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Controle antidoping na Olimpíada registra poucos casos e é um sucesso

Cardiologista comenta trabalho realizado nos Jogos e explica como são usadas as duas substâncias dopantes mais usadas por muitos jovens: anabolizantes e GH. Leia

Por São Paulo

Ótimas notícias dos Jogos Rio 2016: poucos casos de doping foram confirmados - sete até o momento, e alguns exames mais prolongados ainda estão em andamento. O provável motivo, segundo o Dr. Eduardo De Rose, médico brasileiro membro da Wada (Agência Mundial Antidoping) e responsável pelo controle antidoping dessa Olimpíada, foram os controles de surpresa prévios e agendados dos atletas pré-selecionados em todo o mundo, além das duras punições dos atletas russos.

O trabalho médico brasileiro foi perfeito e sem problemas. Vamos explicar como são usadas duas substâncias dopantes, infelizmente as mais usadas por muitos jovens:

Frascos e material usado na coleta de urina e sangue em exames de doping (Foto: Vicente Seda)Frascos e material usado na coleta de urina e sangue nos exames antidoping no Rio 2016 (Foto: Vicente Seda)


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Esteroides anabolizantes

Os esteroides anabolizantes não conseguem melhorar o desempenho no curto prazo. Eles são usados meses antes do evento, e se uma prova está agendada, eles são interrompidos um mês antes. Os esteroides anabólicos são derivados sintéticos da testosterona, hormônio sexual masculino e atuam por ligação a receptores específicos no interior de uma célula para aumentar ou inibir os genes específicos. Os efeitos androgênicos (masculinizantes) incluem aumento de pelos no corpo, pele oleosa, acne, hipertensão arterial e alterações nos níveis de colesterol ruim (LDL). Nas mulheres, a atrofia das mamas, amenorreia, aumento de pelos faciais, e calvície de padrão masculino.

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Serhii Tarnovskyi  pego no doping (Foto: Reuters)Rival de Isquias Queiroz, Tarnovskyi, da Moldávia, foi um dos flagrados no antidoping (Foto: Reuters)

Hormônio de crescimento (GH)

 O hormônio de crescimento (GH) é secretado pela glândula hipófise. A principal função é a de manter as taxas de crescimento normais, desde o nascimento até que a altura adulta seja atingida. O GH é utilizado por atletas que estão tentando aumentar a massa magra e diminuir o tempo de recuperação. Embora o tamanho do músculo possa aumentar, não há nenhuma evidência de aumento da força muscular. Muitos atletas acreditam que o uso do GH irá dar-lhes os mesmos efeitos que os esteroides anabólicos, sem o risco de o medicamento ser detectado ou terem os mesmos efeitos secundários adversos. Na verdade, ele tem seus próprios e graves efeitos colaterais, desde enxaqueca; crescimento das amigdalas, das mãos, pés e face; hipertrofia do coração, fígado, baço e rins; neuropatia periférica; diabete; hipertensão arterial; doença cardiovascular prematura; impotência; osteoporose; e pólipos no cólon.

O uso de drogas para melhorar o desempenho por atletas em competições esportivas é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. O público quer ter a certeza que todos os atletas estão livres de drogas e não correm o risco de danos graves ou morte. Essas drogas são uma terrível ameaça à saúde das crianças que enxergam os atletas como modelos e imitam o seu comportamento. Por tudo isso é que cumprimentamos a equipe médica do controle antidoping, de tarefa muito delicada e fundamental para a credibilidade do esporte.

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*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

EuAtleta Nabil Ghorayeb Cardiologia Especialista (Foto: EuAtleta)



NABIL GHORAYEB
Doutor em Cardiologia pela FMUSP, Especialista em Cardiologia e Medicina do Esporte, chefe do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital do Coração, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, além de ter recebido o Prêmio Jabuti de Literatura em 2000. www.cardioesporte.com.br