, só superado em 1991. Tommie Smith e John Carlos (EUA) O protesto anti-racista de ambos depois da vitória, foi punido com intolerância. Dick Fosbury (EUA) Ganhou o ouro no salto em altura e revolucionou o esporte com o salto de costas.

Bob Beamon

Dick Fosbury, ao centro

Levou 83 atletas e voltou com três medalhas: uma de prata, com Nelson Prudêncio no salto triplo, sendo que nesta competição o recorde foi quebrado cinco vezes, uma delas por Nelson. Duas de bronze com Servilho de Oliveira, no boxe. Na categoria mosca e com os iatistas Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes na classe flying Dutcham.

21


22 Canoas, Rio Grande do Sul

Ulbra Comunicação/Jornalismo

1972

JORNAL ENSAIO

26/08 a 10/09: foi o momento mais triste da história olímpica. Na madrugada de 5 de setembro, terroristas do grupo palestino Setembro Negro invadiram o alojamento da delegação de Israel: dois israelenses mortos e nove tomados como reféns. No início da noite, a polícia anunciou que tinha chegado a um acordo com os terroristas e três helicópteros pousaram na Vila Olímpica para levar os sequestradores e reféns ao aeroporto. Porém, quando os palestinos tocaram o solo um grupo de atiradores camuflados começaram a atirar e um dos sequestradores lançou uma granada dentro do helicóptero. Saldo final: 11 atletas, 5 terroristas e 1 policial mortos. Apesar disso o COI resolveu iniciar os Jogos na manhã seguinte, onde foi tocada a marcha fúnebre e a bandeira hasteada a meio pau.

Munique, Alemanha

PRINCIPAIS ATLETAS Mark Spitz (EUA) Depois de levar dois ouros no México, o americano ganhou mais sete medalhas de ouro em Munique. De quebra, derrubou o recorde mundial em todas as provas.

Atletas: 7.163 (6.659 homens e 2.708 mulheres) Países: 159 Modalidades Esportivas: 25

BRASIL NOS JOGOS

Mais uma vez o Brasil não foi bem, ganhando apenas duas medalhas de bronze, com Nelson Prudêncio no salto triplo e com Chiaki Ishii no judô, na categoria meio pesado.

Seleção de basquete (URSS) Derrotou os EUA (51-50) na final mais polêmica da história do basquete, já que o presidente da Federação Internacional mandou voltar os 3 últimos segundos, onde os soviéticos fizeram a cesta da vitória. Os EUA recusaram a prata. Ulrike Meyfarth (Alemanha) Campeã do salto em altura aos 16 anos, se tornou a mais jovem atleta a ganhar uma prova do atletismo. Doze anos depois foi também a mais idosa a vencer uma prova.

Março 2017

Mark Spitz

17/07 a 01/08: depois do incidente ocorrido em Munique, os canadenses priorizaram a segurança. Mas desta vez, os problemas vieram pelo boicote dos países africanos e da China comunista, totalizando 25 países ausente das Olimpíadas. Com isso os Jogos perderam força.

Ulrike Meyfarth

1976 Montreal, Canadá

Atletas: 6.028 (4.781 homens e 1.247 mulheres) Países: 92 Modalidades Esportivas: 21

PRINCIPAIS ATLETAS Nadia Comaneci (Romênia) A ginasta conseguiu tirar a primeira nota dez da história dos Jogos. Ela ainda ganharia duas medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Alberto Juantorena (Cuba) Foi o primeiro atleta a vencer os 400m e os 800m numa mesma Olimpíada. Antes dos Jogos tinha feito duas operações nos pés.

Nadia Comaneci

Alberto Juantorena

Viktor Saneyev (URSS) Pela terceira vez seguida ganhou ouro no salto triplo.

Viktor Saneyev

BRASIL NOS JOGOS

O Brasil participou em 13 modalidades com 93 atletas sendo sete mulheres, ganhou duas medalhas de bronze com João do Pulo que um no antes havia batido o recorde mundial do salto triplo, porém teve pela frente o soviético Viktor Saneyev que ganhou o terceiro ouro seguido. A outra medalha veio do iatismo com Peter Ficker e Reinaldo Conrad conquistado na classe Flying Dutcham. Conrad já havia ganhado bronze em 68, mas com outro parceiro.

1980 Moscou, Russia

19/07 a 03/08: o uso político do esporte chegou ao Maximo na década de 80 comandadas pelas superpotências. Em 1980, o presidente do EUA, Jimmy Carter, comandou o boicote de 63 países em protesto a invasão soviética ao Afeganistão. Sem adversários, os soviéticos “sobraram” na competição conquistando 80 medalhas de ouro. A competição primou pela organização e beleza das festas de abertura e encerramento, onde o mascote Misha ficou conhecido em todo o mundo ao deixar uma lágrima cair no final da festa.

Atletas: 5.217 (4.092 homens e 1.125 mulheres) Países: 80 Modalidades Esportivas: 21

BRASIL NOS JOGOS

PRINCIPAIS ATLETAS

Não aderindo ao boicote dos EUA, o governo militar mandou sua maior delegação até então: 109 atletas (15 mulheres). Pela primeira vez o Brasil ganhou duas medalhas de ouro, ambas no iatismo: com Lars Bjorkstrom e Alex Welter na classe Tornado com duas regatas de antecedência e Marcos Soares e Eduardo Penido na classe 470. O Brasil ganhou duas medalhas de bronze no revezamento 4x200m livre e com João do Pulo novamente.

Vladimir Salnikov (URSS) Foi o primeiro nadador a baixar de 15 minutos o tempo nos 1500 metros, ganhando a medalha de ouro. Alexander Dityatin (URSS) O ginasta foi o primeiro a tirar nota dez na ginástica masculina na história, e também foi o primeiro atleta a ganhar oito medalhas, numa só Olimpíada. Teófilo Stevenson (Cuba) O boxeador ganhou o terceiro ouro consecutivo na categoria dos pesados, porém nunca se profissionalizou. Wladyslaw Kozakiewicz (Polônia) Debaixo das vaias da torcida russa, venceu o salto com vara e mandou uma banana histórica para os soviéticos.

Vladimir Salnikov

Alexander Dityatin


Canoas, Rio Grande do Sul

Ulbra Comunicação/Jornalismo

1984

28/07 a 12/08: em retaliação à ausência dos países capitalistas, a URSS comandou um boicote de 17 nações aos Jogos de Los Angeles. Foi uma Olimpíada de grandes patrocinadores como a Coca-Cola e o McDonald’s que gastaram milhões na estrutura do evento. A festa de abertura mostrou o poderio do avanço tecnológico, quando um homem voou sobre a arquibancada e pousou no gramado.

Los Angeles, EUA

Atletas: 6.797 (5.230 homens e 1.567 mulheres) Países: 140 Modalidades Esportivas: 21

PRINCIPAIS ATLETAS

BRASIL NOS JOGOS

Carl Lewis (EUA) Igualou a façanha de Jesse Owens em Berlim -1936 ao conquistar quatro medalhas de ouro nos 100m, 200m, 4x100m e salto em distância.

Levando 151 atletas dos quais 22 eram mulheres, foi beneficiado com a ausência de várias potências esportivas. O Brasil conseguiu sua melhor participação até então com oito medalhas. A única de ouro foi de Joaquim Cruz nos 800m, numa vitória tranquila, ele chegou cinco metros a frente do segundo lugar. Joaquim ainda estabeleceu o novo recorde. Foram conquistadas cinco medalhas de prata: Ricardo Prado nos 400m quatro estilos, Douglas Vieira no judô meio-pesado, no vôlei masculino (geração Montanaro, Bernard, Renan...), no futebol masculino e no iatismo com Torben Grael na classe Soling, junto com Daniel Adler e Ronaldo Senfft. As outras duas medalhas foram de bronze, com Luis Onmura no judô peso-leve e Walter Carmona foi bronze nos médios.

Gabrielle Andersen - Schelss (Suíça) A imagem da maratonista cambaleando a poucos metros da linha de chegada, observada na pista pelos médicos, tornou-se o clássico das Olimpíadas. Terminou apenas em 37º, mas seu esforço para cruzar a linha entrou para a história. Ecaterina Szabó (Romênia) Não teve muito destaque pela imprensa, porém ganhou quatro medalhas de ouro e uma de bronze, melhor até que Carl Lewis.

Atletas 8.465 ( 6.279 homens e 2.168 mulheres) Países: 159 Modalidades Esportivas: 23

Gabrielle Andersen - Schelss

17/09 a 02/10: após duas edições esvaziadas pela ausência de americanos e de soviéticos, Seul marcou o retorno do alto nível técnico, foram 27 recordes quebrados. O lema era “harmonia e progresso”. Harmonia na Vila Olímpica onde as delegações de EUA e URSS conviviam bem. Progresso por toda parte, era o auge do desenvolvimento econômico asiático.

Florence Griffith – Joyner (EUA) Ganhou três medalhas de ouro, nos 100 m e 200m rasos, 4x100 e ainda levou prata no 4x400m. Seus recordes dos 100m e 200m permanecem até hoje. Muitos acreditavam, pela sua força, que ela corria dopada, mas nada foi provado. Kristin Otto (Alemanha) Ganhou seis medalhas de ouro, quatro individuais e duas por equipe. Muitos a acusam de competir dopada.

Barcelona, Espanha

PRINCIPAIS ATLETAS

Ben Johnson

Kristin Otto

24/07 a 09/08: os Jogos foram marcados pela nova ordem mundial geográfica, já que Estônia, Lituânia, Bósnia, Iugoslávia, Croácia, Macedônia, Eslovênia, competiram pela mesma bandeira. A África do Sul voltou aos jogos depois do apartheid. A Rússia e mais 11 ex-repúblicas soviéticas formaram a Equipe Unificada. Pela primeira vez os astros da NBA puderam jogar uma Olimpíada e deram show.

Atletas: 9.376 (6.659 homens e 2.708 mulheres) Países: 159 Modalidades Esportivas: 25

Dream Team (EUA) O time de Magic Johnson, Michael Jordan e cia deu show, ganhou a medalha de ouro e promoveu o basquete profissional americano. Não deram bola para o espírito olímpico, não ficaram na Vila Olímpica e criaram caso com o material esportivo, já que muitos atletas eram patrocinados pela Nike e não queriam estampar o nome da Reebok. No final subiram ao pódio enrolados com a bandeira americana e resolveram o problema.

BRASIL NOS JOGOS

Levou 83 atletas e voltou com três medalhas: uma de prata com Nelson Prudêncio no salto triplo, sendo que nesta competição o recorde foi quebrado cinco vezes, uma delas por Nelson. Levou também duas de bronze com Cervídeo de Oliveira no boxe, na categoria mosca e com os iatistas Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes, na classe flying Dutcham.

Vitali Scherbo (Bielorússia) O ginasta ganhou seis ouros para a CEI: barras paralelas, exercícios combinados, salto sobre cavalo, cavalo com alças, argola e nos exercícios combinados por equipes. Kevin Young (EUA) Foi o primeiro homem a correr os 400m com barreiras em menos de 47s e foi o único a quebrar marcas mundiais na prova individual, nos jogos de 92.

Seul, Coréia do Sul

Competiu em 21 esportes com 174 atletas, sendo 35 mulheres. Ganhou seis medalhas, mas seu desempenho foi inferior a 84, quando ganhou oito medalhas, porém em Seul não houve boicote e o nível da competição foi superior ao anterior. Foi um ouro conquistado pelo judoca Aurélio Miguel, na categoria meio-pesado vencendo a final devido a seu adversário, o alemão Marc Meilling travar a luta. Foram duas pratas: com o futebol masculino (repetindo 1984) e Joaquim Cruz nos 800m rasos. As medalhas de bronze foram por conta de Lars Grael e Clínio de Freitas na classe Tornado, por Torben Grael e Nelson Falcão na classe Star e Robson Caetano nos 200m rasos.

Ben Johnson (Canadá) Bateu o novo recorde mundial nos 100m rasos deixando Carl Lewis para trás, porém o exame acusou antidoping. Perdeu a medalha e o recorde foi anulado.

1992

1988

BRASIL NOS JOGOS

PRINCIPAIS ATLETAS

Tabas Darnyi (Hungria) Cego de um olho desde um acidente sofrido na infância, o nadador húngaro foi ouro nos 400m quatro estilos.

Março 2017

JORNAL ENSAIO

Dream Team

Vitali Scherbo

23


24 Canoas, Rio Grande do Sul

1996 Atlanta, EUA

Ulbra Comunicação/Jornalismo

19/07 a 04/08: Atlanta surpreendeu ao derrotar Atenas na escolha da sede dos Jogos Olímpicos do Centenário. Houve muito suspeita de corrupção, mas nada foi provado. Tendo a Coca-Cola sua sede em Atlanta, ela bancou grande parte da infra-estrutura. Ao todo foram 11 milhões de ingressos vendidos e 3,5 bilhões de pessoas assistindo pela TV. Foi uma Olimpíada que impressionou demais pela comercialização, mas por outro lado teve falhas na organização: o trânsito foi caótico, o novo sistema eletrônico apresentou falhas e a segurança não evitou que uma bomba explodisse num show no Parque Centenário, que reunia 2 mil pessoas, morrendo uma pessoa.

PRINCIPAIS ATLETAS

Com uma delegação de 225 atletas (66 mulheres), o Brasil fez sua melhor participação na história ganhando 15 medalhas, sendo 3 de ouro, 3 de prata e 9 de bronze. Ouro – Jaqueline e Sandra no vôlei de praia (primeiras mulheres brasileiras a ganhar medalha), Robert Scheidt (foto) na classe Lazer e Torben Grael e Marcelo Ferreira na classe star; Prata - Adriana e Mônica no vôlei de praia, basquete feminino e Gustavo Borges nos 200m; Bronze – Revezamento 4x100 no atletismo, Gustavo Borges nos 100m nado livre, futebol masculino, Lars Grael e Kiko Pelicano na classe Tornado, Aurélio Miguel e Henrique Guimarães no judô, Fernando Scherer nos 50m nado livre, vôlei feminino, hipismo por equipes.

Michael Johnson (EUA) Foi a estrela das pistas, ganhando os 200m e 400m, feito inédito. E ainda quebrou o recorde mundial dos 200m com 19s32. Marie-José Perec (França) Foi à versão feminina de Michael Johnson ganhando os 200m e os 400m.

2000

Sidney, Austrália

Atletas: 10.700 (7000 homens e 3.700 mulheres) Países: 196 Modalides Esportivas: 26

BRASIL NOS JOGOS

Alexander Popov (Rússia) Igualou o feito de Johnny Weissmuller em 1928 e se tornou bicampeão dos 100m nado livre. De quebra foi bi também nos 50 metros.

Kerri Strug (EUA) Mesmo com o tornozelo imobilizado, a ginasta americana efetuou o segundo salto sobre o cavalo para ajudar a sua equipe a chegar ao ouro.

Março 2017

JORNAL ENSAIO

Kerri Strug

12/09 a 30/09: é considerada a melhor e mais bem organizada Olimpíada até agora. Os australianos foram impecáveis em todos os sentidos, desde a abertura e, também, no uso de moderna tecnologia. Até o encerramento dos jogos não houve falhas. O único destaque negativo foi a participação brasileira que não trouxe nenhum ouro.

Atletas:10.651 (6.582 homens e 4.069 mulheres ) Países Participantes: 200 Modalidades Esportivas: 28

PRINCIPAIS ATLETAS Ian Thorpe (AUS) Com o seu maior revolucionário, o nadador de apenas 17 anos levou três medalhas de ouro: 400m nado livre, revezamento 4x100m e revezamento 4x200m e ainda levou prata nos 200m nado livre. Maurice Greene (EUA) Venceu a prova mais veloz do atletismo os 100m rasos e também faturou ouro no revezamento 4x100. No atual momento é considerado o mais veloz do atletismo. Marion Jones (EUA) Sem dúvida foi o grande nome feminino dos Jogos faturando três de ouro nos 100m, 200m e revezamento 4x400m, e foi bronze no salto em distância e no revezamento 4x100, numa corrida fantástica, pois quando pegou o bastão os EUA estava em 5º lugar, e Marion na reta final conseguiu a medalha.

Ian Thorpe

Marion Jones

BRASIL NOS JOGOS

Foram enviados 205 atletas (94 mulheres). O COB nunca investiu tanto em uma delegação, porém o resultado não foi dos melhores, apesar de 12 medalhas, o Brasil não ganhou nenhum ouro, nem nos esportes que despontava como franco favorito, como o vôlei de praia e o futebol. Prata: Adriana Behar e Shelda (foto) no vôlei de praia; Zé Marco e Ricardo no vôlei de praia, revezamento 4x100 no atletismo, Tiago Camilo e Carlos Honorato no judô, Robert Scheidt na classe Laser. Bronze: vôlei feminino, Sandra e Adriana no vôlei de praia, basquete feminino, hipismo por equipes, revezamento 4x100 na natação e Torben Grael e Marcelo Ferreira na classe Star.

2004

Atenas, Grécia

11/08 a 29/08: após 108 anos da primeira Olímpiada da Era Moderna, os Jogos voltaram a Atenas. A edição ficou marcada pelo atraso em relação às obras e reformas dos prédios. Alguns locais em que foram disputadas a Olímpiada de 1896 como o estádio de Olímpia e o trajeto da maratona foram repetidas nesta edição. Pela primeira vez na história, transexuais foram liberados para participar dos Jogos Olímpicos, com a condição de que os hormônios presentes em seus corpos não os favorecessem durante as provas.

Atletas: 10.625 atletas (6.296 homens e 4.329 mulheres) Países: 201 Modalidades Esportivas: 28


Ulbra Comunicação/Jornalismo

Canoas, Rio Grande do Sul

JORNAL ENSAIO

PRINCIPAIS ATLETAS

BRASIL NOS JOGOS

Foram enviados 247 atletas (125 homens e 122 mulheres) que conquistaram dez medalhas, sendo cinco de ouro (um recorde até então). Rodrigo Pessoa, montando Baloubet de Rouet e levou o ouro. No entanto, o maior destaque foi para o bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima. O Brasil não competiu em apenas dez modalidades. Ouro: Rodrigo Pessoa (vôlei masculino), Emanuel e Ricardo (vôlei de praia), Robert Scheidt (vela), Marcelo Ferreira e Torben Grael (vela). Prata: Adriana Behar e Shelda (vôlei de praia) e futebol feminino. Bronze: Vanderlei Cordeiro de Lima (maratona), Leandro Guilheiro (judô) e Flávio Canto (judô).

Michael Phelps (EUA) O nadador americano começaria sua trajetória para se tornar o maior atleta olímpico da história. Nesta edição foram seis medalhas de ouro e duas de bronze. Birgit Fischer (ALE) Tornou-se a primeira mulher a conquistar medalhas de ouro em seis edições de Jogos Olímpicos, com duas conquistas na canoagem. Vanderlei Cordeiro de Lima (BRA) O maratonista brasileiro foi empurrado para fora da pista pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan, enquanto liderava a prova. Vanderlei conseguiu voltar a prova e conquistou o bronze. Pelo espírito esportivo demostrado, Vanderlei recebeu a Medalha Pierre de Coubertin, honraria concedida pelo Comitê Olímpico Internacional.

2008

Vanderlei Cordeiro de Lima

8 a 24/8: a China foi a 22ª nação a sediar os Jogos na história. Para realizar o evento, o governo chinês investiu pesado: mais de US$ 42 bilhões. Apesar de inúmeros protestos, a edição foi um sucesso de organização. Na parte esportiva foram quebrados 43 recordes mundiais e 132 recordes olímpicos com os donos da casa superando os norte-americanos no quadro de medalhas.

Pequim, China PRINCIPAIS ATLETAS

Usain Bolt (JAM) Tornou-se o primeiro atleta a vencer os 100m, os 200m e o revezamento 4x100 metros masculino numa mesma edição dos Jogos. Ele ainda quebrou os recordes mundiais das três provas.

Michael Phelps

Valentina Vezzali (ITA) A esgrimista italiana tornou-se a primeira tricampeã olímpica da modalidade, em todas as armas. Valentina Vezzali

Londres, Inglaterra

A vigésima participação brasileira nas Olímpiadas foi representada por 277 atletas (132 mulheres e 145 homens) que participaram de 24 modalidades. Após 16 anos, o Brasil voltou a ganhar ouro no atletismo com Mauren Maggi no salto em distância. César Cielo ganhou a primeira medalha de ouro da natação brasileira. Ouro: Mauren Maggi (salto em distância), César Cielo na natação. Prata: futebol feminino, Robert Scheidt e Bruno Prada (vela), Márcio e Fábio (vôlei de praia) e vôlei masculino. Bronze: futebol masculino, Ketleyn Quadros (judô), Tiago Camilo (judô), Leandro Guilheiro (judô), César Cielo (natação), Natália Falavigna (taekwondo), Fernanda Oliveira e Isabel Swan (vela), Emanuel e Ricardo (vôlei de praia) e re- César Cielo vezamento 4x100 feminino.

27/7 a 12/8 – ao realizar a 31° edição das Olímpiadas, a capital inglesa se tornou a primeira cidade a sediar três vezes os Jogos Olímpicos. Em relação a Pequim, teve dois esportes a menos. A edição ficou marcada pela organização e foi a primeira vez na história que todas as delegações tiveram atletas femininas.

Michael Phelps (EUA) Se tornou o primeiro tricampeão da mesma prova na natação, após conquistar o ouro nos 200 metros medley. No dia seguinte, ele conquistou mais um tricampeonato, desta vez nos 100 metros borboleta. Ian Millar (CAN) O cavaleiro entrou para a história dos Jogos Olímpicos, ao participar de sua décima olimpíada.

Atletas: 10.200 atletas (4.620 mulheres e 5.580 homens) Países: 204 Modalidades Esportivas: 32

BRASIL NOS JOGOS

A delegação brasileira, que participou das Olimpíadas de Londres, foi composta por 259 atletas. Foram 136 homens e 123 mulheres que disputaram 32 modalidades olímpicas. A primeira medalha brasileira na ginástica foi conquistada por Arthur Zanetti nas argolas. A boxeadora Adriana Araújo conquistou a 100ª medalha olímpica brasileira. Ouro: Sarah Menezes (judô), Arthur Zanetti (argolas) e vôlei feminino. Prata: Thiago Pereira (natação), Alison e Emanuel (vôlei de praia), Esquiva Falcão (boxe), futebol masculino e vôlei masculino Bronze: - Mayra Aguiar (judô), Rafael Silva (judô), César Cielo (natação), Robert Scheidt e Bruno Prada (vela), Felipe Kitadai (judô), Adriana Araújo (boxe), Juliana e Larissa (vôlei de praia), Yamaguchi Falcão (boxe) e Yane Marques (pentatlo moderno).

PRINCIPAIS ATLETAS

Michael Phelps

Arthur Zanetti Ian Millar

Atletas: 10.942 atletas (4.637 homens e 6.305 mulheres) Países: 204 Modalidades Esportivas: 28

BRASIL NOS JOGOS

Michael Phelps (EUA) O nadador americano se tornou o maior campeão olímpico da era moderna ao conquistar mais oito medalhas de ouro. Ainda bateu sete recordes mundiais e um olímpico.

2012

Março 2017

25


Canoas, Rio Grande do Sul

Ulbra Comunicação/Jornalismo

JORNAL ENSAIO

Março 2017

Cenas brasileiras

Arthur Zanetti em sua apresentação na disputa pelo bi Olímpico. O ginasta ficou com a prata e comemorou o resultado por estar entre os melhores do mundo, nas argolas.

A equipe da ginástica rítmica brasileira deu show e conquistou a medalha de ouro, consagrando as atletas como penta campeãs da modalidade.

Usain Bolt, atleta jamaicano, encerrou sua história Olímpica com o terceiro ouro nas provas de velocidade,no Rio.

Nos pênaltis, o sonho de chegar a final Olímpica das meninas do futebol brasileiro acabou.

Com uma história de vida surpreendente, Rafaela Silva, judoca peso-leve (até 57kg), conqusitou a segunda medalha do Brasil nos jogos.

Os canoístas Isaquias Queiroz e Erlon de Souza conquistaram a medalha de prata na prova C2 1000 metros.

Neymar (centro) bateu o último pênalti e deu o título inédito para a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A medalha de ouro veio em cima do rival da Copa, a Alemanha.


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